
Alguns fizeram paralelo com o retorno de Ronaldo aos gramados. É uma comparação válida, mas comporta uma diferença fundamental. Ronaldo não havia abandonado o futebol. Estava de molho depois de mais uma de suas cirurgias. Schumacher está aposentado há quase três anos. Ronaldo, 33 anos, fora de forma. Schumacher, 40 anos, sequinho e sarado.
Quando ele me disse, com o frisson dos repórteres, que o alemão substituiria Felipe Massa, na hora me veio à mente outra figura - o ciclista norte-americano Lance Armstrong, cuja biografia recheada de desafios e superações foi enriquecida neste 2009, com seu retorno à principal competição da modalidade - o Tour de France.
Como Schumacher, Armstrong, que faz 38 anos em setembro, também estava parado. Voltou e conquistou o terceiro lugar no Tour, vencido pelo companheiro Alberto Contador, de 26 anos.
Dois fora-de-série, Armstrong e Schumacher.
Como diz Milton Neves, citando uma frase que provavelmente foi criada por Mauro Betting, "sorte é o encontro da capacidade com a oportunidade". Schumacher, vai ter sorte assim lá em Valência! O homem volta justamente no momento em que a Ferrari começa a dar sinais de melhora, e numa pista travada, que parece favorecer o atual modelo de Maranello (Kimi foi segundo no travado Hungaroring, as Ferrari foram terceiro e quarto em Mônaco...). Se vai "vestir" bem o carro, depois de três anos, se vai fazer bons tempos, se vai se virar bem com um carro sem controle de tração, nada disso se sabe.
O que me parece certo: o fato foi excelente para a Fórmula 1, que viu a notícia sobre a retirada da BMW ser completamente abafada pela volta do alemão. Mais: que os pilotos Lewis Hamilton, Sebastian Vettel, Heikki Kovalainen, Nelson Angelo Piquet, Kazuki Nakajima, Adrian Sutil, Sebastian Buemi e Jaime Alguersuari, que nunca disputaram corridas na Fórmula 1 contra Schumacher, estão esfregando as mãozinhas para dividir uma curva com ele.
Para Felipe Massa, a escolha de Schumacher, além de uma espécie de homenagem, parece uma garantia de assento para 2010. Se a Ferrari lançasse mão de algum dos nomes que se aventaram nos últimos dias - Alonso ou Kubica - e se esse eventual substituto fosse muito bem, a equipe italiana provavelmente começaria a viver em clima de "resta um", com Massa e Raikkonen disputando o mesmo lugar. Schumacher, pelo contrário, não toma o lugar de ninguém.
Será que a foto abaixo , GP da China de 2006, não será mais a da última vitória de Schumacher?
