Thursday, July 30, 2009

Lance Schumacher


Alguns fizeram paralelo com o retorno de Ronaldo aos gramados. É uma comparação válida, mas comporta uma diferença fundamental. Ronaldo não havia abandonado o futebol. Estava de molho depois de mais uma de suas cirurgias. Schumacher está aposentado há quase três anos. Ronaldo, 33 anos, fora de forma. Schumacher, 40 anos, sequinho e sarado.

Quando ele me disse, com o frisson dos repórteres, que o alemão substituiria Felipe Massa, na hora me veio à mente outra figura - o ciclista norte-americano Lance Armstrong, cuja biografia recheada de desafios e superações foi enriquecida neste 2009, com seu retorno à principal competição da modalidade - o Tour de France.

Como Schumacher, Armstrong, que faz 38 anos em setembro, também estava parado. Voltou e conquistou o terceiro lugar no Tour, vencido pelo companheiro Alberto Contador, de 26 anos.

Dois fora-de-série, Armstrong e Schumacher.

Como diz Milton Neves, citando uma frase que provavelmente foi criada por Mauro Betting, "sorte é o encontro da capacidade com a oportunidade". Schumacher, vai ter sorte assim lá em Valência! O homem volta justamente no momento em que a Ferrari começa a dar sinais de melhora, e numa pista travada, que parece favorecer o atual modelo de Maranello (Kimi foi segundo no travado Hungaroring, as Ferrari foram terceiro e quarto em Mônaco...). Se vai "vestir" bem o carro, depois de três anos, se vai fazer bons tempos, se vai se virar bem com um carro sem controle de tração, nada disso se sabe.

O que me parece certo: o fato foi excelente para a Fórmula 1, que viu a notícia sobre a retirada da BMW ser completamente abafada pela volta do alemão. Mais: que os pilotos Lewis Hamilton, Sebastian Vettel, Heikki Kovalainen, Nelson Angelo Piquet, Kazuki Nakajima, Adrian Sutil, Sebastian Buemi e Jaime Alguersuari, que nunca disputaram corridas na Fórmula 1 contra Schumacher, estão esfregando as mãozinhas para dividir uma curva com ele.

Para Felipe Massa, a escolha de Schumacher, além de uma espécie de homenagem, parece uma garantia de assento para 2010. Se a Ferrari lançasse mão de algum dos nomes que se aventaram nos últimos dias - Alonso ou Kubica - e se esse eventual substituto fosse muito bem, a equipe italiana provavelmente começaria a viver em clima de "resta um", com Massa e Raikkonen disputando o mesmo lugar. Schumacher, pelo contrário, não toma o lugar de ninguém.

Será que a foto abaixo , GP da China de 2006, não será mais a da última vitória de Schumacher?

Wednesday, July 29, 2009

Sorte, falta de sorte ou negligência?


Ainda o acidente de Massa no treino classificatório para o GP da Hungria...

Cheguei a levantar este assunto durante a transmissão da Band News FM/ Rádio Bandeirantes AM, mas não avançamos no debate.

Insisto, até porque a colega Barbara Gancia ontem caminhou pela mesma linha.

A primeira reação da maioria dos espectadores, ao ver a peça atingindo o capacete de Massa, foi pensar: puxa, que falta de sorte! Com tanto lugar para bater, a mola do carro de Barrichello foi diretamente para a cabeça de Felipe Massa.

Depois, ao se constatar a gravidade relativa dos ferimentos, a avaliação também mudou: nossa, que sorte ele teve! Em vez de bater no supercílio, a mola poderia ter atingido o olho, deixando-o cego.

Desde o sábado, fiquei com uma pulga atrás da orelha sobre o fato. É aceitável que uma mola se desprenda da suspensão de um carro e atinja outro? Isso não revelaria que a Brawn, sabidamente com menos dinheiro que a maioria das outras equipes, já está "no osso" em relação a seus equipamentos?

Sunday, July 26, 2009

Comunicação de Massa


Nessas horas, até quem não acompanha Fórmula 1 acaba se ligando nas imagens da TV. Tudo captado pelas câmeras: a mola voando em direção à Ferrari, os braços inertes sobre o volante, freio e acelerador pressionados até o fim, juntos. E o carro seguindo direto para a barreira de pneus, a cabeça imóvel, o atendimento médico ágil, o suspense, a movimentação de repórteres e pilotos.

