
"Thriller" foi o álbum mais vendido da história e eu contribuí para isso.
Em 1982, eu ouvia FM todo o tempo que podia. Chegava da escola, ligava o rádio na Jovem Pan FM e deixava lá enquanto fazia lição ou mesmo enquanto estudava. Foi assim que escutei pela primeira vez "The girl is mine", dueto de Michael Jackson com Paul McCartney. A música é uma espécie de "Teresa da Praia" dos anos 1980, com os dois conquistadores duelando em versos a preferência da moçoila.
Como o disco era de Michael, o diálogo final dá a entender que a garota preferiu o antigo Jackson prodígio. Paul pergunta:
- Michael, nós não vamos brigar por causa disso, não é?
- Paul, eu acho que eu já te disse: eu sou um amante, não um lutador...
Paul vinha de outro dueto arrasa-quarteirão, com Stevie Wonder, com o libelo antirracista "Ebony and Ivory", e naturalmente a dupla com Michael foi outro sucesso dos grandes. Comprei "Thriller" por conta de "The girl is mine", mas gostei bastante de "Billie Jean", também.
Já no ano seguinte, eu me tornei militante assídua do "Programa do Zuza", escrevendo longas cartas em que detonava a música pop do momento - nacional e gringa - e naturalmente sobrou muito sopapo para Michael Jackson.
Quando soube da morte de Michael, tive dois pensamentos em sequência.
Primeiro: depois de sobreviver a John e a George, o danado do Paul vai enterrar mais um parceiro.
Segundo: 50 anos, decadente, mais famoso pelo personagem do que pelas músicas que fazia nos últimos tempos, Michael Jackson ainda assim causou comoção com sua morte. Algum outro artista, surgido nos últimos vinte anos, seria capaz disso?
A mim, não ocorre ninguém.
E a você?