Saturday, September 30, 2006

O que não é mais, o que é para sempre

Em 1981, quando Gilberto Gil lançou o disco "Luar", pouco prestei atenção à faixa "Flora", dedicada à então jovem esposa do hoje ministro. Aquele disco teve muitas músicas de sucesso, como "Palco", "A gente precisa ver o luar", "Cores Vivas", "Se eu quiser falar com Deus" e "Lente do Amor", esta última tema de abertura do seriado "Amizade Colorida", da TV Globo. Um tremendo disco! O fato de eu não prestar tanta atenção a "Flora" talvez tenha tido relação com a maior divulgação das outras músicas. Ou também por outra razão: com apenas 11 anos, na época, eu talvez não tivesse mesmo sintonia com uma música de amor tão delicada, nem maturidade para entender o conteúdo e a profundidade daqueles versos.

No ano seguinte, Gil lançou o também admirável "Um Banda Um", que tem "Andar com Fé", "Metáfora", "Esotérico" e "Drão", uma das mais tocadas do disco, dedicada à ex-esposa de Gil, Sandra, conhecida entre amigos e familiares como Drão, corruptela de Sandrão. Nunca esqueci o comentário da minha mãe, naquela época. Antes, cumpre-se informar que minha mãe é de Touro. Do pouco que entendo de Astrologia, e entendo pouquíssimo, sei que os taurinos são o ápice do ciúme. Ela disse algo como: "Se eu fosse a mulher do Gil, mandava ele passear. Como é que faz uma música para a ex-mulher mais bonita do que a que fez para atual?"

Não contestei a opinião dela e acho até que vivi alguns anos concordando que "Drão" era mais bonita que "Flora". Até que um dia, ouvindo a gravação do show "Trem Azul", o último de Elis Regina, subitamente me vi tocada às lágrimas com "Flora", que Elis provavelmente gravaria no disco planejado para aquele 1982 fatal. Naquele momento, "Flora" revelou-se para mim e definitivamente contestei minha mãe (não que tenha dito isso para ela; ela provavelmente só saberá da minha discordância quando - e se - ler este post.)

"Flora" revela o amor maduro de Gil por uma mulher que se afigura a ele como a musa eterna. Olhando para a jovem, ele nela enxerga seu próprio futuro. Vislumbra a jovem como idosa e se vê ao seu lado, vivendo da sombra de sua maturidade, trocando mesmo de papel. No presente, o poeta é um homem vários anos mais velho que a amada e lhe transfere a condição de segurança e sabedoria. No futuro, ela é a árvore frondosa, sob cuja copa ele contempla a própria vida, multiplicada em frutos - sonhos, filhos - de uma existência conjunta, única, uma amálgama de dois seres. Como se já não existisse o velho e a jovem, nem o homem e a mulher, mas um único ser, unificado em uma realização comum, a materialização genuína do amor.

"Drão" é o hino de um amor transformado, a ode a uma relação localizada no passado, intensa e igualmente frutífera, mas que se sublimou em outro tipo de amor. Não por acaso, "Flora" é uma árvore, forte, plantada, fincada na vida do poeta, enquanto "Drão" recorre igualmente à idéia do grão, da geração da vida que, no entanto, tem que morrer para germinar, desprender-se da terra, tornar-se infinito, ganhar a amplidão do espaço para assim se realizar. "Drão" é, sim, uma declaração de amor de Gil a uma musa, mas de um amor que não é mais o amor que costumava ser, ou que se percebeu diferente ao longo do tempo, na descoberta de outras formas de amar, talvez mais intensas, ou mais perenes, ou mais completas.

Em "Flora", o poeta joga-se nas mãos da musa, coloca nela seu futuro e a crê para sempre. Em "Drão", Gil consola-se e consola a musa do fim de um amor que só poderia ter esse destino, mas que nem por isso deixou de ser amor.

Os poetas talvez saibam amar melhor que nós outros.

Veja as letras das duas canções, abaixo, e fique muito à vontade para dizer se concorda comigo, com minha mãe ou, na linha do que diria o próprio Gil, se "a complexidade do tema está justamente na contraposição das expressões diversas da manifestação amorosa".

