Monday, September 29, 2008

A queda do império

Mais do que uma trapalhada, o erro da Ferrari no pit stop de Felipe Massa revela uma equipe em decadência. Esta é a minha opinião, em detalhes no GPTotal. E a sua, qual é?

Saturday, September 27, 2008

Adeus, Doc Hudson


Paul Newman gostava tanto de corridas que tornou-se até dono de uma equipe, na Fórmula Indy. Mais: participou de corridas como piloto, como está bem descrito aqui, no texto de quem mais entende desse negócio de corridas.

Símbolo de beleza masculina para a geração da minha mãe, Paul Newman era, para mim, um belo senhor de olhos azuis que sempre me divertia em suas entrevistas, com um mau humor delicioso, como aconteceu uma vez no talk show de David Letterman, outro apaixonado por automobilismo.

Desde 2006, na minha casa, Paul Newman passou a ser simplesmente a voz de Doc Hudson, talvez o personagem mais mítico do filme "Carros", protagonista da cena que mais me emocionou no filme, quando o veterano carro de corridas retorna a um circuito depois de muitos anos e é ovacionado pela platéia. Quando "Carros" foi lançado, lembro de ter dito que nenhum outro ator poderia ter feito a voz do velho Hudson Hornett. Se fizerem continuação, vai ser difícil substituir.

RIP, Doc Hudson.

Friday, September 26, 2008

Cidade-estado


Malásia, Turquia, China, Bahrein. Depois de fincar sua bandeira, nos últimos anos, em países que nunca tinha recebido provas de Fórmula 1, a categoria chegou neste final de semana a Cingapura. De todos, foi o que me despertou maior curiosidade.

Ler sobre Cingapura me fez voltar aos tempos de colégio, quando o termo cidade-estado era mencionado no capítulo da Grécia Antiga. Mas, hoje, a denominação de Cingapura como cidade-estado está relacionada ao fato de que ela, a cidade, é ao mesmo tempo todo o país. Um país minúsculo encravado na Malásia, com alto nível de desenvolvimento econômico.

Para não ficar só na base do Google, fui buscar informações junto a quem conheceu o país recentemente. Meu amigo Geraldo Caldeira, médico especialista em Reprodução Humana, esteve no país para o Congresso Mundial de Ginecologia e Obstetrícia do ano passado. Na época, contou-me sobre a viagem e resolvi retomar suas impressões sobre o lugar.

Impressionado é pouco para descrever dr. Geraldo quando voltou da viagem. Começou pelo aeroporto, um dos maiores do mundo. Achou que o número do portão estava errado na passagem - A80. "Não é possível, deve ser 8, ou 18". Era 80 mesmo. Imagina a singeleza do lugar.

Ao sair pelas ruas, novo espanto. Cingapura foi colônia inglesa até a metade do século passado, por isso conserva a mão de direção trocada nas ruas e nos volantes dos veículos. Outro dado impressionante para o médico foi a limpeza do país. Lá, a lei impõe multas pesadíssimas a quem jogar sujeira na rua. O mesmo vale para qualquer tipo de vandalismo.

Ele comentou uma história muito popular no país sobre o tema. Um norte-americano foi pego pixando um muro e recebeu como pena levar vinte chibatadas em praça pública. O presidente dos EUA à época, Bill Clinton, interveio em favor do compatriota, alegando que esse tipo de gesto era comum no Ocidente, visto como liberdade de expressão. As autoridades do país torceram o nariz mas atenderam o ex-presidente. Diminuíram a pena do cabra para apenas dez chibatas. E deportaram-no na seqüência!

Meu querido Luis Fernando Ramos, o Ico, que está em Cingapura, cobrindo in loco pelo sistema Band de rádio e pelo jornal Lance! que se cuide...

Wednesday, September 24, 2008

Só falta ver Deus



Desde seus tempos de GP2, sempre gostei de Lewis Hamilton. Sua estréia na Fórmula 1 foi acachapante, principalmente por desempenhos como no GP do Japão, sob chuva intensa, e pela regularidade entre os primeiros colocados ao longo de quase todo o campeonato. É certo que ele parecia favorecido dentro da equipe e mesmo fora dela, com decisões algo questionáveis de uma Fórmula 1 que se mostrava, como eu mesma, encantada pelo ímpeto do rapaz.

Na polêmica acerca da ultrapassagem sobre Raikkonen, na Bélgica, alinhei-me junto dos que consideraram injusta a punição. Eu, Lauda, Emerson e outros achamos que sim, Hamilton levou vantagem, mas devolveu a posição, o que deveria, na nossa opinião, encerrar o assunto.

