Saturday, July 18, 2009

Billie, Elis e a orquídea


Ontem, dia 17 de julho, completaram-se 50 anos da morte de Billie Holiday. Já escrevi várias vezes sobre esta cantora, uma das minhas preferidas, consagrada pela história como a rainha do blues. Como tantas outras divas do canto, teve vida conturbada, pontuada por tragédias, tristezas e vícios, terminando em morte precoce. No seu caso, com apenas 44 anos.

Billie associou à sua figura a imagem de uma flor - a orquídea - seguidamente usada como adorno em seus penteados.



Em 1979, quando lançou o álbum "Essa mulher", Elis lançou mão da mesma flor, mostrada em desenho na capa do disco, na parte interna do álbum e também adornando os cabelos, parte do figurino do show homônimo. "Essa mulher" era um disco/show chique. Elis usava roupas assinadas pelo estilista Clodovil e, se você só conhece o Clô apresentador e deputado desbocado, saiba que, nos anos 1970, usar roupas assinadas por Clodovil era o fino do chique, viu?

Já no ano seguinte, Elis lançou "Saudade do Brasil", com apelo político e visual despojado (o show tinha um grupo de dançarinos, Elis juntava-se a eles em alguns trechos, cantando descalça, com polainas sobre calças tipo legging). Uma das canções mais marcantes do disco, "Alô, alô marciano" tira um sarro dos novos-ricos metidos a grã-finos. Em dado momento, em improviso livre sobre a letra, Elis imita Louis Armstrong e decreta, debochada: "Ah, mas que chique é o jazz, meu deus...". Talvez, um sarro dela mesma, toda Billie Holiday no ano anterior.

3 comments:

Rafael said...

Seus textos sempre gostosos de ler...
Alessandra, não esqueça de falar da sua ultima corrida. Estou mais interessado no assunto du que nunca. Em parte inspirado pelos seus textos to começando a treinar. Espero conseguir disputar a volta da pampulha esse ano...
abs

Ron Groo said...

Eu nunca consegui fazer uma associação entre Elis e Lady Day...

Embora ame as duas com a mesma intensidade sempre achei que eram entidades muito distantes.

Claro que eu sabia que a pimentinha ouvia Billie, não existe cantora no mundo que não tenha ouvido. Mas ainda assim...

Sei da faceta politica de Billie, "Strange Fruit" sobre o racismo é comovente apesar de dizerem que é só uma canção menor em seu repertorio. Quem liga...

Mas quando Billie abre a boca e emite sua voz, nem é preciso falar inglês pra saber que ela esta falando de amor. Todos os tipos de amor.

Quanto ao deboche de Elis... Bem, era do espirito dela. Irriquieta e debochada. Talentosa e muito, mas muito amavel.

Ótima forma de lembrar de da Srta Holliday.

Speeder76 said...

Engraçado... este dia 17 está a ser um bom dia para famoso morrer.

A Billie foi em 1958.

O John Coltrane foi em 1967.

O Juan Manuel Fangio foi em 1995.

O Walter Cronkite foi este ano.


Acho que a Senhora gosta particularmente deste dia...


Ah! Os quatro foram magnificos nas suas áreas. Tenho dito.