Tuesday, November 28, 2006

Ainda sobre a Segundona, por quem sabe

O post anterior, acerca de um fato verídico, ensejou boa discussão sobre as divisões "de acesso" do futebol. Meu citado amigo, o jornalista Celso Unzelte, atendeu ao meu apelo e veio em nosso socorro, dando uma aula sobre o tema. Aproveitem, é de graça. Eis o texto que o Celso me mandou via e-mail:

"Realmente, é tudo uma questão de nomenclatura, ou, antes disso, de eufemismo, mesmo. Daí eu sempre escrever Série B (em caixa alta e baixa, porque é o nome oficial) e segunda divisão (caixa baixa, porque não é nome oficial, mas é a ordenação
das divisões, assim como a Série A é a primeira divisão e a Série C, a
terceira divisão).

Repare que não estamos "nomeando" essas divisões, apenas contando: primeira, segunda, terceira... Sejam quais forem os nomes de plantão que ganhem ao longo do tempo. É mais ou menos como usar os termos "alvinegro" ou "alviverde" em caixa baixa - não é apelido, mas simplesmente sinônimo de "time preto e branco" ou "time verde e branco" (nesses casos, não iria em caixa alta e baixa, certo?). Tudo bem que alguns adjetivos referentes às cores acabaram virando apelidos de fato, como Tricolor ou Colorado, mas isso já é outra história...

Voltando às nomenclaturas oficiais da segundona: como o próprio futebol brasileiro, essa história tem origem nos estaduais. Em São Paulo, em 1948, surgiu o primeiro Campeonato da Segunda Divisão de Acesso, que depois virou Divisão Intermediária (por estar entre a primeira e a terceira). Houve tempo, até, em que a primeira divisão paulista chamava-se Divisão Especial, a segunda se chamava Divisão Intermediária e a terceira divisão se chamava... Primeira (!) Divisão. Hoje, em São Paulo, tem Série A1 (primeira), Série A2 (segunda), Série A3 (terceira) e Segunda Divisão (que, como você pode ver, na realidade é a quarta, apesar de ser chamada de segunda).

No Brasileiro, a primeira vez que teve segunda divisão foi também no primeiro ano em que teve a primeira, em 1971 (chamava-se primeira divisão, porque a primeira, de verdade, era Campeonato Nacional). Ganhou o Villa Nova, de Minas, que não levou, porque não havia nem acesso nem descenso. O mesmo aconteceu no ano seguinte, 1972, com o Sampaio Corrêa, do Maranhão.

De 1973 a 1979 ninguém se preocupou com segunda divisão do Brasileiro. Ela só volta a ser disputa em 1980, com um nome que duraria até 1984: Taça de Prata (porque a Taça de Ouro era a primeira, e a Taça de Bronze, a terceira). E isso dá a maior confusão histórica, porque em seu último ano, 1970, o Robertão, aquele antecessor do Campeonato Brasileiro da primeira divisão, também foi chamado de... Taça de Prata!

Foi essa Taça de Prata, a menos gloriosa, que o Corinthians jogou em 1982, um dos anos em que se permitia o acesso de quatro equipes para a Taça de Ouro no mesmo ano. Os que não se classificavam (portanto, de quinto a oitavo) continuavam na disputa do título da segundona, que valia vaga na primeira do Brasileiro, mas só do ano seguinte.

A segunda divisão também foi chamada de Módulo Amarelo (em 1986 e em 1987), Campeonato Brasileiro da Divisão Especial (1988 e 1989), assumidamente de Segunda Divisão (aí sim em caixa alta e baixa, de 1990 a 1994) e finalmente de Série B, como a conhecemos hoje, desde 1995. Espero ter ajudado, apesar de tanta confusão!"

Celso Unzelte é provavelmente o jornalista que mais conhece a história do futebol no Brasil. Temos a honra de fazer parte de "famílias amigas". Celso e a jornalista Patrícia Rodrigues estão entre os habitués lá de casa (e nós da deles!). Celso foi chefe do meu marido, Patrícia foi minha caloura na faculdade. Sempre que nos encontramos, há ocasião para velhas histórias de redação, além de facilitarmos apresentações musicais improváveis de nossas crianças, com repertório que vai de clássicos de Adoniram Barbosa ao hino da Portuguesa Carioca.

Obrigada, fiel companheiro!