E o contexto novelesco se formando. O irmão no paddock, os pais no Brasil, junto da esposa, ainda por cima grávida. A Globo, que nunca passa a entrevista coletiva dos pilotos após o treino, ontem esticou a transmissão. Audiência em alta, segura aí! Ao longo da transmissão, Galvão Bueno passando do blasé para o histérico. Primeiro, como se tudo fosse uma habitual batida contra a proteção de pneus. Depois, percebendo que Massa não tinha batido-e-desmaiado, mas desmaiado-e-batido, tornando-se cada vez mais dramático.

"Nunca pensei que teria de dizer isso novamente: vá com Deus, meu amigo..."

Frase dita ao vivo, repetida depois, ao vivo, no Jornal Nacional. O JN, que em condições normais daria uma matéria de um minuto, um minuto e meio para a Fórmula 1, abriu a edição com "o drama de Massa". Link ao vivo no hospital, com Galvão dando testemunho de ser uma das seis pessoas que estiveram na porta do centro cirúrgico, esperando a saída da equipe médica. Esforço de reportagem no aeroporto. A esposa grávida em desespero, dois celulares nas mãos, chora abraçada ao sogro, pede para não gravar entrevista, mas, entre lágrimas, pede: "Não importa qual seja sua fé, reze por ele." E a apresentadora, lançando migalhas ao público ávido: "No final desta edição, mais informações sobre o acidente de Felipe Massa." Audiência, segurem-na!

Uma foto de Massa, ainda de capacete, é mostrada. O olho esquerdo fechado, o corte no supercílio, o olho direito arregalado. A mesma foto, no dia seguinte, estampada na primeira página de vários jornais. Uma foto mundo-cão. Nós, jornalistas, defendemos a publicação desse tipo de imagem pela relevância da notícia. Nós, seres humanos, ficamos chocados com a exposição da dor e da tragédia.

Quem está certo? Espaço aberto para o debate.

Thursday, July 23, 2009

Adultescentes


Neste sábado, dia 25 de julho, Nelson Angelo Piquet completa 24 anos. No dia seguinte, disputa o GP da Hungria. Ao que parece, corre com a espada sobre a cabeça. Se tiver outro desempenho medíocre, como foi a maioria de seus desempenhos na Fórmula 1 até hoje, pode (ou deve) perder a vaga, provavelmente para o piloto francês Romain Grosjean.

Leio no Tazio que, chegando a Budapeste, hoje, Nelsinho deu a seguinte declaração:

"Queria eu saber [se continuarei]. Estou aqui para andar e meu pai está aqui para resolver os pepinos. Então, se eu soubesse, estaria ótimo. Sei lá", disse.

Estive rapidamente com Nelson Angelo no ano passado, em um evento da Renault. Pareceu-me, sobretudo, um rapaz tímido, mas atendeu meu filho com simpatia e educação, posou para fotos, autografou bonés.

Neste ano, em que a Renault faz muito quando não anda para trás, Nelsinho está fazendo menos ainda. Dá seguidas mostras de displicência, parece mais interessado em se comunicar com os amigos via Twitter e a própria resposta acima corrobora essa linha "tô nem aí".

24 anos...

Alguns dirão que o comportamento do jovem Piquet é fruto da imaturidade, mas não acho que um homem de 24 anos ainda deva se pendurar no pai. O pai, aliás, teve uma trajetória completamente diferente, sujeitando-se a condições bem menos confortáveis que as do filho em seus primeiros anos na Europa. Há algum tempo, Nelsinho relatou as agruras de viver sozinho no Velho Continente, queixando-se, por exemplo, de viver sem ter uma empregada por perto. Chega a ser ofensivo, para a maioria das pessoas deste planeta, escutar uma reclamação como essa.

Mas, afinal, Nelsinho não reflete um comportamento cada vez mais comum entre os adultos jovens das classes médias e entre os mais abastados? Quantos de nós não convivemos com jovens de 20 e poucos anos, alguns já passados dos 30, que continuam vivendo na casa dos pais, locupletando-se de empregadas e mesadas mesmo quando já dispõem de uma profissão?

