Friday, August 31, 2007

Procissão, não

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Na repercussão sobre o GP da Turquia, aqui no blog, destacaram-se referências sobre meus comentários, durante a transmissão da BandNews FM, a respeito das ultrapassagens na Fórmula 1. Ou a falta delas, mais precisamente. Em sua coluna de hoje, na Folha de S.Paulo, o amigo Fábio Seixas, comentarista titular da BandNews, retomou o tema.

Este pecado da Fórmula 1 atual - falta de ultrapassagens - parece ser o grande responsável pelo tédio das corridas. Em quase todas elas, posições só se alteram em função das paradas nos boxes, não de manobras arrojadas na pista. Não temos mais corridas, mas procissões.

A FIA está atenta ao problema e até criou uma comissão multidisciplinar de notáveis, ou coisa que o valha, para fomentar a volta das disputas roda a roda, freada a freada.

Torço para que dê certo. Mas, quando ouvi a notícia, outra situação me veio à mente. É impressionante como o ser humano é capaz de fazer bobagens e depois sair, meio desesperado, tentando corrigir.

Uma comissão oficial para trazer de volta as ultrapassagens me fez lembrar daquelas notícias sobre grupos de cientistas que colocam um macho e uma fêmea de alguma espécie em extinção no cativeiro, para ver se procriam. Isso é como se a humanidade estivesse dizendo: "Sim, detonamos o meio ambiente, por conta própria os bichinhos não se reproduzem mais, então vamos dar uma mãozinha."

Mais ou menos a mesma coisa. A FIA mexeu tanto no regulamento da Fórmula 1 nos últimos anos e agora tenta remendar. Menos mal que estão fazendo alguma coisa.

Afinal, às vezes até saem uns bichinhos bonitinhos do cativeiro.

Eis a coluna do Fábio Seixas de hoje:

*

Ultrapassai-vos uns ao outros


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São 17 GPs, estamos no 12º. Foram 3.537 km em disputa. Sabe quantas ultrapassagens pela liderança? Uminha
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O CAMPEONATO é o melhor dos últimos anos, quatro pilotos podem chegar a Interlagos na luta pelo título, o trono do alemão ainda está vago e deve permanecer assim por um bom tempo, o menino prodígio começa a ratear, Alonso não embala, a Ferrari cresce a olhos vistos, as duas próximas pistas favorecem a equipe italiana, as três últimas, ninguém sabe.
Mas as corridas... Ah, as corridas... Fernando Carmona Simões, de Ribeirão Preto, resumiu assim a situação: "Campeonato disputado, mas as corridas são um saco". No ponto.
O Mundial começou em março, estamos no último dia de agosto. São 17 GPs na temporada, estamos no 12º. Até agora, já foram 3.537 quilômetros em disputa. Sabe quantas ultrapassagens pela liderança? Uma. Apenas uma. Uminha. De Alonso sobre Massa, na caótica corrida de Nurburgring.
Se levarmos em consideração as largadas, o espanhol também superou o brasileiro na Malásia. Mais do que um alívio, porém, esse é outro agravante. Em 12 GPs, só uma vez o líder perdeu a posição nos primeiros metros da corrida? Afe.
"Detalhe": na largada, pelo menos na F-1, todo mundo começa parado. Não há aquela turbulência usada como justificativa para a falta de ultrapassagens. O que acontece, então?
Acontece, imagino, que os pilotos esqueceram como ultrapassar. Esqueceram o prazer esportivo, lúdico, sádico, de deixar o outro pra trás.
Sentados num regulamento que premia 36% do grid, como lembrou Alessandra Alves na última transmissão da BandNews FM, deixam para trás a idéia de ousar, de partir pra cima, de arriscar na freada no fim da reta para conquistar um, dois pontos a mais no Mundial.
Por que arriscar chegar em terceiro quando o prêmio em relação ao quarto lugar é de só um ponto? Por que partir para cima do líder, quando já se tem oito pontos no bolso?
É o anti-esporte, a antidisputa, a anticompetição. Um regulamento feito para segurar o ímpeto de Schumacher, mas que perdeu o sentido com o fora de série aposentado.
Pior: nas categorias de base, o que não falta é ultrapassagem. Basta ver uma corrida da GP2 ou da F-3 inglesa. Mas os Hamiltons da vida, quando chegam à F-1, são forçados a pensar, repensar e tripensar antes de tentar passar alguém.
Pilotos de hoje... Lembrai-vos dos tempos de kart, quando era tão bacana sair do meio do pelotão e superar todo mundo, um a um. Recordai-vos do doce prazer de enxergar pelo retrovisor alguém que há instantes só lhe oferecia o aerofólio traseiro.
Revedes e revedes o duelo Piquet x Senna na Hungria. Respirais fundo antes de mergulhar naquela curva cega. E carregais na carga do pé direito -a área de escape é gigantesca, seu carro não vai atolar. Ultrapassai-vos uns aos outros, enfim. É muito bacana, o povo gosta, vos garanto. E não é pecado.

