Sunday, March 29, 2009

Nada mudou?


Brawn GP, quem diria...

"Será?", perguntei há alguns dias aqui neste mesmo blog. A dúvida se desfez. Não era fantasioso o domínio da Brawn nos primeiros e únicos testes de que participou, pouco antes do início da temporada.

Terminei a transmissão, na Bandeirantes/Band News FM, com um discurso emocionado, saudando a nova era da Fórmula 1, a nova configuração técnica dos carros e, sobretudo, a decisão da corrida sendo definida pela ação (acertos e erros) dos pilotos e não por estratágias de pit stops.

Fui dormir às 6h30 da manhã e acordei do sonho com um gostinho de ressaca na boca.

A duas voltas do final, uma luta suicida entre Robert Kubica e Sebastian Vettel deixou ambos fora da corrida. No ato, na rádio, alguns colegas contestaram a manobra, adivinhando eventual punição a Vettel. No ato, eu disse que seria absurdo punir quem quer que fosse ali. Eram dois pilotos testando limites - seus e dos carros. Acidente de corrida, na minha opinião. Inerente ao esporte, pois.



Pois puniram Vettel. O alemão encara o grid da Malásia já perdendo dez posições. A nova era da Fórmula 1 mantém idiossincrasias detestáveis do passado.

O esporte anda estranho, ultimamente. Para mim, esse tipo de julgamento é primo-irmão da condenação que alguns fazem de artilheiros habilidosos, que driblam zagueiros-joões sem piedade. Associam esse talento a humilhação. O que essa gente faria se visse o mítico duelo entre Arnoux e Villeneuve em Dijon-Prenois/1979? Do que essa gente chamaria Garrincha, ao vê-lo parafusar algum joão na lateral?

Friday, March 27, 2009

Pelados em Melbourne


E, enfim, começou. O 60º Campeonato Mundial de Fórmula 1 deu as caras, instalando nova ordem, invertendo papéis, tornando grandes os pequenos, jogando para o fim do pelotão alguns medalhões. Eu mesma, que procuro ser receptiva a mudanças, ainda estou estranhando o visual dos carros, com aquele aerofólio dianteiro tipo colheitadeira, aquela asa traseira diminuta. Pela primeira vez, olho para os carros e me parecem saídos de outra categoria, não de Fórmula 1. Mas, como sempre, vamos nos acostumar a eles.

Os dois primeiros treinos livres foram acachapantes, consagrando a Williams de Nico Rosberg. Sobretudo, consagrando a turma com difusor. Isso ainda vai dar muito o que falar, esperem. Treino livre não serve para nada? As grandes estão escondendo o jogo? Não acredito. Acredito que as grandes - Ferrari, McLaren, BMW, Renault - contam com mais recursos para desenvolver seus carros ao longo da temporada, podem evoluir mais que as pequenas e médias. Mas, por enquanto, o que se tem é um grupo de equipes que sacou esse difusor das entrelinhas do regulamento e está se dando muito bem. Se esses carros têm confiabilidade para aguentar as 60, 70 voltas de uma corrida, o tempor dirá.



Dois grandes destaques dos primeiros treinos em Melbourne - Williams e Brawn: os carros mais pelados do grid. A confirmar os bons resultados, isso deve mudar em breve. Não faltarão marcas interessadas em estampar seus logotipos em carros vencedores. A primeira visão deles, tão clean, foi um contraste interessante.

Em tempo: respondendo a alguns leitores, parentes, amigos e conhecidos. Sim, estarei nas transmissões da Bandeirantes AM/ Band News FM neste ano, ao lado dos bambas Odinei Edson, Luis Fernando Ramos (nosso repórter nas corridas), Fábio Seixas, Jan Balder e Cacá Bueno. Quem quiser sintonizar, anote: a Bandeirantes AM fica nos 840 kHz ou no FM 90,9 mHz. A Band News FM está no 96,9 mHz. Para quem está fora de São Paulo, é fácil sintonizar pelos sites de ambas as rádios. A transmissão do GP da Austrália deve começar às 2h20 do próximo domingo. Ouçam lá e depois comentem!

Thursday, March 26, 2009

Velha roupa prateada



"No presente, a mente, o corpo é diferente
E o passado é uma roupa que não nos serve mais."