Fico meio passada quando vejo adultos bem formados que ainda dependem do pai ou da mãe para pagar suas contas ou para ter uma peça de roupa limpa para vestir. Mas, afinal, de quem é a culpa? Dos adultescentes folgados, que deixam todos os pepinos nas mãos dos pais, como faz Nelsinho com Nelsão, ou dos próprios pais, que reforçam com tal comportamento sua vocação para continuar dirigindo a vida dos filhos?

Monday, July 20, 2009

40 anos - O homem na Lua



Duas datas comemorativas sempre me serviram como espécie de preparação para o meu próprio aniversário - a chegada do homem à Lua e o milésimo gol do Pelé. Eu estava na barriga de mamys quando os dois fatos aconteceram.

Em julho de 1969, a bem da verdade, eu era um minúsculo feto, de apenas algumas semanas. Mas já estava na área. Nunca ouvi muitos relatos dos meus pais sobre o feito de Neil Armostrong e seus colegas de firma. O que é até estranho, pois meu pai era um leitor entusiasta de ficção científica. Suponho que ele tenha seguido o noticiário com interesse, mas o outro evento histórico ocorrido durante meu período de ensaio sempre foi muito mais comentado lá em casa.

Afinal, o milésimo gol do Pelé todo mundo sabe que aconteceu mesmo...

Sunday, July 19, 2009

Ipiranga, com atraso e com amor


Já faz duas semanas que corremos a prova dos Bombeiros, disputada no dia 5 de julho neste ano, mas ainda vale o registro. Já escrevi antes e repito: cada corrida tem seus desafios e encantos, mas algumas são incomparáveis, e a prova do Ipiranga é especial por vários aspectos.

Primeiro, por não ser disputada nos tradicionais trajetos que incluem Cidade Universitária ou arredores do Ibirapuera. Só o fato de ir até o Ipiranga já oxigena as ideias. No meu caso, é sempre uma viagem no tempo - me faz recordar o período em que eu ia para o trabalho, em São Bernardo do Campo, de carona com meu pai, e passávamos todos os dias pelo Ipiranga. O relato mais completo dessas reminiscências está no post sobre a corrida do ano passado.

Outro diferencial da prova dos Bombeiros está no percurso cheio de altos e baixos do Ipiranga. Largamos ao lado do Museu, bem em frente ao Grupamento de Bombeiros (2 de julho é o Dia do Bombeiro, por isso essa prova da Corpore é sempre disputada nessa época do ano). Dali, seguimos em discreta subida pela avenida Nazareth. Viramos à esquerda e começamos a descer. Descida pra valer na rua Bom Pastor, chegando à avenida D. Pedro, belo logradouro com muitas árvores em ambos os lados. Um pequeno desvio até a Avenida Teresa Cristina, voltando à D. Pedro e, desafio dos desafios, subindo novamente a Nazareth, uma escalada de mais de um quilômetro. Refazemos o trecho inicial, passando novamente pelos Bombeiros, virando novamente à esquerda e à esquerda novamente, encerrando bem em frente ao Museu.

Estava bem frio antes da prova, mas nem por um instante pensei em lançar mão de calças compridas para correr. Sei que o arrepio de antes da largada logo cede lugar ao calor, antes do primeiro quilômetro. Como tenho relatado aqui, meus treinos neste ano estão muito menos disciplinados que em anos anteriores, por falta de tempo. Por isso, nem projetei um tempo ideal para esta corrida. Não me dei ao trabalho nem de olhar o tempo registrado no ano passado, para evitar mais pressão.

A turma da Equipe Conexão, sob o comando do técnico Zé Eduardo Pompeu, esteve em número expressivo nesta prova. Henry, o "do mal", como sempre liderando nosso pelotão, com seu preparo de triatleta. Nilton, meu cordial oponente palestrino, mantendo um ritmo muito forte em 2009. E mais: Henry, o "bonzinho", Fábio, Lara, Zoca, Pati, Dafine, Alê Carioca, Hiba e Ammar. Aliás, Bombeiros é a prova do coração para o Ammar, que fez sua estreia como corredor em uma prova dessa, dois anos atrás.