*

Agora, é com vocês.

17 comments:

L-A. Pandini said...

Preocupante. Do jeito que os senhores da FIA andam senis e imbecilizados, não é difícil que criem uma regra tornando as ultrapassagens obrigatórias.

Anonymous said...

Acho que deveriam estudar um pouco a aerodinamica da IRL,pelo menos eles andam proximos em curvas .
Mas a volta do pneu slick mais spoiler e aerofolio em uma unica lamina ,diminuiria o fator aerodinamico e aumentaria o fator mecanico.Será?
E aproveitando ,deveriam acabar com esse sistema de classificação e essas regra artificiais como por exemplo ,ter que usar dois tipos de pneu no GP,pois um certo Alemão já abandonou a categoria,e foi por causa dele que inventaram essas loucuras para equilibrar os braços.
Me desculpe Alessandra ,acabei saindo um pouco fora do topico.

Jonny'O

Eloisa said...

é um tédio na frente, mas atrás até que está interessante. A verdade é que os carros que estão na liderança são 4 e eles definem suas posições nos boxes,um dos legados da era Schumacher, e acabamos por ficar no sofá a espera do jenson ultrapassar o liuzzi, ou coisa similar, ou apostando quantas voltas o nick consegue assegurar alguém atrás dele (ele me faz lembrar uma tira de quadrinhos que entregaram no GP Brasil de 1992 que tinha um desenho do patrese com 150 braços tentando bloquear o senna, fazendo o seu trabalho de fiel escudeiro do Mansell no campeonato de 91).
Já sei que vai ter gente falando horrores do que vou dizer agora mas... a Nascar é muito mais interessante nesse aspecto (pronto disse! agora melhor sair correndo antes que comece o apedrejamento)

Thiago Raposo said...

Oi Alessandra...muito boa suas colunas e seu blog. Passarei diariamente por aqui agora!
Também tenho um, se tiver tempo de dar uma olhada depois:
www.cafecomf1.blig.com.br

Anonymous said...