Os versos de Belchior, em "Velha roupa colorida", na voz de Elis Regina, ecoaram na minha cabeça quando li as declarações de Lewis Hamilton feitas nesta quinta-feira, na Austrália. O atual campeão deu nota 4 para o MP4-24, modelo da McLaren para o Campeonato Mundial de Fórmula 1 que começa amanhã (hoje à noite, no horário de Brasília), em Melbourne.

Hamilton fez coro às palavras do chefão da Mercedes, Norbert Haug, que vislumbra a McLaren do meio do pelotão para trás. Os tempos obtidos por Hamilton e Heikki Kovalainen nos testes de inverno sinalizam a ruindade do carro. Nota quatro é nota vermelha, abaixo da média, não dá para passar. Hamilton, Haug e o time encostaram na parede e deram o alerta. "Estamos lascados!"

O atual campeão arriscou uma justificativa. A McLaren perdeu muito tempo, em 2008, trabalhando no carro que o levaria a seu primeiro título. Justificativa aceitável. (Embora não faltem sorrisos maliciosos e tiradas sarcásticas, reputando o desacerto do carro deste ano, totalmente novo, à falta das "dicas" escorregadas pelo ex-engenheiro da Ferrari, Nigel Stepney, pivô do caso de espionagem de 2007).

Enquanto a McLaren malhava no carro de 2008, a Honda entregava o campeonato para Deus e focava no modelo de 2009, baseado no novo e altamente modificado regulamento técnico. Ao que parece, o carro da ex-Honda, agora Brawn, nasceu bom, e assombrou o mundo. E o carro da McLaren é um pau torto, que deve morrer torto depois de consumir muita grana dos alemães. Porém...

Até agora, todo mundo correu contra um único adversário - o cronômetro, nos testes de inverno. Não que seja de se jogar fora. Afinal, a brincadeira de mostra-esconde nesse tipo de teste, dos anos anteriores, não faz muito sentido neste ano. Não haverá testes ao longo da temporada, portanto, a oportunidade ali era valiosa. Não tem muita lógica ir tão mal numa ocasião como aquela, para esconder o jogo. De qualquer maneira, a McLaren pode se locupletar do uso do KERS (desde que ele funcione bem, desde que ela consiga compensar o peso da geringonça), equipamento que a Brawn não terá tão cedo. Isso pode fazer alguma diferença?

Durante uma corrida, é provável que sim. Ao acionar o KERS, o piloto ganha velocidade. É como se o carro de Fórmula 1 tivesse sido "tunado", ganhando uma espécie de boost, como um turbo acionado ao comando do piloto. É uma baita novidade na Fórmula 1, embora o princípio seja comum no universo dos transportes (vou escrever mais sobre isso futuramente). E ninguém sabe direito como vai funcionar. De qualquer forma, a McLaren vai usar, e a Brawn não. Mas, ainda na bruma de incerteza que cerca o pré-GP da Austrália, não consigo imaginar que a McLaren vai salvar seu ano com o KERS nem que a Brawn vai perder o seu, sem o difusor da discórdia, caso seja considerado ilegal.

Pouco mais de doze horas nos separam do início do Mundial! Que venha o 60º Campeonato de Fórmula 1!

Wednesday, March 25, 2009

Será?


Amanhã à noite, horário de Brasília, os carros finalmente entrarão na pista de Melbourne para os primeiros treinos livres do Campeonato de Fórmula 1 deste ano.

Será que a até então improvável Brawn é mesmo favorita? Será que Barrichello, faltando um minuto para a meia-noite, viu sua abóbora transformar-se em carruagem?

Será que a McLaren de Hamilton está essa draga toda?

Será que os difusores da Brawn, da Williams e da Toyota serão considerador ilegais? Sobre isso, leia o ótimo post do meu brother Luis Fernando Ramos, o Ico, que já está lá na terra dos cangurus.

O que você acha sobre essas questões todas? Vamos, dê seu palpite. Prometo dar o meu antes que os motores comecem a roncar.

Monday, March 23, 2009

Haja fôlego...


Fui passar o final de semana na praia, no Guarujá (putz, agora o blog ficou parecendo redação de escola, ou melhor, "composição", como se dizia no meu tempo). Estimulada pelo fato de que este era o último final de semana antes do início da Fórmula 1 - e meio por birra, para desafiar a chegada do outono - desci a serra na manhã de sábado.