Cheguei cedo ao Ipiranga, pois um problema crônico do lugar é a dificuldade para estacionar. Para-se o carro na rua, o que nem é tão difícil. Difícil, ou impossível, é escapar dos flanelinhas que se oferecem para "tomar conta" dos veículos. E lá se foram R$ 20,00 (sim, R$ 20,00!) para deixar meu carro na rua. E dei-me por feliz ao voltar, depois da prova, e encontrar o possante inteiro pois, no ano passado, saindo de lá, notei que haviam tentado arrombar a fechadura da porta do passageiro. Anyway...

Larguei sem nenhuma meta de tempo na cabeça e prometi só começar a fazer contas depois da metade da prova. Os cinco quilômetros chegam na parte mais baixa do percurso, lá na D. Pedro. Para fazer uma projeção a partir daquele trecho, é preciso lembrar que o pior está por vir, com a subida da Nazareth. Atingi os 5 km com 26 minutos de prova e uns quebrados. Se eu conseguisse apenas dobrar este tempo, já me daria por feliz, considerando que teria de subir tudo o que já tinha descido. E me concentrei nesse objetivo. O intervalo entre os quilômetros 5 e 6 é feito todo no plano, o que me permitiu aumentar significativamente a velocidade. Ganhei ali o que perderia entre os quilômetros 6,5 e 8.

Na subida da Nazareth, Zé esperava cada integrante da equipe. Momento crucial da prova, uma palavra de incentivo do técnico sempre é um turbo poderoso. Quando passei novamente pelo palanque em frente ao Corpo de Bombeiros, o repórter Alex Muller, da Bandeirantes e tradicional animador das provas da Corpore, dizia ao microfone suas frases e gracejos. Aproveitei para tirar o boné e exibir a bandana do Corinthians que havia colocado, só para fazer graça com meu técnico são-paulino. Acenei para Muller e mostrei a bandana. Pois ele pareceu ter combinado a anti-piada com o próprio Zé - "Olha lá a são-paulina!". Desaforo...

Terminei os 10 km com 52min52, três minutos acima do meu tempo de 2008. Não foi o tempo dos sonhos, mas também não foi uma grande decepção, pois eu sabia da minha condição atual. Mas serviu - ah, se serviu - como estímulo para retomar a disciplina dos treinos. Mas, qual o quê... Semana passada, uma sinusite me derrubou e já emendei mais uma semana sem treinos. Semana que vem, quem sabe...

Saturday, July 18, 2009

Billie, Elis e a orquídea


Ontem, dia 17 de julho, completaram-se 50 anos da morte de Billie Holiday. Já escrevi várias vezes sobre esta cantora, uma das minhas preferidas, consagrada pela história como a rainha do blues. Como tantas outras divas do canto, teve vida conturbada, pontuada por tragédias, tristezas e vícios, terminando em morte precoce. No seu caso, com apenas 44 anos.

Billie associou à sua figura a imagem de uma flor - a orquídea - seguidamente usada como adorno em seus penteados.



Em 1979, quando lançou o álbum "Essa mulher", Elis lançou mão da mesma flor, mostrada em desenho na capa do disco, na parte interna do álbum e também adornando os cabelos, parte do figurino do show homônimo. "Essa mulher" era um disco/show chique. Elis usava roupas assinadas pelo estilista Clodovil e, se você só conhece o Clô apresentador e deputado desbocado, saiba que, nos anos 1970, usar roupas assinadas por Clodovil era o fino do chique, viu?

Já no ano seguinte, Elis lançou "Saudade do Brasil", com apelo político e visual despojado (o show tinha um grupo de dançarinos, Elis juntava-se a eles em alguns trechos, cantando descalça, com polainas sobre calças tipo legging). Uma das canções mais marcantes do disco, "Alô, alô marciano" tira um sarro dos novos-ricos metidos a grã-finos. Em dado momento, em improviso livre sobre a letra, Elis imita Louis Armstrong e decreta, debochada: "Ah, mas que chique é o jazz, meu deus...". Talvez, um sarro dela mesma, toda Billie Holiday no ano anterior.

