Monday, June 29, 2009

E Paul enterrou mais um...


"Thriller" foi o álbum mais vendido da história e eu contribuí para isso.

Em 1982, eu ouvia FM todo o tempo que podia. Chegava da escola, ligava o rádio na Jovem Pan FM e deixava lá enquanto fazia lição ou mesmo enquanto estudava. Foi assim que escutei pela primeira vez "The girl is mine", dueto de Michael Jackson com Paul McCartney. A música é uma espécie de "Teresa da Praia" dos anos 1980, com os dois conquistadores duelando em versos a preferência da moçoila.

Como o disco era de Michael, o diálogo final dá a entender que a garota preferiu o antigo Jackson prodígio. Paul pergunta:

- Michael, nós não vamos brigar por causa disso, não é?

- Paul, eu acho que eu já te disse: eu sou um amante, não um lutador...

Paul vinha de outro dueto arrasa-quarteirão, com Stevie Wonder, com o libelo antirracista "Ebony and Ivory", e naturalmente a dupla com Michael foi outro sucesso dos grandes. Comprei "Thriller" por conta de "The girl is mine", mas gostei bastante de "Billie Jean", também.

Já no ano seguinte, eu me tornei militante assídua do "Programa do Zuza", escrevendo longas cartas em que detonava a música pop do momento - nacional e gringa - e naturalmente sobrou muito sopapo para Michael Jackson.

Quando soube da morte de Michael, tive dois pensamentos em sequência.

Primeiro: depois de sobreviver a John e a George, o danado do Paul vai enterrar mais um parceiro.

Segundo: 50 anos, decadente, mais famoso pelo personagem do que pelas músicas que fazia nos últimos tempos, Michael Jackson ainda assim causou comoção com sua morte. Algum outro artista, surgido nos últimos vinte anos, seria capaz disso?

A mim, não ocorre ninguém.

E a você?

Wednesday, June 24, 2009

E o ser humano?


Na semana passada, quando as equipes associadas à FOTA resolveram dar piti e ameaçaram criar uma categoria paralela à Fórmula 1, um trecho de sua carta-manifesto acendeu as esperanças de alguns ingênuos pelo mundo afora. Dava conta de uma categoria mais acessível, sustentável ou coisa que o valha, com ingressos mais baratos, valores de transmissão menos abusivos.

Parecia que os donos e chefes de equipe tinham descido do iate de Flavio Briatore de mãos dadas, imbuídos do espírito mais humanitário que visitou a Terra desde a passagem de Madre Teresa de Calcutá, prontos para beijar crianças ranhentas e afagar leprosos, cantando "We are the world" em uníssono.

Nesta quarta-feira, a santíssima trindade formada por Bernie Ecclestone, representando a FOM, Max Mosley, pelo lado da FIA, e Luca di Montezemolo, em nome da FOTA, reuniu-se, trançou seus pauzinhos e selou a paz na Fórmula 1. Mosley, pelo jeito, vai pendurar as chuteiras e o chicote em outubro. Sem dar muitos detalhes do que resolveram, só disseram que está tudo bem no ano que vem.

E os preços dos ingressos? E o valor dos direitos de transmissão? E o acesso facilitado a eventos e pilotos? Ninguém sabe, ninguém viu.

Ficou parecendo aquela situação típica de empresa: quando o dinheiro entra fácil, a firma faz programas para valorizar o ser humano, capacitar o ser humano, motivar o ser humano. Daí, vem a crise, e a empresa manda um monte de ser humano embora.

Monday, June 22, 2009

Boa, Bia


Antes tarde do que nunca, fica aqui meu registro e minha homenagem a Bia Figueiredo, que venceu a prova da Indy Lights em Iowa, na noite de sábado.

Bia é simpática, não tem afetação nenhuma e, muito provavelmente, é a melhor pilota que o Brasil já teve.

E, vendo esta foto, meu lado feminista se assanha todo: é bom ver uma mulher vencendo, superando homens de igual para igual.

Boa, Bia. Excelente, Bia!

Sunday, June 21, 2009

Só Bernie salva

Christian Horner, chefe de equipe da Red Bull, sentenciou: só Bernie salva. Bernie Ecclestone resolve o problema, na minha opinião, porque Bernie é a origem do problema.

Por que o teto orçamentário foi o pomo da discórdia entre FIA e Fota?

Com a F1, Bernie (que na verdade não é mais Bernie, mas a empresa CVC, um fundo de investimento que tem um monte de empresas, entre elas, a F1), ganha cerca de 600 milhões/ano. Pelo acordo que tem com as equipes, metade desse dinheiro é de Bernie (ou da CVC, whatever). A outra metade, divide entre as equipes.

O teto imposto é mais ou menos o que Bernie paga às equipes hoje. Se as equipes não puderem gastar mais, não têm por que exigir que ele pague mais. O teto só significa redução de custos da categoria no discurso. No fundo, ele é uma argumentação para não aumentar a fatia das equipes no bolo.

Se as equipes forem embora, o que ficará com Bernie? O nome F1, as pistas, os contratos com a TV. Com isso se faz uma categoria?

Por seu lado, as equipes da Fota conseguirão montar um campeonato em pouco mais de oito meses, partindo do zero, negociando com organizadores de corridas, emissoras de TV e rádio etc.?