Céu nublado, chuvinha intermitente. Não daria aquela praia com p maiúsculo, mas há mais o que fazer na orla além de ficar quarando no sol. Enquanto os rapazes ficaram cavando buracos na areia, resolvi fazer um percurso que ouvi outro dia, no ótimo programa Fôlego, da Rádio Bandeirantes, dedicado à corrida de rua apresentado pelo Ricardo Capriotti e pelo Sergio Patrick, todo domingo, às 8h30.

Em janeiro, o programa foi apresentado justamente de lá, do Guarujá, e foi entrevistado um corredor de rua da cidade. Em dado momento, o rapaz mencionou o trecho Astúrias-Enseada e, não sei se fizeram alguma confusão ou se eu que ouvi mal, o fato é que fiquei com a idéia de que o percurso, ida e volta, daria 10 km. Beleza, é com esse que eu vou (clique no mapa para ampliar), pensei na tarde de sábado, e saí das Astúrias em direção a Pitangueiras, passando pelo Morro do Maluf e alcançando a longuíssima Enseada.

Comecei a perceber que algo estava errado quando já tinha uns vinte minutos de corrida, a avenida estava no número mil e poucos e ainda faltava um bocado de orla para acabar. Eu não estava em ritmo ofegante, mas estava bem forte, o que me permitiria fazer os 10 km em, digamos, 52/53 minutos. Olhava para a frente e via um pedação de terra ainda, e já tinha passado dos trinta minutos. Fui em direção ao Morro das Tartarugas e o alcancei quando o relógio marcava 47 minutos. "Nem a pau que isso aqui tem 5 km!" Dei uma paradinha de um minuto e meio e voltei, fazendo a segunda perna em 43 minutos (para aumentar o ritmo, comecei a fazer uns tiros de 200 metros, aproximadamente, a cada quilômetro). Cheguei de volta às Astúrias em 1h30. Definitivamente, o trajeto tinha mais de 10 km.



À noite, saímos de carro e resolvi medir o trajeto, já que é possível fazer, de carro, exatamente o percurso de ida. Sabe quanto, Capriotti? Sabe quanto, Patrick? 8,5 km cada perna! Portanto, minha tarde de sábado foi coroada com um excelente treino de 17 km. Recomendo a todos os corredores da Baixada ou de folga no Guarujá. Além do visual ser perfeito, a praia da Enseada tem um calçadão largo, ao lado de uma ciclovia, o que torna o lugar ainda mais agradável de correr.

Friday, March 20, 2009

Dias lindos é o c...


Falta menos de meia hora para terminar o verão.

O outono chega hoje, dia 20 de março, às 8h44, segundo disse o meteorologista pelo rádio, agora cedo. E, com o outono, chega aquele ventinho gelado no final da tarde, chega o tempo das folhas caídas e daquele sol no horizonte, que torna impossível dirigir em determinadas horas do dia, sem um bom par de óculos escuros.

E chega o tempo de trombar - aqui e ali - com referências tantas à crônica de Carlos Drummond de Andrade, que dá nome a um de seus livros: "Os dias lindos". Nessa crônica, Drummond fala justamente dos dias de abril, louvando sua beleza.

Quem lê esse blog há mais tempo sabe o quanto gosto de Drummond. Mas, sinto muito, querido poeta, não cerro fileiras ao seu lado, na louvação ao outono.

O outono, para mim, é um inverno sem coragem, uma fase de transição que não se decide em ser quente ou ser fria. Um meio termo bem pior que a Primavera, posto que esta prenuncia o verão.

O outono é o começo da hibernação, prenúncio de dias acanhados, encolhidos. O outono é a natureza nos dizendo "recolham-se, fechem-se, protejam-se, aí vem o pior". Não me agrada o recolhimento, a hibernação - gosto de janelas abertas, de sol, de calor, do horário de verão, dos dias que demoram a terminar.

Já são quase 8h44, o horário marcado para o distinto chegar. Chegue, pois. Eu talvez até releia a crônica de Drummond, não sem esperar pela boa nova, trazida nos versos de Ronaldo Bastos, na parceria com Beto Guedes:

"Quando entrar setembro
E a boa nova andar nos campos
Quero ver brotar o perdão
Onde a gente plantou
Juntos outra vez...