Não houve um movimento deliberadamentre contra as ultrapassagens. O que ocorreu foi que a evolução dos carros caminhou na direção de maximizar o apoio aerodinâmico, a qualquer custo. Se o carro não conseguir estar próximo para uma ultrapassagem mas isso significar 1 segundo a mais por volta, o que faria um engenheiro recuar de usar isso?
Acompanho Fórmula 1 desde 1981 (não vale calcular minha idade) e posso assegurar que NUNCA foi fácil ultrapassar. Porque na Fórmula 1 o adversário é SEMPRE osso duro de roer. Perguntem a Piquet o que ele teve que fazer na Hungria, 86. Perguntem a Prost o que ele teve que fazer em Estoril, 88. Não, a ultrapassagem não era uma manobra fácil mesmo.
Nem é prá ser, ora bolas! Senão vira aquelas corridas de oval, onde o conceito é bem diferente.
Mas apesar de difícil, era possível. Um carro mais rápido, mesmo que por conta do talento do condutor, sempre tinha recursos para manobrar uma ultrapassagem. Dependia do arrojo, da frieza, da perícia. Mas era possível.
Nos anos 90, porém, os engenheiros descobriram que perder (quase) totalmente a possibilidade de ultrapassar com uso de toda sorte de aletas aerodinâmicas pode render 1 ou mais segundos por volta. Aí o cara faz a pole e dispara. Afinal, o verdadeiro esportista deseja é vencer; o espetáculo, se houver, é conseqüência.
Não dura muito os outros engenheiros descobrem a mesma coisa e voilà! temos o mundo de hoje.
O grupo de esforço pelas ultrapassagens está tabalhando exatamente aí: tirar os berloques e penduricalhos aerodinâmicos dos carros. A hipótese aí é que ele não dependerá tanto da aerodinâmica.
Talvez dê certo.
Quem viver, verá.

Anonymous said...

Taí um assunto complicado... alterar o regulamento para promover mais ultrapassagens implica cercear o desenvolvimento aerodinâmico dos carros. E esse cerceamento é contraproducente em relação à essência do automobilismo esportivo, que é justamente o desenvolvimento técnico em busca de velocidade. O resultado disso seria algo artificial como a Nascar, por exemplo. Será que o destino do automobilismo é esse, desenvolver-se tanto a ponto de acabar com a competição?

Capelli said...

Muito bom, Alessandra. E ainda tenho uns dois centavos para colaborar no assunto, uma visão um pouco diferente, mas complementar.

Será tema de post neste final de semana, só vou precisar de tempo.

Alessandra Alves said...

panda: não dá a idéia, homem!

jonny´o: não acho que você saiu do tema, não. eu mesma, na transmissão, mencionei também a questão da obrigatoriedade de utilização do motor por duas corridas. será que, em determinado ponto da prova, o "team radio" não despeja alguma mensagem do tipo - "acelera menos, mané" - para evitar desgaste do motor? e com isso, lá se vai o arrojo, a ultrapassagem etc.

você lembrou que muitas dessa regras foram criadas para fazer frente à dominação inequívoca do schumacher. o mais engraçado foi o fato de que, no ano em que elas começaram a vigorar (2003), o alemão sobrou, e mais ainda no ano seguinte.

eloisa: sim, há pegas legais lá atrás mas, quase sempre, são os que não valem nada, né? porque quem já está na zona de pontuação quer, normalmente, se segurar onde está. eu realmente não sou grande fã da nascar, mas não dá para negar que os caras se comem lá dentro. no bom sentido, claro.

thiago: prazer em conhecê-lo! seja bem vindo. vou conhecer seu espaço, me aguarde.

degas: ótimas colocações. concordo com tudo. gostei particularmente do que você falou sobre o fato de que, na fórmula 1, todo mundo ali é osso duro de roer. parece que a comissão de ultrapassagens está empenhada nisso mesmo, no fim dos penduricalhos aerodinâmicos. mas eu acho que há o componente do regulamento esportivo que também pesa, daí minha observação sobre o maior número de posições que pontuam, e também a redução da diferença entre o primeiro e o segundo colocados. no mais, excelente sua excplicação, obrigada!