Bernie pode resolver o problema se aceitar repassar mais dinheiro para as equipes. Vão-se os anéis, ficam os dedos. Ele perde parte do seu lucro, mas mantém a Fórmula.

Neste sábado, Bernie falou sobre a briga dizendo que, se mantiverem compromisso de ficar por pelo menos cinco anos, as equipes recebem em troca o fim do teto. Ele não quer ser surpreendido com o que aconteceu com a Honda no final do ano. Ele admite abrir mão de seus lucros, desde que os times confirmem que vão continuar na disputa no médio prazo.

É o que eu penso dessa história.

Thursday, June 11, 2009

Leal


Nilmar bateu fraquinho (aliás, como batem fraco esses titulares da seleção de ontem...). A bola foi chegando. Robinho, também.

Robinho poderia ter empurrado a bola para o gol, mas viu que ela seguiria seu destino sozinha. Tirou o corpo fora, para garantir que o gol fosse do companheiro.

Tá certo, Robinho. Com essa, você quase me fez esquecer daquela pedalada diante do nosso lateral direito em 2002. Quase, não. Esqueci. Pronto. Obrigada.

(a foto é de Reinaldo Marques, do Terra)

Tuesday, June 09, 2009

Dúvidas



Leio a seguinte frase no noticiário do portal Terra:

"Na terceira colocação do grid, Barrichello teve problemas com uma falha de embreagem no carro que acionou erradamente o anti-stall (equipamento que coloca o câmbio em ponto morto para evitar que o motor desligue) e caiu para a 13ª colocação."

Dúvida: não foi isso que Lewis Hamilton fez no GP do Brasil de 2007, erro que lhe custou o título daquela temporada?

Outra dúvida: será que a embreagem fez isso por conta própria, ou teria sido erro do piloto?

(a foto é da AFP)

Sunday, June 07, 2009

Quente ou frio?


O GP da Turquia de 2009 trouxe algumas novidades. Depois de três vitórias consecutivas de Felipe Massa (2006, 2007 e 2008), desta vez a Ferrari do brasileiro não deu nem pro cheiro. Outra: foi a primeira vez que o pole não venceu no circuito de Istambul. Jenson Button, que largou em segundo, beneficiou-se do erro do alemão Sebastian Vettel, que largou em primeiro e errou ainda na primeia volta, literalmente abrindo caminho para o líder do campeonato.

Por isso - o erro de Vettel e o surpreendente péssimo desempenho da Brawn de Rubens Barrichello também na largada - a liderança do GP da Turquia praticamente esteve nas mãos de Button durante toda a prova.

Por isso, para mim, foi uma prova morna. O único suspense pairou quanto à capacidade (ou não) de Vettel alcançar Button e ultrapassá-lo de volta. Venceu o não. Vettel optou por uma estratégia com três paradas e acabou atrás de Button e ainda do companheiro Mark Webber.

Mas, sei lá...

Teve a luta de Barrichello para tentar se recuperar.

Teve a disputa de Barrichello com Kovalainen, com rodada do brasileiro.

Teve a batida de Barrichello com uma Force India.

E, sobretudo, teve a bela disputa entre Lewis Hamilton e Nelson Piquet, culminando com uma ultrapassagem sensacional do brasileiro sobre o inglês. Sensacional mesmo, de fazer o velho Piquet se encher de orgulho pelo pimpolho. Pena que não valia nada. Os dois, um McLaren e um Renault, se engalfinhavam por uma inexpressiva 13ª posição.

De repente, nem foi uma corrida tão morna assim. E você, o que achou?

Thursday, June 04, 2009

O xará é o cara



Minha capacidade de analisar um jogo de futebol se esvai quando se trata de uma partida decisiva para o Corinthians. A tensão cria uma espécie de névoa à frente dos meus olhos. Tanto que até me surpreendi, hoje cedo, quando meu cordial oponente disse que o Corinthians tinha jogado bem. "Sério? Nem percebi."

Foi notável o fato de que o Vasco pressionou o Corinthians a maior parte do jogo, sem muita efetividade no primeiro tempo, mas com um Deus nos acuda no segundo. A partir dos vinte minutos do segundo tempo, o Corinthians começou a atacar. E só a partir de então, mesmo. Ataques bonitos, bolas rápidas passando certeiras de pé em pé, ou de pé em cabeça, mas sem se traduzir em gol.

Acho realmente incrível que os comentaristas profissionais de futebol falem tão pouco do lateral direito Alessandro. Meu xará é um representante raro dos jogadores que têm raça e técnica. Protege com decisão quando precisa, bola pro mato que é jogo de campeonato. Mas também é capaz de dominar a bola e cozinhar o galo em partidas como a de ontem, em que o tempo está do nosso lado.

Mano Menezes acabou conseguindo uma mistura ideal nas alas do Corinthians. Enquanto o representante da esquerda, o agora canarinho André Santos, sobe constantemente para o ataque - e o faz, na maioria das vezes, com competência - o xará tem estilo mais xerifão, tomando conta da defesa, o que é particularmente importante em um time cujos volantes (Cristian e Elias) também são chegados em investidas no ataque. Os zagueiros Chicão e William são sinônimos de segurança, mas boa parte dessa tranquilidade é oferecida pelo apoio do xará.

E por que será que, hoje, desandei a falar de laterais, zagueiros e volantes? Jogo que termina 0 x 0 é assim. Viva a defesa!