Tuesday, November 17, 2009

Procuram-se repórteres


Antes de qualquer coisa, desculpem pelos dias sem atualização. Excesso de trabalho, apenas isso (mas, como prometi alguns meses atrás, continuo me esforçando para não abandonar o blog nem meus treinos de corrida. Well, pelo menos aos treinos eu tenho comparecido...).

Foram dias intensos, com apagão, rodoanel e muitas notícias na Fórmula 1. Compra da Brawn pela Mercedes, namoro sério entre Button e McLaren, anúncio de Timo Glock na Manor.

Assim que li esta última, hoje cedo, pensei a mesma coisa que o Ico: se Glock está confirmado na Manor, e era dado como provável na Renault, será que isso significa a retirada da Renault, como se especulou nas últimas semanas?

O pensamento seguinte me levou à divagação que compartilho com vocês. Este mundo cibernético, online, virtual em que vivemos tem me possibilitado coisas incríveis, como falar frequentemente com meu amigo que mora em Salvador, coisa que seria inviável nos tempos do interurbano. Ou editar, aqui em São Paulo, um jornal que é diagramado, composto e impresso em Erlangen, na Alemanha. Ou, ainda, pedir a meu irmão, que mora em Belo Horizonte, para consertar, de lá, a configuração do computador da minha mãe, aqui em São Paulo.

Se Tia Nastácia visse tudo isso, diria que era assombração, arte do "coisa ruinzinha". Dona Benta, mais antenada, balançaria divertida a cabeça e explicaria à cozinheira que estávamos apenas diante das maravilhas da tecnologia contemporânea.

No mundo cibernético, online, virtual, o universo está ao alcance de um clique. Em segundos, descubro quantos metros tem o circuito de Jerez de la Frontera. Ou a idade de Maximiliano Papis. Ou quantos milhões de dólares a ex-mulher de Bernie Ecclestone arrancou-lhe no divórcio. Em segundos, sigo volta a volta todas as provas de Fórmula 1, acompanhando a cronometragem oficial em qualquer lugar do planeta. Poucos minutos após cada treino ou corrida, tenho acesso a um sem número de fotos de todas as equipes e de todos os pilotos.

A sensação de estar perto de tudo, estando a qualquer distância, é quase palpável. Qualquer um tem elementos para falar com propriedade sobre praticamente qualquer assunto, graças à avalanche de informações que se tem de tudo. Estamos perto de tudo.

Estamos muito preguiçosos, isso sim!

Nas décadas de 70 e 80, havia jornalistas especializados na indústria automobilística que montavam tocaia para flagrar novos modelos em testes. Houve quem fosse perseguido por seguranças de fábrica, chegando a levar tiros por conta dessa atividade de risco. O prêmio para tal ousadia era produzir uma capa de revista com a foto do novo carro, que estaria nas ruas só depois de muitos meses. O prêmio era o orgulho do jornalista por ter dado o que, no nosso jargão, se chama "furo".

Fico me perguntando onde estão os repórteres especializados em automobilismo da Europa. Especula-se que Glock vá para a Renault. Especula-se que a Renault anuncie sua saída no final do ano. Especula-se que a Renault se torne apenas fornecedora de motores a partir de 2010. E não tem um infeliz que se digne a fazer tocaia na porta da fábrica!

A circular por ali durante uma manhã ou uma tarde, nem que seja para ver gente entrando e saindo, caminhões entregando material. Nem um papinho com o vizinho, com o comerciante da esquina. Nem uma frase pescada: "Ah, seu moço, gente entrando e saindo tem sempre, e ontem mesmo saiu um caminhão enorme lá de dentro, levando um troço enorme, que parecia uma turbina de hidrelétrica." Nada. Nessa altura, podem ter desmontado o túnel de vento da Renault que ninguém sabe, ninguém viu.

Tocaia na frente da fábrica? Faz-me rir. Estão todos perto de tudo, à distância de um clique, linkados no universo, longe da notícia, esperando a coletiva oficial, a ser transmitida ela internet, onde todos nos encontramos.

Monday, November 09, 2009

Uni(tali)ban



Geisy foi à faculdade com um vestido curto (?). Hostilizada pelos colegas (?), teve sua imagem divulgada pelo youtube. Confusão generalizada, polícia chamada. Dias depois, a faculdade resolveu expulsar Geisy. Alegou atitudes inadequadas da aluna.

Quais seriam tais atitudes, senhores diretores da Uniban?

Ela usa roupas provocantes habitualmente?
Ela se insinua para seus colegas?
Ela não dá bola para o que acham de seu vestuário?
Todas as anteriores? Nenhuma das anteriores?

Talvez só Geisy sabe o que fez de tão condenável (se é que fez!), e neste caso vale a máxima de que os vândalos que a hostilizaram podem nem saber por que a agrediram, mas ela sabe porque foi humilhada em público.

Nada justifica a atitude anônima de bullying praticada por essa gangue. Machismo, preconceito, desrespeito extremo, independente de quais atitudes condenáveis Geisy tenha tomado (se é que tomou!).