ituano: acho que foi por isso que os caras criaram uma comissão de notáveis, né? é complicada a questão, mesmo. mas um fato, bem explicitado pelo degas, é que a fórmula 1 sempre conseguiu evoluir, dentro do regulamento, dando espetáculo. isso até lembra aquela fala de um dos cientistas do "jurassic park". questionando a segurança do parque, ele diz uma frase lapidar: "life finds a way". ou seja, a vida encontra um jeito. sempre valeu isso para a fórmula 1. a fia apertava o regulamento, os projetistas achavam um jeito de fazer carros competitivos mesmo com as novas limitações impostas. o problema, hoje, é que o nível de eficiência da fórmula 1 está altíssimo. os carros aceleram muito, freiam muito, ninguém derrapa, não há mais controladas espetaculares. ganhar corrida passou a ser uma questão de estratégia, e isso está tornando as corridas tão chatas. que fazer? talvez uma mudança no regulamento esportivo possa ajudar...

capelli: vou ficar esperando. e, se você encontrar um pouco de tempo, manda um pouco para mim? hehehe

Anonymous said...

Tenho um monte de teorias para mudanças nos carros da F1 que acredito que mudariam alguma coisa, que poderiam diminuir a dependência aerodinâmica dos monopostos em favor de uma maior aderência mecânica. Mas como não quero ser chamado de "velhinho da FIA" pelo Pandini - hehehe... - vou deixar para lá.
Mas tem uma coisa que não vejo muita gente falar e acho importante: os pneus.
Da forma que os pneumáticos da F1 são hoje não há como exigir mudanças de traçado nas curvas. Quando um carro passa fora daquele trilho formado e pega sujeira é um custo para retomar o bom rendimento. Umas 2 ou 3 voltas andando mais lento por causa de pneus sujos é fundamental nessas épocas de corridas decididas nos boxes.
Penso que se acabassem com os abastecimentos muito da competitividade voltaria. Haveriam mais variantes de peso do carro, além dos pilotos serem obrigados a competirem entre si e não competirem em estratégia.
Resumindo: Voltem com as regras que vigiam antes de 94, pelo amor de Deus!!!! (exceto a segurança dos carros)

Fabio said...

Esse assunto é complicadíssimo e depois de tantos comentários já fica difícil inovar em qualquer ponto. Dentro do meu parco conhecimento a única observação que me permito fazer é que não entendo pq se fala em motor nessas horas. O Fábio Seixas tocou num ponto evidente, simples e que é o maior exemplo do piloto que senta em cima do regulamento: os tais 36% que você, Alessandra, muito bem observou e a diferença em terminar em 3º e 4º - tah certo que ele não lembrou que o 3º leva uma champagne Mumm pra casa.

Parece que no 2º (BMW) e no 3º pelotão o único incentivo é ser melhor que o seu companheiro de equipe, é tudo que um piloto de F1 precisa fazer hoje pra mostrar serviço!

Enquanto fico torçendo para que chova em todos os GPs, me vem à cabeça uma leve dica de que os pneus são peças-chave nessa mudança. A única ultrapassagem pela liderança esse ano foi sob chuva... e foi espetacular.

Enquanto não chove eu assisto GP2... e Nascar (rs).

Celinho Boy said...

Alessandra, sobre o post abaixo, gostaria de dizer que fiquei imaginando a cara tua quando menina antes de ser a mesma mulher que escreve este blog, fiquei imaginando a tua comunhão doce. eu nunca comunguei. bem como meu batismo não foi na igreja católica. seria porque eu tinha 9, isso mesmo, 9 anos de idade. me lembro até hoje do dia. era um domingo calmo, ventoso, de céu azul. dia 5 de junho de 1988 e meu batismo foi na igreja anglicana e eu usava uma blusa azul, com listras brancas grandes e pequenas pretas. nunca me esqueço deste dia pois na rádio farroupilha de porto alegre fiquei sabendo que o jornalista e e então deputado josé antônio daut fora morto quando chegava em casa. bizarro, não achas? e minha primeia hóstea foi aos 25/26 anos, acredita? Tbm foi na anglicana.

