Sunday, November 23, 2008

Meu joelho esquerdo



Notaram a ausência de postagens sobre minhas corridas nos últimos tempos? Não foi falta de escrever sobre elas, não. Eu simplesmente não fazia uma corrida desde o segundo domingo de agosto, quando encarei a Corrida do Centro Histórico. Desde então, minha equipe, capitaneada pelo treinador José Eduardo Pompeu, fez três corridas, e perdi as três por conta da Fórmula 1. Deixei de fazer a Corrida da Paz, no dia do GP da Bélgica, a Corrida das Estações/Primavera, no dia do GP de Cingapura, e a Meia Maratona do Rio, que aconteceu no mesmo dia do GP do Japão.

Lamentei perder todas, especialmente a Meia do Rio. Seria a chance de fazer mais uma meia maratona este ano (fiz uma em abril), além de ter sido uma viagem muito divertida feita pela Equipe Conexão. Durante esse período, não deixei de treinar religiosamente toda semana mas, prova mesmo, necas. Neste domingo, 23 de novembro, voltei a disputar uma prova de rua, e ela veio cercada de desconfiança.

Há pouco mais de duas semanas, senti algo estranho no meu joelho esquerdo, depois de um treino na esteira. Pensei que fosse uma dor de esforço qualquer, que normalmente passa em um ou dois dias, mas a danada ficou. Melhorava com gelo, pomada e, sobretudo, quando eu não corria. Bastava correr que a dor voltava. Nada lancinante, nada que me impedisse de correr. Depois de aquecido o corpo, eu nem me lembrava da dor. O problema era depois. De fato, até agora não sei o que está motivando a dor, e como ela não me inutiliza, tenho treinado. Fui nesse espírito para a Corrida Zumbi dos Palmares, da Corpore, que tradicionalmente acontece no final de novembro, sempre na região do Ibirapuera.

O local é um dos mais bonitos de São Paulo. Largamos em frente à Assembléia Legislativa, corremos em direção à avenida República do Líbano, talvez a minha preferida na cidade, por seu corredor de árvores e por margear o parque. Passamos ao lado do lago e seguimos em direção à avenida Rubem Berta, quase chegando ao aeroporto. Um trajeto simples, com longas retas, e várias subidas e descidas. Nada de arrancar o couro, mas um trajeto desafiador.



No ano passado, com muito calor e largando no fim do pelotão, fiz um tempo que me decepcionou - 53min. Este ano, a organização da prova dividiu os corredores pela expectativa de tempo de cada um. Mandei ver 50 minutos e, com isso, fui parar lá na frente. Uma bela ajuda, pois a largada foi tranquila, ninguém me atropelou e consegui imprimir um ritmo forte desde o primeiro quilômetro.

Cumpri os dois primeiros quilômetros em rigosos cinco minutos cada, coisa rara de se fazer em provas tão concorridas quanto essa, que costuma reunir mais de 10 mil atletas. A partir do terceiro quilômetro, comecei levemente a aumentar a velocidade, de olho no relógio e ligada no joelho. Não sentia nada, vambora.

No primeiro posto de água, uma cena me tocou. Passei direto pelas mesas, pois não estava sentindo sede nem necessidade de me refrescar. No entanto, um senhor, atleta amador como eu, estendeu seu copo de água pela metade, provavelmente achando que eu não tinha conseguido me abastecer. Peguei o copinho e agradeci. Molhei os pulsos e a nuca e lamentei, naquela hora, que provavelmente não encontraria o colega depois da prova para agradecer-lhe novamente. A corrida às vezes me leva a essas divagações e pensei que expressões como "nunca mais" e "para sempre" podem ser um tanto angustiantes. Não sei se vou encontrar o senhor novamente, querido colega, mas saiba que seu gesto me tocou muito. Obrigada, do fundo do coração.

