Sunday, July 19, 2009

Ipiranga, com atraso e com amor


Já faz duas semanas que corremos a prova dos Bombeiros, disputada no dia 5 de julho neste ano, mas ainda vale o registro. Já escrevi antes e repito: cada corrida tem seus desafios e encantos, mas algumas são incomparáveis, e a prova do Ipiranga é especial por vários aspectos.

Primeiro, por não ser disputada nos tradicionais trajetos que incluem Cidade Universitária ou arredores do Ibirapuera. Só o fato de ir até o Ipiranga já oxigena as ideias. No meu caso, é sempre uma viagem no tempo - me faz recordar o período em que eu ia para o trabalho, em São Bernardo do Campo, de carona com meu pai, e passávamos todos os dias pelo Ipiranga. O relato mais completo dessas reminiscências está no post sobre a corrida do ano passado.

Outro diferencial da prova dos Bombeiros está no percurso cheio de altos e baixos do Ipiranga. Largamos ao lado do Museu, bem em frente ao Grupamento de Bombeiros (2 de julho é o Dia do Bombeiro, por isso essa prova da Corpore é sempre disputada nessa época do ano). Dali, seguimos em discreta subida pela avenida Nazareth. Viramos à esquerda e começamos a descer. Descida pra valer na rua Bom Pastor, chegando à avenida D. Pedro, belo logradouro com muitas árvores em ambos os lados. Um pequeno desvio até a Avenida Teresa Cristina, voltando à D. Pedro e, desafio dos desafios, subindo novamente a Nazareth, uma escalada de mais de um quilômetro. Refazemos o trecho inicial, passando novamente pelos Bombeiros, virando novamente à esquerda e à esquerda novamente, encerrando bem em frente ao Museu.

Estava bem frio antes da prova, mas nem por um instante pensei em lançar mão de calças compridas para correr. Sei que o arrepio de antes da largada logo cede lugar ao calor, antes do primeiro quilômetro. Como tenho relatado aqui, meus treinos neste ano estão muito menos disciplinados que em anos anteriores, por falta de tempo. Por isso, nem projetei um tempo ideal para esta corrida. Não me dei ao trabalho nem de olhar o tempo registrado no ano passado, para evitar mais pressão.

A turma da Equipe Conexão, sob o comando do técnico Zé Eduardo Pompeu, esteve em número expressivo nesta prova. Henry, o "do mal", como sempre liderando nosso pelotão, com seu preparo de triatleta. Nilton, meu cordial oponente palestrino, mantendo um ritmo muito forte em 2009. E mais: Henry, o "bonzinho", Fábio, Lara, Zoca, Pati, Dafine, Alê Carioca, Hiba e Ammar. Aliás, Bombeiros é a prova do coração para o Ammar, que fez sua estreia como corredor em uma prova dessa, dois anos atrás.

Cheguei cedo ao Ipiranga, pois um problema crônico do lugar é a dificuldade para estacionar. Para-se o carro na rua, o que nem é tão difícil. Difícil, ou impossível, é escapar dos flanelinhas que se oferecem para "tomar conta" dos veículos. E lá se foram R$ 20,00 (sim, R$ 20,00!) para deixar meu carro na rua. E dei-me por feliz ao voltar, depois da prova, e encontrar o possante inteiro pois, no ano passado, saindo de lá, notei que haviam tentado arrombar a fechadura da porta do passageiro. Anyway...

Larguei sem nenhuma meta de tempo na cabeça e prometi só começar a fazer contas depois da metade da prova. Os cinco quilômetros chegam na parte mais baixa do percurso, lá na D. Pedro. Para fazer uma projeção a partir daquele trecho, é preciso lembrar que o pior está por vir, com a subida da Nazareth. Atingi os 5 km com 26 minutos de prova e uns quebrados. Se eu conseguisse apenas dobrar este tempo, já me daria por feliz, considerando que teria de subir tudo o que já tinha descido. E me concentrei nesse objetivo. O intervalo entre os quilômetros 5 e 6 é feito todo no plano, o que me permitiu aumentar significativamente a velocidade. Ganhei ali o que perderia entre os quilômetros 6,5 e 8.

Na subida da Nazareth, Zé esperava cada integrante da equipe. Momento crucial da prova, uma palavra de incentivo do técnico sempre é um turbo poderoso. Quando passei novamente pelo palanque em frente ao Corpo de Bombeiros, o repórter Alex Muller, da Bandeirantes e tradicional animador das provas da Corpore, dizia ao microfone suas frases e gracejos. Aproveitei para tirar o boné e exibir a bandana do Corinthians que havia colocado, só para fazer graça com meu técnico são-paulino. Acenei para Muller e mostrei a bandana. Pois ele pareceu ter combinado a anti-piada com o próprio Zé - "Olha lá a são-paulina!". Desaforo...

Terminei os 10 km com 52min52, três minutos acima do meu tempo de 2008. Não foi o tempo dos sonhos, mas também não foi uma grande decepção, pois eu sabia da minha condição atual. Mas serviu - ah, se serviu - como estímulo para retomar a disciplina dos treinos. Mas, qual o quê... Semana passada, uma sinusite me derrubou e já emendei mais uma semana sem treinos. Semana que vem, quem sabe...

3 comments:

Ron Groo said...

Já estava sentindo falta destes relatos...
É mais ou menos como acontece com a formula 1: Já que não posso correr eu torço.
No caso especifico aqui, já que tenho preuiça, eu torço. hehehe

niltonhc said...

Alê, belo relato! Parabéns!
A prova dos Bombeiros e a prova do Centro Histórico nos permitem sair do circuito tradicional USP e Ibirapuera, e só por isso já valem muito a pena!
A rigor, a única coisa que não gosto na prova dos Bombeiros é o estacionamento, e por isso procuro chegar bem cedo (cedo mesmo, por volta das 6:00) porque assim consigo escapar dos flanelinhas.
Foi muito legal ver a Equipe Conexão comparecendo em peso a esta prova.
E espero que você consiga retomar sua rotina de treinos e volte a participar das provas conosco!
Bjs.
Nilton

Ammar said...

Oi Alê, adorei o seu relato sobre a prova! É legal ver esta sua autoavaliação de desempenho, pois com todo o seu rigor e vontade, ainda assim existem períodos de baixa. Assim entendemos a razão pela qual, atletas profissionais e amadores, nunca conseguem manter o mesmo nível o tempo todo e sempre. Obs: Realmente, a prova dos Bombeiros é a minha favorita.

Bjs,

Ammar