Thursday, November 23, 2006

Tucanaram a Segundona

O colunista José Simão, da Folha, há vários anos cunhou as expressões tucanar, tucanês, entre outras variações, em referência ao hábito de "falar difícil", genericamente associado ao partido dos tucanos, o PSDB. Foi o governo tucano, por exemplo, que massificou no país o termo "agência", para designar instâncias controladoras de setores da economia. Zé Simão esmera-se por coletar e divulgar exemplos do que ele chama de anti-tucanês, expressões bem "ao pé da letra".

Esta é o contrário e me foi contada pelo meu dentista e querido amigo, dr. Marcelo Poloniato. Antes, cumpre um pequeno parêntesis: quem me conhece sabe do meu encanto pelo futebol. Torço, mas sobretudo amo futebol, de assistir Pocinhos do Rio Verde versus São Popó do Maculelê de sábado à tarde, via UHF, em preto e branco. Mas, convenhamos, sou quase uma aberração. Mulheres, em geral, não gostam de futebol e gostam de dizer que não gostam de futebol. Algumas até se entusiasmam quando chegam as finais, mas daí inventaram o campeonato de pontos corridos e não tem mais final. Aí é que as moças de enroscam mesmo. Lembro claramente da última rodada, ano passado, quando o meu Corinthians conquistou o Troféu Luiz Sveiter, ops!, quer dizer, o Campeonato Brasileiro, jogando contra o Goiás. Foi difícil explicar às outras mulheres presentes na sala que o Corinthians estava perdendo mas ia ser campeão assim mesmo.

Então, Marcelo me conta que uma paciente estava em Belo Horizonte no fim de semana passado, pegou um táxi e estranhou a movimentação atípica na cidade. Perguntou ao motorista do que se tratava e o homem, todo cheio, comentou que era a festa da torcida atleticana, comemorando o título brasileiro. A moça não entendeu e inquiriu: "Mas, pelo que eu estava sabendo, não era o São Paulo que já era quase campeão?". O chofer explicou que o São Paulo era da Série A. O glorioso Atlético Mineiro tinha acabado de ser campeão da Série B.

"Ah, Série B é a Segunda Divisão?"

Pra quê...

O homem encostou o táxi na guia, virou-se para trás, dedo em riste e decretou: "Não é Segunda Divisão, é Série B!"

Meus amigos historiadores de futebol, como o imbatível Celso Unzelte, poderiam vir em meu auxílio para contar desde quando a Segundona se chama Série B. O que me parece evidente é que ela só passou a ser chamada com esse orgulho pelo nome verdadeiro depois que grandes times como Palmeiras, Grêmio e Atlético fizeram estágio por lá. Antes, quando ela era reduto dos habituais sobe-desce, como Sport, Santa Cruz, Náutico, Guarani, Ponte Preta, Coritiba, ninguém se importava de chamá-la de Segundona.

É sempre o dedo da elite: basta um time grande despencar que já tucanaram a segundona. (Por favor, leiam esta última frase com o modo irônico ligado.)

Monday, November 20, 2006

Ana Carolina

Ela conseguiu. É capa de todas as revistas semanais no Brasil. Imagino quantas vezes, no interior de São Paulo ou nos cafundós do Japão, sonhou acordada com a fama, a celebridade, ser capa de revista. Pena não estar viva para ver.

Há alguns anos, meu trabalho eventualmente incluía a tarefa de fazer “casting”. Fazer casting é escolher modelos para eventos ou algum outro tipo de produção. Fui uma vez a uma agência e me espantei com o espetáculo armado para um só espectador – eu. As meninas desfilavam sobre uma passarela de verdade e eu tinha de escolher, entre umas vinte, as quatro que ia contratar. A moça da agência fazia observações pertinentes: essa tem perna boa, longa; essa é linda, mas nunca sorri: se você precisa de simpatia, não a chame; essa negra é sensacional, olha, é sempre bacana colocar uma negra entre elas, viu?! Blá-blá-blá: navio negreiro, foi assim mesmo que me senti, em um mercado de escravos.

Pena, pena, não senti naquele dia e continuo não sentindo. Só segue carreira de modelo quem quer. Todo mundo sabe que é um ambiente hostil, focado só na aparência física e, portanto, superficial e afeito ao descarte. Quem quer ser tratado como escravo ou como animal premiado, sendo avaliado pelos dentes, pela coxa ou pelos peitos, que seja modelo.