Monday, July 13, 2009

Mulher de malandro



Sabe aquela amiga que vem até você, queixa-se do namorado ou do marido, relata as agruras que passa a seu lado, pede conselhos, diz que não aguenta mais sofrer e, por isso, vai dar um basta?

Depois, você a encontra de braços dados com o sujeito, no maior enlevo, e fica com aquela cara de besta, com a certeza de que só perdeu seu tempo ao dar tanta atenção a ela...

A postura de Rubens Barrichello na Fórmula 1 muitas vezes me lembra essa figura clássica da mulher de malandro. Ontem, depois do GP da Alemanha, saiu do carro se dizendo "roubado" pela equipe. Disparou contra o patrão, dizendo que a Brawn deu um show de como perder corrida. Esfriou a cabeça (ou esfriaram-na) e depois contemporizou, dizendo que não era bem assim.

Parece ter sido lembrado, pelo patrão, que a Brawn estava vendida diante da Red Bull. Mark Webber, afinal, venceu com facilidade mesmo depois de levar uma punição. E a Red Bull conquistou uma dobradinha incontestável. À Brawn caberia, com certo esforço, somar pontos.

A Brawn errou no segundo pit stop de Barrichello, atrapalhando-se no reabastecimento do carro. Um erro estranho, mas, até prova em contrário, um erro. A Brawn colocou pneus duros no carro de Barrichello no terceiro e último pit stop, uma decisão questionável mas, aparentemente, compartilhada com o próprio piloto. A Brawn trabalhou para inverter as posições entre Jenson Button e Barrichello nesta última parada, em uma tentativa evidente de fazer o líder do campeonato somar um ponto a mais que o companheiro de equipe. Bem, os dois últimos campeonatos foram decididos por um ponto de diferença, e Ross Brawn deve se lembrar disso.

Barrichello, por sua vez, não conseguiu abrir vantagem sobre Webber no começo da corrida. Não conseguiu ultrapassar Massa depois do primeiro pit stop. Não conseguiu locupletar-se da vantagem de ter menos combustível que a concorrência durante toda a prova, em função da estratégia de três pit stops. No cara-a-cara com Ross Brawn, Barrichello deve ter recebido de volta um "errei, erramos" e, no melhor estilo samba canção dor-de-cotovelo, percebeu que falou demais após a corrida.

Em sua 17ª temporada de Fórmula 1, com 37 anos de idade, Barrichello segue como tema principal de piadas e chacotas. Ontem, durante a transmissão na Bandeirantes - BandNews FM, comentei que Webber tirava de Barrichello o incômodo título de piloto que mais disputou GPs até conquistar a primeira vitória. Assim que saí do estúdio, um graduado colega da rádio comentou: "Então, quer dizer que agora o Rubinho é o SEGUNDO piloto também nesse quesito?".

Tuesday, July 07, 2009

Berne


Dermatobia hominis é uma mosca que, enquanto ainda se apresenta como larva, é conhecida como berne. O berne é um pequeno parasita, porém um grande problema. Uma vez presente em animais, especialmente bovinos, forma nódulos no hospedeiro, com a presença de uma ou mais larvas no interior.

É nojento esse Berne.

E uma das coisas mais sui generis que já vi é o tratamento para extrair essas larvas. Faz-se um curativo com gase e um pedaço de bacon (!). Esta estranha combinação reduz o ar e o bicho acaba botando a cabeça pra fora para respirar. Daí, é só puxar o parasita para fora.

Berne é nojento, nojento, nojento.

Berne é parasita, suga o sangue da vítima até deixá-la doente, fraca, às portas da morte. O que não deixa de ser uma enorme burrice. Berne parece não saber que, se matar a vítima, mata a si mesmo, por estar hospedado nela, por se parasitar nela.

Berne, esse nanico, é capaz de dizimar um rebanho inteiro, quem sabe de 20 bois, cavalos, carros (?).

Esta espécie possui um aspecto curioso no hábito de oviposição, pois precisa de um outro inseto, geralmente outra mosca, como vetor de seus ovos, para levar o berne até o hospedeiro e iniciar assim, seu ciclo biológico. Talvez essa outra mosca se chame, sei lá, Moslei?