O clima contribuiu bastante, sem sol e até um certo friozinho extemporâneo. Fiz a prova inteira sem sentir nada, nadica no joelho. E o ritmo forte, na casa de 4min50 por quilômetro. Faltando dois quilômetros, tive certeza de que melhoraria muito o tempo do ano passado e não teve erro. Contra os 53min de 2007, 48min48 (correção: pelo tempo oficial da Corpore - 48min42. yeah!) em 2008. E sem dor. Para falar a verdade, o bom tempo obtido foi um bônus. Meu foco, de verdade, era sentir como se comportaria o joelho. E mesmo agora, quatro horas depois de terminada a corrida, não sinto nada.



Por isso, assim que cruzei a linha de chegada, fiz meu tradicional agradecimento mental, acrescentando um nome importante, desta vez. "Obrigada, meu joelho esquerdo!"

Tuesday, November 18, 2008

Para gostar de ler - Veneno remédio



Meu amigo Idelber Avelar detesta quando nós, seus colegas de blogosfera, o chamamos de "professor". É sua profissão de fato, e ele não é apenas professor - é Professor Titular, o mais alto posto na carreira acadêmica, da Universidade de Tulane, em New Orleans. Entendo a bronca desse adorável atleticano com a alcunha, posto que não somos, aqui, seus alunos, mas realmente seus colegas. Não deixo de levar, no entanto, as indicações de Idelber com o respeito de quem convive com um mestre (e tenho a sorte de conviver com alguns amigos que representam, na minha vida, o papel de professores, mas isso é outra conversa). Há alguns meses, Idelber escreveu um post sobre "Veneno Remédio - O futebol e o Brasil", de José Miguel Wisnik, e descreveu a obra com enorme entusiasmo.

Como diz no post, Idelber leu o livro em uma única noite, dando prova da qualidade da obra, de sua capacidade de instigação, de sua riqueza de informações, de sua lógica e, naturalmente, da fluidez do texto desse outro mestre das Letras, o professor Wisnik.



Não consegui nem de longe acompanhar o ritmo de Idelber. Nesse corre-corre que é minha vida, às vezes mal conseguia ler dez das 446 páginas do livro por dia, o que me enchia de pena, pela vontade de continuar sempre um pouco mais. Já o terminei há algumas semanas, mas o corre-corre também me impediu de escrever antes.

Leia em uma noite ou vá aos poucos, mas leia.

"Veneno Remédio" é um ensaio fundamental da literatura, da sociologia, da antropologia brasileiras. É uma obra fundadora, em certo sentido, por reunir algo inédito no ramo dos livros sobre futebol. Como o próprio Zé Miguel menciona, os livros de futebol, em geral, dividem-se em dois grupos: os livros que falam de futebol (jogos, jogadores, números, fatos, anedotas, curiosidades etc.) e os livros que falam sobre futebol (análises de toda sorte - esportiva, sociológica, filosófica, antropológica etc.). Escritos, em geral, por autores que "não se freqüentam": quem escreve de futebol em geral considera os intelectuais do esporte uns divagadores; quem escreve sobre futebol vê os registros relatoriais com certo desdém. "Veneno Remédio" une as duas correntes. É um livro de e sobre futebol.

O estudioso Zé Miguel traz informações sobre as origens históricas dos jogos de bola, traça comparações magníficas entre sociedades a partir da predominância de um determinado tipo de jogo de bola (o futebol, na Europa; o football, nos EUA), adentra na origem do futebol brasileiro e vai, pouco o pouco, construindo e reforçando sua revolucionária tese, que subverte o que se tem repetido à exaustão nas análises sobre o Brasil e o futebol. Para Zé Miguel, o futebol do Brasil não é um reflexo da nossa sociedade (paternalista, elitista, racista, excludente etc.). Pela tese do professor, o futebol não é reflexo, mas causa, sendo um fator de importância fundamental na formação da sociedade brasileira.

