Monday, November 15, 2010

Nada do que foi será...



A singela "Como uma onda", de Lulu Santos e Nelson Motta, é uma espécie de hino existencialista com a humildade de quem se sabe só poeta raso, e não filósofo. Mas, no embalo zen de um surfista hedonista, tem estes versos que prenunciam a revolução: "nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia/ tudo passa, tudo sempre passará".

O título de Sebastian Vettel em 2010 me acendeu a esperança de que, talvez, uma revolução esteja em marcha. Nós, macacos velhos da Fórmula 1 (27 anos nas costas, no meu caso), passamos os últimos anos repetindo o mantra de que o jogo de equipe é tão antigo quanto a categoria. Sim, é verdade. Durante o GP do Brasil, conversei bastante com o ex-piloto francês Jacques Laffite, que correu entre 1974 e 1986, e hoje é comentarista da TV francesa. Laffite se mostrou totalmente convencido de que a Ferrari havia agido de maneira correta ao inverter as posições entre Felipe Massa e Fernando Alonso, no GP da Alemanha. Perguntei ao francês se, em sua carreira, ele havia passado por uma situação parecida com a de Massa. Com aquele charme parisiense, deu um sorriso maroto e respondeu: "Não, eu sempre era o Alonso da minha equipe."

A vitória de Vettel foi cantada em prosa e manchetes como o triunfo da ética sobre a armação, da verdade sobre a hipocrisia. Como alguns colunistas escreveram brilhantemente por aí, a postura da Red Bull, neste final de temporada, foi também uma extraordinária ação de marketing. Ao optar pelo não-favorecimento de nenhum de seus pilotos, a Red Bull uniu-se ao coro dos descontentes com a decisão ferrarista em Hockenheim. Ainda que a mesma Red Bull tenha enchido de descontentamento o veterano Mark Webber ao sacar de seu carro uma asa especial, e colocá-la no de Vettel, na corrida anterior a esta da Alemanha.

Mas, se a vitória de Vettel parece um divisor de águas, a corrida de Hockenheim também o foi. Aqui, no twitter, na academia, no cabeleireiro, escutei um quase uníssono de vozes, clamando pela luta aberta, pela não-armação. E fico pensando que talvez seja hora de nós, os símios anciões, pararmos de dizer que "sempre houve jogo de equipe na Fórmula 1, por isso temos de aceitá-la." Ora, sempre houve uma porção de coisas que hoje não queremos que continuem existindo. No nível da civilização, não aceitamos mais o racismo, a misoginia, a homofobia, a degradação do meio ambiente. Muitos destes conceitos foram aceitos durante parte da história da humanidade, mas resolvemos que seria melhor mudar.

A corrida de Abu Dhabi não trouxe nenhuma situação em que o jogo de equipe pudesse assumir o papel de protagonista. Se Vettel estivesse em primeiro, com Webber em segundo e Alonso em terceiro, o alemão abriria mão da vitória, para dar o título ao companheiro australiano? Jamais saberemos. Vettel chegou a dizer, em entrevistas anteriores, que cederia o espaço, de forma voluntária. A fala do jovem alemão, somada à opção declarada do dono da equipe, Dietrich Mateschitz, que disse preferir perder o título de forma limpa, a ordenar uma troca de posições, era por si só um jogo de cena perfeito. A Red Bull mantinha o discurso da disputa liberada, a equipe garantiria o título para Webber e Vettel assumiria o papel de esportista que sabe competir pelo time, mas por uma opção pessoal, não imposta. Mas este cenário esteve longe de acontecer, e saiu melhor do que a encomenda para a Red Bull, com Vettel campeão, sem troca de posição alguma.

Para a imagem da Fórmula 1, foi melhor assim. Como foi melhor para a Fórmula 1 que a McLaren não ganhasse o título de 2007, depois de confirmado que a equipe havia espionado segredos da Ferrari. Premiar a McLaren, naquela ocasião, ou a Ferrari, neste ano, seria dar um atestado de idoneidade para criminosos condenados.

Talvez, a via tortuosa pela qual o título terminou nas mãos de Vettel seja pedra fundamental para um novo tempo na Fórmula 1. Quero acreditar nisso. Quero ter certeza de que todos pensaremos desta mesma forma - prefiro perder o título a encenar um simulacro de corrida diante do público. Se todos estivermos de acordo que é melhor ver nosso ídolo sem troféu, mas com ficha limpa, então estarei ainda mais feliz por continuar amando este esporte.

Wednesday, November 10, 2010

Palpite e torcida


Sem mais delongas, uma enquete, duas perguntas:

1) Quem você acha que será campeão do Mundial de Fórmula 1 de 2010?
2) Para quem você está torcendo?

Votem e, se quiserem, justifiquem suas escolhas. Valendo!

Saturday, November 06, 2010

GP do Brasil, sábado

Neste dia histórico, com a primeira pole da carreira de Nico Hulkenberg, um breve álbum de flagrantes do sábado em Interlagos.


Gabriel Prado, repórter da Bandeirantes, e eu, com o cabelo vencido pela chuva (de novo!)


Odinei Edson narra, Cacá Bueno comenta; ao fundo, Sergio Patrick


Velhos companheiros: Emerson e Jan Balder


O fã da Ferrari manda um recado à equipe: deve ser torcedor do Massa, concordam?