sobre a F1, estou longe de ser um expert que nem tu ou o reginaldo leme ou o Lemy Martins. Mas posso dizer como mero torcedor que a F1 em si está muito chata pelo fato de talvez uma meia dúzia de equipes deterem a tecnologia de ponta em detrimento das pequenas. moral da história: virou uma uma viagem de carro ao vivo. tudo depende do jogo de equipes ou dos boxes. tu te lembras quando a FIA tentou fazer o schumi correr, por exemplo pela minardi se ele fosse o mais rápido, assim como todos os outros pilotos. mas a idéia não vingou pelo fato dum piloto conhecer a teconologia doutra equipe. radicalmente falando, deveria terminar este jogo de equipe dum beneficiar um piloto em detrimento do outro. ou pelo menos fazer o jogo de equipe que faz os africanos nas corridas de fundo. mas esqueci que estamos na era da tecnologia e o piloto não decide como decidia como antes.
abraços Alessandra.

Anonymous said...

Cara Alessandra:

Fico muito satisfeito por visitar esse blog "cor-de-rosa", tratando de assuntos que interessam, em geral, aos homens. Felizmente, os dois gêneros se aproximam sempre mais.

Isso é mais ou menos como entrar numa loja de roupas masculinas e ser atendido por uma vendedora. Particularmente, gosto muito mais!

Além disso, observar qualidade no texto e zelo na apresentação é bastante satisfatório.

Cheguei aqui por um post no blog de Ron Groo (Bligroo) que a classificou entre os seus cinco blogs preferidos! Também por uma referência das F1 Girls que elogiaram a sua participação na narração da última corrida.

Certamente, retornarei para ler novos textos.

Abraços.

Anonymous said...

Parece que esse assunto está incomodando muita gente... Obrigado por compartilhar o texto Fabio conosco, que não posta sua coluna do jornal no blog como faz o Livio Oricchio no Estadão.

Bem, eu não acho que HOJE as corridas são desfiles organizados. Desconfio que isso é consequência da blogalização da audiência, onde os jornalistas especializados estão se adaptando ao meio e nós, antes meros expectadores, fazendo playback de certas idéias e conceitos, por isso tenho pesquisado para provar, 'cientificamente', esse meu ponto de vista.
Eu comecei uma trilogia de posts intitulada "Os Bons Tempos da Fórmula 1: Um Passado Que Nunca Existiu", onde na parte 1 apresentei meus argumentos. A parte 2, com os fatos e o contexto histórico, virão daqui alguns dias quando eu acabar de assistir as corridas na íntegra que baixei de épocas distintas para expor minhas conclusões, no 3º e último post.
Quando eu tiver meu ponto de vista embasado (ou desmistificado) e sintetisado em um parágrafo venho complementar este comentário.
Obrigado.

Alessandra Alves said...

herik: não acho que o pandini chamaria você de senil, pois muito do que você defende tem a ver com as opiniões dele, ao que me parece. e parabéns por ontem: assisti ao jogo do cruzeiro contra o palmeiras. fiquei duplamente feliz com os resultados das 16h...

rio kart: levando em consideração que o grande bônus do terceiro lugar em relação ao quarto é a garrafa de champanhe, deveríamos torcer para o raikkonen ficar mais vezes em quarto, pois seu afã de chegar ao pódio seria certamente enorme! kakakakaka

celinho: adorei seu relato sobre a hóstia, bem diferente. mas peralá, rapaz! me comparar a reginaldo leme e a teu conterrâneo lemyr martins já é exagero. vou me permitir discordar ligeiramente sobre o fosso que separa as equipes grandes das pequenas. em outros tempos, essa distância era ainda maior. as equipes pequenas, até uns dez, quinze anos, eram ruins demais, quase semi-profissionais em relação ás primeiras do grid. hoje, as fracas spyder e toro rosso têm, pelo menos, um nível de profissionalismo muito melhor que no passado.

marcus mayer: obrigada e seja sempre bem vindo!

romário jr.: fiquei curiosa! volte mesmo, e obrigada pela visita.

Anonymous said...

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Anonymous said...

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