À medida que o leitor avança pela obra, vai também avançando no tempo. Zé Miguel não se propôs a recontar a história do futebol, mas acabou fazendo uma análise da transformação da sociedade brasileira, a partir do futebol, em seqüência cronológica. E o envolvimento torna-se cada vez maior. É interessante acompanhar o mergulho do intelectual Zé Miguel Wisnik nos fatos: torcedor do Santos, testemunha ocular de Pelé e cia., Zé Miguel não se prende ao rigor das análises acadêmicas e escancara sua própria vivência como torcedor e observador do futebol. Assim, o livro fica ainda mais envolvente quando o autor chega ao período que ele mesmo viveu e acompanhou, somando às informações e referências bibliográficas tantas sua própria experiência.

Interessante, também, acompanhar a seleção de referências bibliográficas que Zé Miguel escolheu. Sem preconceito, ele mistura textos de intelectuais "puros" a pensadores de outras áreas, como o cineasta Pier Paolo Passolini, o compositor Chico Buarque, o ex-jogador e comentarista Tostão. Aliás, Tostão exerce um papel de destaque na obra, seja pela análise de sua atuação na Copa de 1970, seja por suas próprias análises como observador lúcido de futebol. (Particularmente, fiquei muito reconfortada com essa "reabilitação" do Tostão. Alguém precisava pedir desculpas publicamente a esse genial jogador, em nome de Gilberto Gil, que é tão simpático e cordato, mas perpetrou um verso muito indelicado contra ele, na igualmente genial "Meio de campo" - "(...) e eu não sou Pelé, nem nada, se muito for eu sou um Tostão." hehehe)

À medida que lia "Veneno remédio - O futebol e o Brasil", de forma meio pretensiosa, comecei a acalentar uma idéia. Eu gostaria de ler um livro com esse tipo de análise, sobre automobilismo. Quem sabe não o escrevo um dia?

Monday, November 17, 2008

Um pouco de poesia

Amigos, queridos,

Desculpem pela ausência nos últimos dias. Excesso de trabalho, nada mais.

Passei o final de semana fora de São Paulo, na companhia de um livro excepcional de meu amigo e mestre Zuza Homem de Mello (será um dos próximos "Para gostar de ler" deste blog). O livro é "Eis aqui os Bossa Nova", reedição de uma obra de Zuza lançada originalmente em 1976. Vou falar mais longamente desse excepcional documento em breve.

Por enquanto, deixo vocês na companhia de uma das letras citadas na obra, do grande poeta da Bossa Nova, Vinícius de Moraes.

Que beleza de versos... (A melodia é de Baden Powell)

Samba em prelúdio

Eu sem você
Não tenho porquê
Porque sem você
Não sei nem chorar
Sou chama sem luz
Jardim sem luar
Luar sem amor
Amor sem se dar

Eu sem você
Sou só desamor
Um barco sem mar
Um campo sem flor
Tristeza que vai
Tristeza que vem
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém

Ah, que saudade
Que vontade de ver renascer nossa vida
Volta, querida
Os meus braços precisam dos teus
Teus abraços precisam dos meus
Estou tão sozinho
Tenho os olhos cansados de olhar para o além
Vem ver a vida
Sem você, meu amor, eu não sou ninguém

Thursday, November 06, 2008

A escolha de Vettel


Desde que foi anunciado como sucessor de David Coulthard na Red Bull, o alemão Sebastian Vettel tem levantado uma dúvida entre muitos analistas da Fórmula 1.

Será que o alemão fez uma boa escolha? Afinal, pilotando o carro da Toro Rosso, time B da Red Bull, Vettel conquistou, entre outras coisas, uma pole e uma vitória na temporada de 2008, resultados muito superiores a tudo que Coulthard e Mark Webber fizeram juntos neste ano.

Minha análise desse tema é um pouco diferente.