Já sonhamos juntos
Semeando as canções no vento
Quero ver crescer nossa voz
No que falta sonhar...

Já choramos muito
Muitos se perderam no caminho
Mesmo assim não custa inventar
Uma nova canção
Que venha nos trazer...

Sol de primavera
Abre as janelas do meu peito
A lição sabemos de cor
Só nos resta aprender."

(Sol de Primavera, Beto Guedes e Ronaldo Bastos)

Wednesday, March 18, 2009

Ronaldo by Mauricio de Sousa



Adorei a homenagem que o Mauricio de Sousa fez ao Ronaldo. O desenho foi entregue ao Fenômeno ontem, no Parque São Jorge. Mauricio já eternizou outros jogadores, transformando-os em personagens, como Pelezinho e Ronaldinho Gaúcho.

Mas, é impressão minha ou o desenhista foi pra lá de econômico ao desenhar os dentes do Fenômeno? Ele é mais dentuço que isso, não é? Mônica, aquela chatinha autoritária, tem dentes maiores que os desse desenho, não tem?



Crédito da foto - Divulgação Corinthians

Tuesday, March 17, 2009

Losers



"O segundo colocado é o primeiro entre os perdedores."
Ayrton Senna






"Um vencedor, dois perdedores."
Relâmpago McQueen



Hoje, o Conselho Mundial da FIA tornou o número de vitórias o critério determinante para definir o campeão da temporada. Será campeão quem ganhar mais provas, não quem somar mais pontos. Ou seja, tornaram regra o que, até agora, era frase de efeito.

E se alguém desembestar a ganhar corridas logo no começo da temporada, como Schumacher fez em 2004 (venceu oito das nove primeiras)? O campeonato termina em julho.

Que beleza...

Top 5

No post "Vamos falar de homens (com todo o respeito)", mencionei que o francês Sebastien Loeb entraria fácil na lista dos meus cinco pilotos preferidos de todos os tempos. Falando em termos de atributos bem além da pilotagem, naturalmente. Os cinco abaixo listados não são todos pilotos geniais, mas não tenho culpa se, na discussão sobre o melhor piloto de todos os tempos, o item beleza passaria longe de totens do automobilismo, como Senna, Schumacher, Fangio, Prost ou Nuvolari.

Uma observação que, de certa forma, me causa alguma vergonha: os lindinhos aí de baixo são todos moldados praticamente na mesma forma - europeus, peles claras, olhos idem (quase todos). Eu adoraria apresentar uma lista mais miscigenada e politicamente correta. Fosse um rol de jogadores de futebol, seria fácil. De novo, a culpa não é minha: a Fórmula 1, esse funil estreito, é de fato a maior vitrine da elite branca mundial, para usar uma expressão que ele tanto usa.

Enquanto a Fórmula 1 não começa para valer e ficam todos aí teorizando (iludindo-se?)sobre os tempos da Brawn GP, com licença. Prefiro louvar a beleza do passado e do presente a me apegar a essa promessa de futuro.

Com vocês, os pilotos mais bonitos de todos os tempos:

François Cevert - o grande galã dos anos 1970. Com uma vitória apenas na Fórmula 1, morreu aos 29 anos, nos treinos para o GP dos Estados Unidos de 1973, em Watkins Glen, a mesma pista que assistiu sua única vitória. Morte trágica, horripilante: seu Tyrrell capotou e ele acabou degolado pelo guard-rail.




Alessandro Nannini - meu símbolo sexual na juventude. Outro que só tem uma vitória na Fórmula 1, justamente uma corrida cujo resultado eu detestei: GP do Japão de 1989, com a desclassificação de Ayrton Senna. Em 1990, sofreu um acidente de helicóptero e teve o braço direito decepado, depois reimplantado.


(que horror: um perde a cabeça, o outro perde o braço - qual será meu critério para eleger homens bonitos?)


Jenson Button - mais um que só tem uma vitória na Fórmula 1 (Hungria, 2006, a única vitória da equipe Honda). Button surgiu na Fórmula 1 em 2000 e foi logo alçado à condição de sensação pela imprensa inglesa. Escolhas erradas detonaram sua carreira (é, Jenson, nem todo mundo tem chance de consertar a própria vida...).