Mas eis que a McLaren apela da decisão, a FIA convoca uma audiência, Hamilton vai depor e se sai com a seguinte frase, em um bate-boca com um dos advogados da Ferrari: "Sou piloto desde os oito anos de idade e sei muito bem como ultrapassar, e é por isso que sou o melhor no que faço."

Penso que auto-confiança é um ingrediente fundamental do sucesso. Só é vitorioso quem, antes de tudo, se considera capaz. Acreditar que é o melhor, invencível, insuperável por ser um combustível poderoso, mas entre acreditar nisso e apregoar isso, ultrapassa-se o limite da auto-confiança para a arrogância.

A conduta de Hamilton, dentro e fora da pista, muitas vezes tem suscitado comparações com Ayrton Senna. E esse tipo de reação, que me perdoem os sennistas radicais, também os aproxima. Senna também se considerava o melhor, ungido por Deus para ser campeão de tudo e reagia a toda derrota como se fosse uma grande injustiça, uma cena fora do script divino.

Se o inglês continuar seguindo a mesma cartilha, vai acabar vendo Deus em alguma saída de curva logo, logo.

Tuesday, September 23, 2008

Ela é Barbara

Não era sem tempo! A jornalista Barbara Gancia tem agora seu blog, com suas tiradas venenosas, sua antena ligadíssima e várias referências à Fórmula 1. Já pra lá, moçada!

Monday, September 22, 2008

Massa mudou

Em 26 de março deste ano, eu disse que não acreditava em Massa. E agora? O que eu digo? Quer saber? Vai até o GPTotal, e depois comente.

Monday, September 15, 2008

Não é, mas parece



Antes de qualquer coisa, quero pedir desculpas aos leitores deste blog pela negligência nos últimos tempos. O excesso de trabalho, basicamente, não permitiu que eu desse a atenção merecida nem à produção de novos posts, nem às respostas aos comentários. Vou tentar compensar nos próximos dias.

Começo fazendo algo que há muito eu não fazia - escrever sobre música.

A idéia é inaugurar uma nova seção - "Não é, mas parece" - comparando músicas de certos artistas que parecem feitas por outros. Vamos ver como rola, podendo estender o conceito também para outras formas de manifestação cultural - livros, por exemplo.

Inauguro a seção - já convidando os leitores a comentar e acrescentar à vontade - falando sobre... The Beatles!

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Antigamente - e quando digo antigamente estou me referindo a séculos atrás - era comum artistas consagrados assinarem obras de seus pupilos, como prova do bom trabalho feito pelos jovens aprendizes. Quem assistiu ao filme Camille Claudel há de se lembrar com que afinco a bela aluna perseguiu a honra de ter uma peça sua assinada pelo professor, Auguste Rodin. (É certo que ela também queria que ele "deixasse sua marca" em vários outros sentidos, e acabou ficando lelé por causa do gênio, mas isso é outra história.)

Nos tempos modernos, tal hábito não se mantém, mas há autores reconhecidos como geniais que talvez sentissem orgulho em assinar obras de artistas que os sucederam. Selecionei duas músicas, compostas por dois grupos diferente, e em épocas muito distintas, que revelam, na minha opinião, fortíssima influência dos Beatles. Lennon & McCartney, aliás, continuam se espalhando por obras diversas nos últimos quarenta anos. As duas selecionadas servem mais como pontapé inicial, e foram escolhidas justamente por virem de grupos tão diferentes entre si.

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Virgínia - Mutantes
Quase contemporânea dos Beatles (a música foi lançada em 1971, no ano seguinte ao fim do quarteto inglês), Virgínia tem tudo de Beatles - a melodia lembra, levemente, "Martha, my dear". A letra, inspirada na irmã de Rita Lee, a própria Virginia, tem a melancolia das "silly love songs" dos primeiros anos. E o arranjo, de Rogerio Duprat, incorpora os naipes de metal que os Beatles começaram a usar depois de Sgt. Pepper´s. Um detalhe curioso sobre o lançamento desta canção: a primeira gravação aconteceu em Paris, em 1970, para o disco "Technicolor", com letra em inglês. O disco não foi lançado na época, permanecendo inédito até o ano 2000. Na volta ao Brasil, os Mutantes capturaram algumas músicas gravadas em Paris e as lançaram no álbum "Jardim Elétrico" (a própria Technicolor, El justiciero e também Virginia, gravada dessa vez em português). Na letra em português, há a seguinte menção: "eu me lembro de janeiro, quando o sol me deu você". Vertendo-a para o inglês, Arnaldo, Sergio e Rita tiveram o cuidado de adaptar o conteúdo à estação do ano, e o verso ficou assim: "I remember January, when the sky was gray and cloudy" (ou seja, "eu me lembro de janeiro, quando o céu estava cinzento e nublado"). Como descendente de norte-americanos e fluente em inglês desde a infância, desconfio que a sacada da letra em inglês foi toda da dona Rita. Entre 2006 e 2007, quando voltaram a se apresentar juntos, sem Rita, os Mutantes sempre incluíam Virginia em seus shows, cantando-a de um jeito bem simpático, na maioria das vezes - mesclando a letra em inglês com a letra em português.

