Sunday, October 31, 2010

31 de outubro de 2010

Maria, Maria
É um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece
Viver e amar
Como outra qualquer
Do planeta

Maria, Maria
É o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri
Quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força
É preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria
Mistura a dor e a alegria

Mas é preciso ter manha
É preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania
De ter fé na vida....

(Obrigada, Mauro Chazanas)


Sunday, October 24, 2010

Manual de autoajuda Fernando Alonso


Terminado o GP da Coreia do Sul, escrevi a seguinte frase no Twitter: "Como é largo esse Fernando Alonso". De fato, à primeira vista, a vitória do espanhol pareceu uma sequência de lances de sorte. Primeiro, o acidente de Mark Webber. Depois, o motor estourado de Sebastian Vettel. E, assim, Alonso saiu da Coreia como líder do campeonato. Mas faço minha penitência já: não pode ser creditada só à sorte a jornada vitoriosa do espanhol no primeiro grande prêmio disputado naquele país.

E nem vou me ater às questões de perícia do bicampeão. Alonso pode ser manhoso, dissimulado, amoral até, como dizem alguns, mas é um extraordinário piloto. Nada de novo nisso. Manter-se íntegro em uma prova com condições adversas pode ser tudo, menos um golpe de sorte, ou vários. Mas queria analisar um aspecto mais, digamos, esotérico deste final de semana.

Abri minha participação na transmissão, aliás, falando sobre isso. Depois do treino classificatório, no sábado, li a seguinte frase de Alonso, no Tazio: "E mais uma vez foi o nosso máximo potencial hoje, o que é, de certa forma, muito bom, porque a classificação não é nosso ponto mais forte do fim de semana. Aqui, estamos próximos da Red Bull, então a situação parece boa para amanhã."

É uma frase corriqueira, em linha com o discurso quase sempre vazio que esportistas costumam proferir nos pré-eventos. Mas pesquei um ardil na sentença. No ar, pelas rádios Bandeirantes e BandNews FM, comentei que a fala de Alonso tinha um tom de ameaça, como se ele dissesse para Vettel e Webber: "aproveitem enquanto estão na frente, porque amanhã será pior."

A diferença astronômica da Red Bull para as demais, que se consolidou em pistas como Mônaco e Malásia, parece ter ficado no passado. Na Coreia, Alonso classificou-se com um tempo muito próximo ao de Vettel e de Webber e, na corrida, conseguiu manter a distância na casa do confortável e administrável. Alonso tinha motivos concretos para acreditar que, mais uma vez, os carros mais rápidos no treino não necessariamente levariam tal vantagem para a corrida.

Mas a fala de Alonso foi mais do que análise cartesiana. Teve ali um componente de dupla serventia. A um tempo, o espanhol plantou em si mesmo a perspectiva de ser melhor hoje do que havia sido ontem. E, também, semeou em Vettel e em Webber a desconfiança, a cisma, o trauma de algo, afinal, repetido outras vezes nesta mesma temporada. Alonso plasmou a vitória de hoje em sua mente.

Os nomes variam - pensamento positivo, energia, vibração - mas o conceito é o mesmo. Está em livros esotéricos e em manuais de autoajuda o conselho que Alonso pareceu seguir nas terras orientais. Fixou-se a uma imagem alvissareira para o domingo e se manteve na rota para alcançá-la. É cada vez mais recorrente esta faculdade entre esportistas. No futebol e em outros esportes coletivos, fica cada vez mais evidente que o papel do técnico está tão ou mais relacionado a motivar e instigar a equipe do que necessariamente no reforço dos fundamentos técnicos ou em armações táticas. Que o diga o DJ Luiz Felipe Scolari e seu repertório de músicas motivacionais.

Alonso não venceu só na pista, venceu na cabeça. A duas corridas do final, a fortaleza psicológica pode ser uma arma letal.