Fernando Alonso - caso raro de "beauty and brains". Beleza, cérebro, braço, talento, personalidade. Com dois títulos e 21 vitórias, é o maior vencedor da atualidade. Planeja ficar Fórmula 1 por pelo menos mais dez anos (palavras dele), o que pode contribuir para que suas estatísticas cresçam ainda mais.


Sebastien Loeb - o único piloto de fora da Fórmula 1. No último domingo, alcançou sua 50ª vitória no Mundial de Rali, ao vencer a etapa do Chipre. Pentacampeão, sempre pela Citroën, o francês de 34 anos é considerado o Schumacher do WRC, com a vantagem de ser incomparavelmente mais bonito.

Friday, March 13, 2009

Escolha feita



Meu coração está em paz. Das bobagens que já fiz na vida (atire a primeira pedra quem não fez as suas também), talvez a mais pública e notória tenha sido minha aposentadoria. Em 13 de outubro de 2007, neste mesmo blog, anunciei que estava me aposentando do "cargo" de corintiana. Eram trinta anos de serviços prestados, o Corinthians só dava vexame, dentro e fora do campo, eu me sentia tendo doado muito mais do que recebido, pedi as contas, peguei o boné, fui.

É claro que não me tornei indiferente a ele de uma hora para outra. Mas efetivamente mudei minha atitude em relação ao Timão. Já não deixava de sair para ficar em casa assistindo aos jogos televisionados, sofria muito menos (até em situações como a perda da Copa do Brasil, na final contra o Sport) e chegava até a zapear por outros canais nos eventuais jogos que vi. Saiba, leitor querido: para quem me conheceu roendo as unhas em frente à TV, essa mudança de comportamento teve o valor de uma revolução.

Mas aí veio 2009, título na Copa São Paulo. Meu coração começou a se reaquecer por aquele que, afinal, nunca deixou de ser um grande amor. Passei a me lembrar, cada vez mais, de tantos bons momentos vividos. Sofremos? Claro, isso é normal em uma relação de longo termo, que atravessa crises. Mas o amor se manteve e o saldo - e isso foi se tornando evidente - era amplamente positivo.

Como esquecer tantas conquistas? O bi-Paulista, em 1982/1983, o primeiro Brasileiro, em 1990, o inesquecível ano de 1995, com a primeira Copa do Brasil e a vitória sobre o Palmeiras, na final do Paulista, o bi-Brasileiro, em 1998/1999 e, torçam o nariz se quiserem, como esquecer aquele janeiro de 2000, que nos brindou com o título do primeiro Mundial Interclubes organizado pela Fifa?

Aquele janeiro de 2000 no qual eu trazia no ventre um futuro corintiano. Pelo menos, era isso que eu pensava, ou ardentemente desejava. A tarefa me parecia fácil. Meu marido - do alto de sua generosidade (ou devo dizer: de sua indiferença por futebol?) - não ofereceria resistência. O Corinthians vinha de conquistas vultosas naqueles meses. E, last but not least, o obstetra que me acompanhou durante todo o pré-natal e que fez o parto é um corintiano daqueles de dar orgulho em Vicente Matheus e Elisa juntos. Sendo o primeiro ser humano a tocar no rebento, o faria como se ungisse a criança com os óleos sagrados do corintianismo.

Mas a vida às vezes nos confunde. O ritual de 2000 foi se desvanecendo em uma bruma tricolor que tomou conta da geração século 21. Quando meu filho começou a se interessar, ainda que levemente, por futebol, o São Paulo bombava. Ajudava, no pendor para tal time, a influência da tia adorada. Resultado: ao ser perguntado sobre o time do coração, o pequeno começou a se definir como são-paulino. Apertou meu coração mas, estando eu mesma afastada do grande amor, achei até natural. Como um castigo pela minha negligência, por ter deixado minha família alvi-negra às portas da desintegração (afinal, mesmo desligado de futebol, meu marido não deixa de ser alvi-negro, pelas raízes santistas de quem nasceu na terra que consagrou Pelé).