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Stuck in a moment you can´t get out of - U2
A banda irlandesa U2 nem está entre as mais comparadas aos Beatles. Nos tempos mais recentes, o cetro sem dúvida iria para o Oasis, nem tanto pelo que se assemelham aos Fab4, mas pelo que querem parecer (ui, que maldade!). O U2 tem personalidade própria e, ao longo dos últimos 25 anos, sempre soube se reinventar, inclusive arriscando em sonoridades por vezes estranhas - como fizerm em "Achtung Baby", disco de 1991 cheio de dissonâncias. Em 2000, lançaram o álbum "All that you can´t leave behind", com megasucessos como "Beautiful Day" e "Walk on", além dessa "Stuck in a moment you can´t get out of" que, na minha opinião, não faria feio se estivesse, por exemplo, entre as canções de "Let it be", dos Beatles. Bono talvez nem tenha tido a intenção, mas quando pronuncia frases como "I never thought you were a fool, but darling, look at you", praticamente revive John Lennon e seus conselhos edificantes.

Agora, é com vocês. Que músicas de outros artistas poderiam ser "assinadas" pelos Beatles?

Sunday, September 14, 2008

O futuro chegou



A primeira vitória de Sebastian Vettel na Fórmula 1, hoje, no GP da Itália, foi o prenúncio de uma carreira de títulos e recordes. Não tenho receio em fazer tal afirmação.

Como eu disse na transmissão da Band News/Bandeirantes AM, piloto bom chega "chegando". Nestes quase 25 anos de Fórmula 1, primeiro como espectadora e, depois, como jornalista, vi isso outras vezes. Poucas vezes. Vi Ayrton Senna, Michael Schumacher, Lewis Hamilton. O inglês, diga-se, beneficia-se de ter estreado por uma equipe de ponta. Senna, Schumacher e Vettel vieram do fundo do grid e não tomaram conhecimento dos medalhões.

O bônus de Vettel, sobre Senna e Schumacher, é sua extrema simpatia, sua alegria em correr. Senna e Schumacher, cada um a seu jeito, pareciam soldados carregando o fardo de vencer a qualquer custo. Vettel não parece carregar fardo nenhum. Em sua primeira vitória, expressava apenas felicidade. Nesse aspecto, aproxima-se muito mais de Valentino Rossi.

Para o campeonato, o GP da Itália foi excelente. Hamilton e Felipe Massa à frente, separados apenas por um ponto. Hamilton, comendo adversários impiedosamente na pista de Monza, saltando de 15º na largada para sétimo, no final. Massa, sexto no grid, sexto na chegada, fez o que lhe bastava para se manter vivo na luta. Chegou à frente de Hamilton. Em resumo, e as palavras são dele, pilotou mais uma vez como "um bundão". Vejo a cautela de Massa como sinal de amadurecimento. Sua natureza é a do piloto rápido, pé pesado, arrojado. Pilotar como um bundão deve estar lhe doendo na alma, mas perder o título por afobação certamente doeria mais.

No pódio, ao lado de Vettel, outros dois bundões - Kovalainen e Kubica. Sem espetáculo, sem erro. A Fórmula 1, afinal, já consagrou diversos bundões - Alain Prost como o maior deles. Não é mau negócio, portanto, ter traseiro grande nesse mundo em que é preciso pedir desculpas por quase toda ultrapassagem.

Monday, September 08, 2008

O bom e o marvado

O sujeito chega à briga de galo e pergunta ao caipira: "Qual desses aí é o bom?" O caipira aponta um dos galos e o sujeito aposta no bicho indicado, que leva uma sova de dar dó. Terminada a luta, o bacana vai se queixar com o caipira. "Você me falou que esse era o bom!", ao que o caipira responde: "Pois é. O bom é esse. O outro é o marvado." Quem seria o galo marvado da Fórmula 1 atual? No GPTotal, minha análise do GP da Bélgica. Vai lá, vai.

Tuesday, September 02, 2008

No mundo do Lua

Já está no ar o programa que gravei para a RaceTV, com o simpático Carlos Cintra Mauro, o Lua. É só acessar aqui e me ver lá. Para quem não tem cadastro na RaceTV, é rapidinho. E daí você já fica com acesso para assistir a vários programas legais desse canal de corridas pela internet. Vai lá, vai.