Lembra daquela piada sobre Hillary e Bill Clinton? Os dois param em um posto de combustível, um funcionário cumprimenta Hillary e Clinton lhe pergunta quem é. Hillary explica que o cara tinha sido seu namorado na juventudo, ao que Bill responde: "Tá vendo, se você tivesse se casado com ele, hoje era mulher de um funcionário de posto, não do presidente dos EUA." Hillary: "Engano seu, my dear. Se eu tivesse casado com ele, ELE seria presidente dos EUA."

Não duvido que, com Vettel por lá, a Red Bull comece a andar muito melhor que a Toro Rosso. Vettel é o cara. Talvez não para 2009. Mas, para logo, logo.

Em tempo: o Saco de Batatas está fazendo uma enquete sobre a temporada de 2008. Vote lá!

Wednesday, November 05, 2008

Black is beautiful




Muito significativo. Histórico. Emocionante.

E duas mulheres, cada qual nessas mesmas posições... quando será?

Monday, November 03, 2008

Interlagos, in loco (4)

O GP já passou, mas aproveito para descarregar mais alguns clicks que fiz em Interlagos.

E peço desculpas pelo atraso no sorteio do livro. Amanhã (terça-feira) devemos ter o nome do vencedor.

Nas fotos: Fernando Alonso, dando entrevista depois da prova, para a imprensa espanhola, a medalha de ouro Maurren Maggi, o big boss Bernie Ecclestone, Sebastian Vettel, batendo um papo com os antigos patrões da BMW (gente, esse menino é tão magro que, de frente, parece que está de lado!), Rubens Barrichello chegando com os filhos, Eduardo e Fernando (a esposa, Silvana, aparece atrás, passando pela catraca), ao lado, o arrumadinho Nico Rosberg, uma turminha na sala de imprensa (Julyana Travaglia, do globoesporte.com, o farrista Flavio Gomes, eu e o colega Fábio Seixas), Niki Lauda, batendo um papo com a repórter da Globo.








Som e fúria

Do nada, emerge Timo Glock, para definir o Mundial de Fórmula 1 de 2008. Um coadjuvante transformado em personagem principal. Lewis Hamilton e Felipe Massa: nas mãos do alemão. Mais? No GPTotal. Vai lá, depois comente tudo o que quiser sobre a corrida de ontem. Desde já, candidatíssima ao título de GP do Brasil inesquecível.

Sunday, November 02, 2008

Interlagos, épico, sorteio

Amigos, final de semana intensíssimo. Por tudo o que aconteceu em Interlagos neste domingo, não foi possível fazer o sorteio do livro entre os que apostaram em Hamilton. Mas não se preocupem. Nesta segunda-feira, sai o vencedor. Aguarde, e aguardem também minha coluna no GPTotal.

Saturday, November 01, 2008

Interlagos, in loco (3)







Mais imagens do dia.

Dia de pole de Felipe Massa, de Hamilton em quarto, de ovação em Interlagos.

Na ordem: Viviane Senna bate um papo com Titônio Massa depois do Treino
Classificatório, Stefano Domenicalli e Flavio Briatore, parlando alguma coisa, a galera das cabeças vermelhas, Nelson Piquet, em pose francamente desfavorável, conversando com Ingo Hoffmann, que aparece na foto seguinte. Por fim, o honorável Emerson Fittipaldi, com um cabelo nem tanto.

Interlagos, in loco (2)

As primeiras fotos do dia.

Panorâmica da sala de imprensa, Victor Martins, do site Grande Prêmio, eu, por Victor Martins





Interlagos, in loco (1)

Falta pouco mais de meia hora para começar o último treino livre, marcado para as 11h deste sábado.

Na chegada, sem a máquina fotográfica pronta, cruzei com Fernando Alonso, Flavio Briattore, Mario Thiesen e Nico Rosberg. Aliás, entrei junto com o Nico, o que deve ter me causado uma situação constrangedora, saindo como "papagaio de pirata" nas fotos do loiro. (Em jargão jornalístico, para quem não sabe, papagaio de pirata é o sujeito anônimo que sai na foto, junto de uma celebridade qualquer).

Daqui a pouco, coloco umas fotos aqui.