Mas veio 2009. Veio o nove. Veio 8 de março e aquele gol aos 47 minutos do segundo tempo, contra o Palmeiras. Um gol de empate, um gol redentor, um gol que fez a família (avó, tios, primos), reunida em um churrasco, vibrar em uníssono. Um gol que fez o pequeno ex-são paulino pular e gritar e bradar o nome de Ronaldo, Ronaldo, Ronaldo.

No dia seguinte, volta da escola regozijando-se do feito. Do gol de Ronaldo e da oportunidade de congratular-se com colegas e com os dois professores de Educação Física - "corintianos como eu, mamãe". Parece, pela primeira vez em seus quase nove anos de vida, interessado em ir ao campo. Na quinta-feira, após a vitória de virada sobre o São Caetano, gol de Ronaldo, não via a hora de chegar à escola e perguntar ao novo amigo ("corintiano como eu"), como tinha sido a experiência de ver in loco a estréia do camisa nove no Pacaembu. E me pede, com sinceridade no olhar, para eu lhe comprar uma camiseta, com os dizeres: Eu nunca vou te abandonar... Por que eu te amo!

(crédito da foto: Cesar Greco /FOTOARENA / Parceiro / Agência O Globo)

Wednesday, March 11, 2009

Pra inglês ver?


Slavica Ecclestone, já agora ex-esposa de Bernie, teve aceito seu pedido de divórcio. Alegou "mau comportamento" do bofe (teria sido pior que o de seu colega Max Mosley?), e que tal comportamento a submeteu a "estresse e ansiedade".

Ele, 78. Ela, 50.

Um jovem interlocutor meu arriscou: o problema dele é ser velho e rico. No divórcio, ela tiraria dele a única coisa que ele ainda pode lhe dar - dinheiro.

Meu palpite: fachada. No início da crise financeira, ventilou-se a informação de que Bernie estaria perdendo muito dinheiro com suas aplicações. Já cansei de ver casal classe média que se separa diante da bancarrota. O marido passa os bens para o nome da mulher, que vira ex, e assim se salva o apartamento, o sítio, o Astra e o Corolla. Por que não usar o mesmo expediente quando o que se tem a perder é muito, mas muito mais?

Vamos falar de homens (com todo o respeito)



São Paulo, manhã de terça-feira nublada, porém abafada, sigo para o sofisticadíssimo Shopping Cidade Jardim, para a coletiva de imprensa da Citroën. A marca está entre os clientes que atendo junto com meu marido, e é sempre um prazer participar de seus eventos, por várias razões. As pessoas com que trabalhamos lá são ótimas - Carlos Costa, meu antigo chefe na Ford, Rogério Franco, Danielle Amadio, Fabiano. Os eventos são sempre bem organizados e divertidos, tenho a oportunidade de reencontrar colegas jornalistas com quem trabalhei em períodos anteriores e, um bônus, nessas ocasiões posso ouvir um pouco de francês e tentar desenferrujar o idioma.

A programação de ontem tinha múltiplos propósitos: apresentar a nova identidade visual da Citröen (ah, que gostoso! em francês, não nos privam do trema), lançar para a imprensa o novo e belíssimo C4 hatch e apresentar o novo presidente da companhia no Brasil. O evento aconteceu no cinema do shopping, e tinha razão para que fosse assim. A pièce de résistance da programação foi a exibição de um curta metragem, feito na França, sobre a nova identidade da Citroën. Um filminho nos moldes do seriado CSI, sobre o fictício roubo de um exemplar do DS Inside, carro conceito da Citroen.

Well, well, well...




No escurinho do cinema, sentada ao lado do meu marido, busquei nele mesmo a inspiração para este post. Eis que, em determinado trecho do filme, surge um dos maiores pilotos de rali de todos os tempos, o pentacampeão Sebastien Loeb, que corre pela Citroën no Mundial de Rali. Na hora, lembrei da série "Vamos falar de mulheres (com todo o respeito)", um dos destaques do blog PandiniGP. Nomes como Penélope Cruz, Patricia Pillar, Paula Toller e outras zinhas já foram destacadas lá. Pois aqui vai minha resposta.

Que Raikkonen, que Button, que Nico Rosberg, o quê!

Na minha opinião, Sebastien Loeb é o piloto mais bonito da atualidade, e entraria fácil na lista dos cinco mais bonitos de todos os tempos.

Manifestem-se vocês (de todos os sexos), sem preconceito.