Berne, o diminuto, não admite que o ignorem. Se algo chama mais atenção que ele mesmo - um acidente aéreo, um golpe de estado, a morte de um ídolo - sai apreogoando asneiras, louvando lunáticos, negando a história. Quer chamar a atenção, consegue, depois nega, diz que foi mal compreendido.

Berne talvez tenha se deixado atrair demais pelo bacon ($?), botou a cabeça para fora e sente que o puxam para longe das entranhas de seu hospedeiro.

Berne, o parasita, é nojento.

Monday, July 06, 2009

"Mas ficou tudo de lugar..."

"Alessandra, está escrevendo em algum outro lugar agora? Onde posso acompanhar seus bons textos? Te conheci no GP Total e tenho acompanhado este blog, às vezes interessado, outras menos.
Me pergunto por que tão poucos comentários. Uma jornalista assim, tão informada, eloquente, com textos tão caprichados (me desculpo pela sinceridade: um pouco menos "esforçados" ultimamente)(...)"


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Corrida Corpore Bombeiros - 10 km
Desempenho em 2008 - 49min16 (16º lugar na faixa etária)
Desempenho em 2009 - 52min52 (27º lugar na faixa etária)

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Os dois blocos de texto, acima, aparentemente não têm relação um com o outro? Tem, sim. Poucos textos no blog, como reparou o leitor Edu, no post abaixo (falando em nome de outros, tenho certeza, e com total propriedade). Desempenho sensivelmente pior nas minhas corridas.

A estes, eu poderia acrescentar outros, como contatos escassos ou quase nulos com amigos e ritmo de leitura muito menor. São todos produtos do mesmo fenômeno, amigos: falta de tempo, excesso de trabalho. Este ano de 2009 não está nada fácil, fazendo-me sacrificar coisas muito caras a mim, como escrever no blog e treinar adequadamente.

O diabo é que essas coisas, tão caras, estão na gaveta dos afazeres que me dão prazer, mas não contribuem com o vil metal no fim do mês.

O comentário do leitor, abaixo, e o desempenho piorado, na corrida de ontem (depois, quando der, falo sobre ela...) chamaram atenção para algo que eu já sabia, de velho: por mais que a gente se sinta polivalente, ninguém é super herói. Não dá para fazer tudo e, às vezes, as coisas mais prazerosas são as que mais padecem.

Mas, otimista, espero colocar ordem no meu cotidiano nos próximos meses, voltando a ter um blog atualizado e com textos dignos. E correndo dez quilômetros em menos de 50 minutos!

E, agora que escrevi e publiquei isso, virou compromisso. Cobrem-me!

Thursday, July 02, 2009

Trilegal



Não tive tempo de postar ontem, o que foi uma pena. Deveria ter registrado meu sonho. Contei, de viva voz, para quem pude: para meu filho, minha mãe, professores e colegas da academia, gerente e segurança do banco... "Sonhei que o jogo de hoje vai terminar em 2 x 2."

Jornalistas, se você não sabe, torcem menos para seus próprios times e mais para suas teses. Se, antes do jogo, prevêem uma derrota de sua equipe, são capazes de torcer contra ela, só para ver sua teoria confirmada. Descobri, ontem, que isso não vale para mim em relação ao Corinthians.

Depois de fazer 2 x 0, desejei ardentemente que meu sonho não se realizasse.

Só que eu tinha antecedente... Em julho de 2007, sonhei que Raikkonen seria campeão. Naquele período, com a McLaren bombando no Mundial, ninguém apostaria nisso. E deu no que deu.

Pior é que minha intuição sinalizou mais, assim que começou o jogo. No primeiro ataque do Corinthians, olhei para a meta defendida pelo goleiro Lauro, do Inter, e pensei: "Só entra bola nesse gol, hoje". Estou ficando com medo de mim!!!

Mas estou muito feliz por mais um título neste ano e, mais ainda, pela perspectiva de disputar a Libertadores no ano do centenário do Corinthians.

Pela segunda vez, o Corinthians conquista uma Copa do Brasil em Porto Alegre. Somos três vezes campeões nesse torneio. Sei que não é um tricampeonato genuíno. Bi, tri, tetra, penta só devem ser assim considerados quando são na sequência mas, quem se importa? Somos tri. Conquistamos o tri nos pampas. Trilegal!