Sentir pena das moças por essa vida que levam é como ser tomado de compaixão por quem participa do Big Brother. “Ah, coitados, parecem animais enjaulados...”. Estão lá porque querem e, em paralelo óbvio com as modelos esquálidas, também “se sacrificam” em busca de fama, de ser capa de revista.

Só não digo que fico totalmente indiferente a essas jovens porque me causa leve indignação a posição de suas famílias. Permitir que uma adolescente de 13 anos se mude de mala, cuia e sem dinheiro no bolso para o Japão me parece muito estranho. Omissão ou promessa de enriquecimento, sei lá, também sou mãe e sei como às vezes custa dizer um não inflexível a um filho. E talvez a raiz dessa impotência dos pais seja o irresistível culto à beleza e à juventude que paira nesses dias como uma espada de remorso sobre a cabeça da sociedade. Dá-lhe capa de revista, dá-lhe mea culpa dos próprios veículos que, para seus editoriais de moda, selecionam no “casting” modelos cujas pernas têm a espessura de um braço, e em seus editoriais entrevistam especialistas em anorexia, bulimia e outros distúrbios alimentares. Dá-lhe contradição.

Sim, a culpa é da sociedade. Somos culpados por modelos que morrem de fome. Também somos culpados por crianças e adolescentes obesos que se entopem de gordura trans nos fast foods dos shoppings ou na frente da TV. Somos culpados pelos que comem demais e pelos que não comem. Isso não é ironia: as raízes dos problemas do ser humano estão nele mesmo, em sua forma de viver e se organizar em grupos, mas convido a uma reflexão ampliada.

A primeira vez que ouvi falar em anorexia foi após a morte da cantora Karen Carpenter, em 1983. Fiquei chocada com a manchete na capa de uma revista: “A cantora que morreu de fome”. O sensacionalismo da publicação serviu para que eu entendesse que ela não tinha morrido por falta de dinheiro para comprar comida, como acontece com tanta gente no mundo, mas devido a um distúrbio psicológico que a fazia recusar alimentos. A coisa, portanto, não é de hoje.

Recentemente, após a morte da modelo Ana Carolina, li uma reportagem com uma pesquisadora do Hospital das Clínicas, de São Paulo, cuja tese apoiou-se no estudo histórico da anorexia. Está lá: há registros da doença que remontam ao século 8. O perfil do paciente, desde aquela época, é semelhante ao de agora: na maioria, mulheres jovens, de famílias bem sucedidas, com traços de timidez. A diferença entre os eventos do passado e os de hoje é a motivação. Antes, a sublimação do corpo tinha origem na busca pela santificação, enquanto hoje é reflexo de um padrão estético.

Sempre que os temas anorexia e magreza excessiva ganham destaque na mídia, surgem aqui e ali textos bem humorados de cronistas machos louvando a beleza de mulheres que se fartam à mesa e exibem despudoradas suas coxas roliças, suas ancas carnudas, seus peitos volumosos. Pois eu digo: tais crônicas podem ser engraçadinhas, mas são inócuas em termos de doutrinação. É só puxar pelo exemplo histórico. Se pacientes com esse perfil já manifestavam seus distúrbios em tempos de culto às formas roliças, como nos séculos passados, não são os bem intencionados cronistas do século 21 que as farão mudar de idéia hoje. Porque o problema não se relaciona à imagem que o outro faça dela, mas à sua própria auto-imagem. A moça recém-tragada pela anorexia disse ter consciência de nutrir uma visão distorcida sobre si mesma. As de ontem e as de hoje não são apenas produto do meio: são pessoas doentes.

Cabe, sim, à sociedade, avaliar seu grau de culpa no caso. Por que essas moças se tornam anoréxicas e chegam à morte, em alguns casos? É nosso apelo ao belo e ao jovem? Pode haver, sim, essa parcela de responsabilidade. Mas cada um responde à pressão do meio de acordo com suas possibilidades e sua vontade. O mundo valoriza mulheres magras, sim, a mídia as estampa em todos os cantos. Mas o mundo também nos enche de apelos irresistíveis por batatinhas fritas, hambúrgueres, nuggets, sorvetes, chocolates. A depender só das influências externas, a mim caberia apenas ser anoréxica ou obesa mórbida.

