Encerrada a temporada, chega o momento de eleger os melhores da Fórmula 1 em 2007. A-do-ro eleições do tipo "o melhor" de qualquer coisa. Convido os amigos a ler minhas escolhas e a apresentar suas próprias, inclusive com a liberdade de criar novas categorias.
Como não existe Oscar da Fórmula 1, crio o Troféu Fangio, em homenagem àquele que, mesmo superado em termos de títulos, é considerado o melhor de todos os tempos - o argentino Juan Manuel Fangio. Daria o nome dele ao prêmio nem que fosse apenas por sua simpatia e gentileza, características que vi de perto, em um memorável encontro com a imprensa em São Paulo, no já longínquo ano de 1992.

Melhor piloto - discussão para mais de metro, e argumentos não faltam. Digo e reafirmo que o melhor piloto da atualidade, para mim, é Fernando Alonso, que reúne duas características raras na mesma pessoa. É arrojado quando precisa (vide Nurburgring 2007) e cauteloso quando convém. Quase uma mistura de Senna e Prost, o que parece impossível como misturar água e óleo. Mas 2007 não foi o ano de Alonso, que fez corridas irreconhecíveis, como o GP do Canadá. Custo a acreditar que vou dizer isso, porque continuo achando o finlandês um piloto displiscente, mas não há como negar que o campeão deste ano foi a personificação da eficiência quando era eficiência o que se esperava dele, além de ter ganho o maior número de corridas no ano. Portanto, Kimi Raikkonen.
Melhor carro - pode ter sido copiado da Ferrari, mas o fato é que o McLaren-Mercedes de 2007 é o caso de criatura que supera o criador. Não quebrou uma única vez neste ano e acaba sendo um caso raríssimo de carro rápido e confiável que não leva o título. Para que tenhamos certeza de que não basta, não, colocar um macaco no comando das máquinas... (adendo: lembrando que esta é uma referência à célebre frase de Niki Lauda, dizendo que os Fórmula 1 atuais são tão fáceis de pilotar que até um macaco o faria.)
Melhor equipe - a Ferrari cometeu erros grotescos ao longo do ano e parecia ter se perdido ou estar acusando demais a falta de Michael Schumacher e Ross Brawn. Mas fechou-se em torno de Kimi com devoção, trabalhou com competência e fez o que precisava para garantir os títulos de Construtores e Pilotos. La famiglia continua dando as cartas.
Melhor desempenho em uma equipe média - Não dá para comparar o desempenho de pilotos do chamado G4 com os demais. Da mesma forma, há um claro desnível entre as equipes médias e as do fundão do grid. A BMW terminou em segundo no Mundial de Construtores pela desclassificação da McLaren. De fato, seus carros vêm em uma evolução notável. Não podemos nos esquecer de um detalhe: aquilo era uma Sauber, minha gente! Mas, honestamente, Heidfeld e Kubica não fizeram meus olhos brilhar ao longo do ano. Kubica protagonizou pegas eletrizantes ao final de algumas corridas, além de ter se recuperado plenamente depois de uma panca assutadora no Canadá. Mas, se a idéia é premiar alguém que não tem um carro voador e fez bonito, meu voto vai para Nico Rosberg, especialmente pela segunda metade da temporada. Torço para ver esse rapaz logo em uma equipe grande.
Melhor desempenho em uma equipe pequena - Fácil. Sebastian Vettel. O alemãozinho já mostrou qualidades ao acelerar o carro da BMW desde o ano passado como piloto de testes, mas seu quarto lugar no GP da China foi uma recuperação para lá de madura depois de uma lambança vexatória no GP do Japão. Este quarto lugar, aliás, talvez tenha sido o resultado mais expressivo de toda a temporada. Outra vez, vale a pena lembrar. A Toro Rosso, minha gente, é uma Minardi!
Revelação do ano - Ah, não vou nem perder muito tempo nisso. Lewis Hamilton fez história e só uma mente perturbada como a de Ron Dennis poderia ter feito o estrago que fez. De piloto popular e querido por todos, transformou Hamilton no anti-Cristo da categoria.
Fiasco do ano - Outra fácil: o desempenho da Honda. Pior que Spyker e Toro Rosso juntas, porque tem toneladas de investimentos por trás. Se o futuro do planeta dependesse da Honda, eu já estaria comprando minha passagem para Marte.
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Agora, é com vocês.
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E basta! Salvo aconteça algo de extraordinário, com este post vou dar um tempo nos assuntos de automobilismo. Sinto que os freqüentadores do blog que não gostam tanto de corrida estão já entediados. Vamos falar de música, de literatura, de poesia, de comportamento, da vida? Venham comigo e continuem lendo minhas colunas sobre automobilismo no GPTotal.