De imediato, pensei que a Uni(tali)ban além de referendar a atitude criminosa de seus alunos, também conduziu muito mal a história, em termos da imagem da instituição. Depois, reconsiderei: será que a universidade está preocupada com sua imagem?

Wednesday, November 04, 2009

O último que sair...


Em um ano, três empresas japonesas anunciaram sua saída da Fórmula 1. Começou com a Honda, continuou com a Bridgestone, culiminou com a Toyota. No meio tempo, os alemães da BMW também puxaram o carro. Há algum tempo, rumores apontam para a revisão dos planos da Renault na categoria. Mas, depois do escândalo de Cingapura 2008, a empresa francesa deve se manter pelo menos para limpar a imagem.

De qualquer forma, uma impressão dos últimos tempos consolida-se como certeza: naufragou clamorosamente o conceito de uma Fórmula 1 transformada em Mundial de Marcas, com as principais montadoras duelando entre si. Bernie apegou-se a essa ideia e quase excluiu os demais times, os chamados garagistas. O pequeno dirigente um dia deve ter olhado para um grupinho formado por Frank Williams, Eddie Jordan, Peter Sauber, Giancarlo Minardi e pensou: "Vocês são pequenos demais para meus planos".

Virou as costas e vislumbrou as sedes da Honda, da Toyota, da Mercedes, da BMW e teve a certeza de que aquela era sua turma. Corporações poderosas, com orçamentos estratosféricos. Bernie elevou os custos da Fórmula 1 ao ponto de praticamente alijar os pequenos da categoria. E deve ter tido a certeza de que havia agido certo durante os primeiros anos desde século. As montadoras entraram com tudo na Fórmula 1, ajudando-o a faturar como nunca na história desta competição!

Só que 2008 varreu o mundo com uma crise econômica brava. As grandes corporações, com orçamentos estratosféricos, perderam dinheiro. Nessas horas, não há boa intenção, compromisso com o esporte blá-blá-blá nenhum que disfarce o sorvedouro de dinheiro que é a Fórmula 1. Uma após a outra, as equipes foram batendo em retirada.

Não deixa de ser intrigante o objeto maior do contencioso entre FIA e Fota no primeiro semestre - o teto orçamentário estabelecido para 2010. A FIA, ainda sob o comando de Max Mosley, insistia na contenção de despesas, tendo em perspectiva a inviabilidade da categoria se a gastação desenfreada continuasse. As equipes batiam o pé: queriam gastar mais e mais. Venceram o duelo. Perderam dois times de lá para cá, e a fornecedora de pneus, já com data marcada para a despedida.

A Fórmula 1 não vai morrer. Pelo menos três times novos já estão inscritos para 2010. E ainda há a nebulosa perspectiva de mais dois. Times com formatos garagistas, sem a opulência das montadoras. Difícil é imaginar que Bernie dará a mão à palmatória, admitindo que sua aventura no mundo das grandes corporações foi um retumbante fracasso.

Mas ele, de fato, não parece estar muito preocupado com isso. No Oriente, nas Arábias, Bernie parece ter encontrado gente disposta a continuar despejando dinheiro na Fórmula 1. Se é que isso ainda pode ser chamado de Fórmula 1.

Monday, November 02, 2009

Fim de feira


Depois de dezoito anos cobrindo automobilismo, reforço, a cada corrida, uma sensação permanente: um autódromo, terminada um GP, é um cenário desolador. Tem ar de fim de festa, fim de feira, uma pré-ressaca. É a sensação que reina em mim hoje, especialmente pelo final do campeonato e pela perspectiva de quatro meses sem Fórmula 1.

A vida é muito mais do que corrida, eu sei. E ergo as mãos para o céus quando lembro que o intervalo entre uma temporada e outra acontece, aqui no Brasil, em pleno verão. Saem os treinos e GPs, entram o sol, o calor, praia e piscina. Amo muito tudo isso e sou daquelas pessoas que não entendem os que preferem o frio.

O GP de Abu Dhabi intensificou a sensação de fim de feira. Corrida chatíssima. Repito o que disse durante a transmissão, pelas rádios Bandeirantes e Band News FM. A corrida me lembrou um episódio familiar: ao ser perguntado sobre do que mais tinha gostado em um circo a que tinha ido, meu primo Lucas pensou e respondeu: "de chutar pedrinhas no estacionamento!". É o que pareceu, para mim, esse circuito fake em cenário fake dos Emirados Árabes. Tem a marina, tem o hotel, tem parque temático da Ferrari, tem até um autódromo, mas todo mundo só falava do pôr-do-sol de Abu Dhabi.

Falarei mais da temporada de 2009. Por enquanto, fica minha homenagem a Kamui Kobayashi, grande sensação das duas últimas corridas. Há quem diga que, na Fórmula 1 atual, não se faz ultrapassagem. esqueceram de avisar ao japonês, que deu show ontem e em Interlagos.

Enquete do Mundial 2009

Como já fez no ano passado, o Saco de batatas convida os leitores a votar nos melhores e piores da temporada. Vai !