Diante do paradoxo entre “seja magra” e “se encha de besteiras”, tornar-se uma pessoa que se alimenta de forma saudável e equilibrada é algo que depende de mim, da influência que tenho da minha família. Não precisamos ser sempre vítimas da sociedade, se nos dispusermos a responder com firmeza e responsabilidade às pressões que sempre teremos. E aquele ser mais frágil, mais susceptível a sucumbir há de ter o apoio e a atenção da família, o que não deixa de ser a mesma firmeza e responsabilidade que se deve ter consigo mesmo.

Friday, November 17, 2006

Dom Fernando I

O novo rei da Fórmula 1? No GPTotal, digo o que penso sobre Fernando Alonso e sua perspectiva para 2007. Vai lá!

Thursday, November 16, 2006

Como nossos pais

Felipe anda encantado por tuning, drift e reaggae. Tirando o terceiro, dos outros pouco ou nada eu sabia. E só captei as paixões recentes do rapaz graças ao MSN Messenger. Felipe começou a pipocar no canto direito da minha tela, quase sempre no fim da tarde, com frases alusivas a esses termos.

Eu sabia que tuning é a versão moderna de “envenenar” os carros, mais ou menos o que a juventude transviada já fazia nos anos 60 e 70. Fico meio abestalhada quando sei que um sujeito é capaz de gastar 30 mil dinheiros em um carro e atulhá-lo com equipamentos e soluções que, juntos, somam outros 30 mil. E acho que não entendo o que falam quando mencionam coisas como caranga socada e nitro, mas assim é a vida, vamos aprendendo, nem que para isso a fonte de informação seja o cinema, mais exatamente o filme “Velozes e Furiosos”, que parece ter espalhado pelo mundo a febre do tuning.

Reggae eu conhecia, claro. Música jamaicana, Bob Marley, no woman, no cry, Gilberto Gil, Jimmy Cliff. Conhecia as obviedades, óbvio, mas não sabia que a juventude do século 21 tinha se encantado pelo reggae e que o ritmo tinha voltado com força. Desculpem, sou bem alienada mesmo, meus discos são de outrora, meus programas de TV, compilações de seriados já extintos, alguns em DVD e outros, ainda, em fita de VHS. Mas não posso dizer que não sabia o que era raggae quando Felipe pulou outro dia, no cantinho da tela, com uma frase de devoção ao Natiruts que descobri ser o must da moçada reggaera destes tempos.

O que me entortou mesmo foi o drift. Esse eu nunca tinha ouvido falar.

Felipe tem dezessete anos e é o filho mais velho da minha prima Debora. Quando nasceu, tive pela primeira vez a sensação de que os bebês são muito, muito pequenos. Hoje, sei lá, deve ter quase um metro e noventa, e fica trazendo novidades para meu mundo virtual. Achei interessante sua devoção pelo tuning e comentei, assim por cima, com ele. Comentei, ainda, que Felipe falava de um tal drift, e quis saber do que se tratava. Ele franziu a sobrancelha, respirou fundo, levantou-se a falou: “Preciso agir rápido”.

Meu marido não deixa coisas para depois. Se tem que fazer, faz na hora e tanta diligência é algo bom, por um lado, mas me causa certo desconforto quando menciono, assim por cima, que poderíamos começar a ver um carro novo para substituir o meu, porque o homem, por ele, sai e fecha o negócio na primeira concessionária que lhe oferece um bom preço. Enquanto me explicava que drift são provas de arrancada, mania nascida no Japão e que não tem lugar para acontecer – pode ser em um autódromo ou no estacionamento de um shopping – ele separou as revistas que escreve para uma marca de automóveis. Não apenas uma marca, não apenas automóveis. A marca, o carro. Em uma palavra: Porsche. Colocou tudo em um envelope e escreveu na frente: Felipe. “Vou deixar na portaria do prédio dele amanhã. Esse menino precisa saber o que é carro de verdade.”

Não falou muito mais, mas sei. Sei que adoradores de carros e de corridas de carros veneram essas máquinas como se elas fossem mais que meios de transporte. São capazes de falar horas sobre bolas de alavanca de câmbio, frisos laterais, forrações, restaurações, bananinhas, pálpebras. Não sei se entendo tudo o que falam, mas o dialeto deve ser muito diferente do que contém caranga socada e nitro, ou ele não teria providenciado o tal envelope com tanto sentido de urgência. Olhei aquele homem de cenho franzido e não pude deixar de lembrar que ele escandalizou minha família quando lá chegou, cheio de uns hábitos muito modernos para aquela turma da Zona Norte, há quinze anos. Agora, o moderno é o Felipe, com seu tuning, seu drift, seu reggae.

Monday, November 06, 2006

Que música marcou sua vida?

Ouvi dia desses um programa de rádio que tinha um quadro com esse nome – que música marcou sua vida? Gostei da brincadeira e achei que cabia bem no espírito do blog. Eu, sempre ligadíssima em música, não seria capaz de escolher uma apenas. Dividi por quesitos e deixo aqui minha contribuição, ansiosa por ler as de vocês. Vamos lá?

Tudo bem, eu começo.

Quesito “Auto-conhecimento”

“Sou a Mônica, sou a Mônica...” – talvez tenha sido a primeira música que me marcou. Em casa, tinha um compacto duplo com os temas de alguns personagens da Tuma da Mônica – tinha a própria, o Cascão, o Chico Bento e o Bidu. Atacadinha como sempre fui, lembro que gostava particularmente dos versos “quando diz que sim, quando diz que não, mostra ter opinião”. Muitos anos mais tarde, quando começou a passar no Brasil o seriado Friends, de cara me identifiquei com a personagem Monica Geller, cujas características principais são a competitividade exacerbada e a mania de arrumação. Minha querida amiga Cynthia, que também gostava do programa, certa vez comentou: “Você É a Monica.” Não contestei. Já era desde criança, sempre serei.

“Dona” – ah, Sá & Guarabyra na interpretação do Roupa Nova... Manja aquela cena de novela?! A adolescente sonhadora escutando uma música, um tanto melancólica, olhando pela janela e sonhando com o futuro de glórias? Chuva lá fora, de preferência. “Não há pedra em teu caminho, não há ondas no teu mar, não há vento ou tempestade que te impeçam de voar”. Ah, como eu queria ser essa dona! Tudo bem que era tema da Viúva Porcina, em Roque Santeiro, mas eu queria aquela música para mim, queria ser essa mulher de pulso impaciente batendo – tan-tan-tan – na porta. Acabei madrinha de casamento na época, vestindo um modelito de lamê prateado, mangas presunto enormes, saia sereia com enchimento de tule, a própria Porcina. Mas a culpa era do terror fashion dos anos 80, não da música, isso eu sei.

Quesito “Talismã"

“Eduardo e Mônica” – Será que mais gente tem isso? De ouvir uma música e achar que ela deu sorte para alguma coisa? Vamos, confessem! Eu tive duas músicas talismã na vida. Quando ainda estava no segundo colegial, resolvi prestar vestibular só para ver como era, se eu estava me preparando bem, essas coisas de menina CDF sem namorado. Antes de sair para a prova, tocou a música do Legião Urbana no rádio. Como fui muito bem na prova, associei uma coisa à outra. No ano seguinte, quando prestei vestibular para valer, sempre colocava “Eduardo e Mônica” para tocar antes de sair. Não foram os livros, foi Renato Russo que me fez passar! (E lá está a Mônica de novo a me perseguir...)

“Maria de Verdade” – Alguns anos depois, já formada, casada e teoricamente adulta, me agarrei a outra canção. Em 1995, o Corinthians viveu um ano maravilhoso, com dois títulos conquistados. A Copa do Brasil e o Paulista, ganho em uma final memorável sobre o Palmeiras. Mas a responsabilidade pelos troféus erguidos não foi das cobranças de falta certeiras de Marcelinho Carioca. Não, para mim, a grande responsável era a faixa de abertura do CD “Cor de Rosa e Carvão”, da Marisa Monte, que eu sempre ouvia antes de cada jogo. Nos atuais tempos bicudos, abandonei os CDs por muita reza e calmante antes das partidas do Timão.

Quesito “Ternura”

“Unforgettable” – No ano de 1991, Natalie Cole lançou aquele CD de standards no qual ela cantava com a voz do pai Nat, morto muitos anos antes. Tocava em tudo que é canto, até encheu de tanto tocar! Tocava no saguão do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, quando voltávamos de uma viagem “profissional” que acabou sendo nossa primeira lua-de-mel. Logo depois, ele me deu o CD de presente. Inesquecível mesmo...

Mal termino de escrever e já penso em tantas outras músicas que marcaram minha vida. Mas, se deixar, não paro nunca! E aí, e você? Que música marcou sua vida?