Flora
(Gilberto Gil)

Imagino-te já idosa
Frondosa toda folhagem
Multiplicada a ramagem
De agora

Tendo tudo transcorrido
Flores e frutos da imagem
Com que faço essa viagem
Pelo reino do teu nome
Ô, Flora

Imagino-te jaqueira
Postada à beira da estrada
Velha, forte, farta, bela
Senhora

Pelo chão muitos caroços
Como que restos dos nossos
Próprios sonhos devorados
Pelo pássaro da aurora
Ô, Flora

Imagino-te futura
Ainda mais linda madura
Pura no sabor de amor
E de amora

Toda aquela luz acesa
Na doçura e na beleza
Terei sono com certeza
Debaixo da tua sombra
Ô, Flora

Drão
(Gilberto Gil)

Drão
O amor da gente é como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar n'algum lugar
Ressucitar do chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhadura
Dura caminhada
Pela estrada escura

Drão
Não pense na separação
Não despedace o coração
O verdadeiro amor é vão
Estende-se infinito
Imenso monolito
Nossa arquitetura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Nossa caminhada dura
Cama de tatame
Pela vida afora

Drão
Os meninos são todos sãos
Os pecados são todos meus
Deus sabe a minha confissão
Não há o que perdoar
Por isso mesmo é que há de haver
Há de haver mais compaixão
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
Se o amor é como um grão
Morre e nasce trigo
Vive, morre pão

Wednesday, September 20, 2006

Um cockpit para Gandhi

Já está no ar a coluna "Um cockpit para Gandhi", no GPTotal. Achou estranho? Vá lá e entenda.

Monday, September 18, 2006

Bife à rolê

Minha avó Maria era uma trasmontana com grande talento para a liderança. Isso eu diria se estivesse traçando um daqueles perfis psicológicos de empresa. Em português de Portugal, eu diria que ela gostava de mandar e exercia enorme influência sobre os seus. O pendor para comandar tanto podia ser traço inato quanto forja da vida. Consta que perdeu a mãe muito cedo e se esmerou na criação dos irmãos menores. Por conta disso, só se casou aos 26 ou 27 anos, idade já crítica para uma mulher desencalhar na primeira metade do século passado. Conheceu meu avô no Brasil, ele também lusitano e bem entrado em anos. Devia ter uns quarenta quando juntaram os tamancos.

Talvez pela dureza da vida, ou por ser mesmo muito prática, Vó Maria tinha especial metodologia quando o assunto era comida. Não parecia muito afeita a pensar no tema. Comida era para ser comida e ponto final. Suspeito que tal abordagem fosse típica da geração de imigrantes a que pertenceu. A avó do meu marido, também de Trás-os-Montes, respondia curta e grossa quando uma das filhas questionava acerca de alguma iguaria sobre a mesa. “O que é isso, mãe?”. “É de comer e calar.”

Minha avó portuguesa fazia sempre o mesmo prato a cada dia da semana, como se a casa fosse um restaurante tipo prato feito. Com isso, não esquentava a cabeça nem na hora de fazer as compras. Era sempre tudo igual. Mantivemos o hábito de almoçar com ela todos os domingos, até sua morte, em 1981. Enquanto meu avô era vivo, o encontro era em torno da mesa caseira. Depois, ela passou a preferir restaurantes.

Lembro-me pouco, mas sei que nesses almoços privados havia sempre um macarrão de forno. Coisa prática de se fazer antes e finalizar na hora de servir. Cozinhava um talharini. Pegava uma forma de buraco, untava e passava farinha de rosca. Revestia a forma com fatias de presunto. Acomodava ali a massa cozida, intercalando camadas de macarrão com pedaços de queijo. Depois, batia uns ovos e jogava por cima. No forno, gema e clara batidas amalgamavam tudo, virava uma espécie de torta. Todo domingo, sempre.

Com as mães e avós daquela época, não tinha essa história de não gostar. A comida era aquela e pronto. Se gostava, comia. Se não gostava, fazia birra, apanhava antes e comia depois. Nunca levei dela nem palmadinha na bunda nem vi minha avó bater em ninguém. Mas, com aquela autoridade no olhar e no discurso, desconfio que nem precisava.

Terça-feira era dia de bife à role, que devia ser feito com coxão duro, recheado de várias coisas, entre elas, lingüiça. Meu pai sempre detestou carne de porco e, na certa, torcia o nariz para a brachola lusitana por conta do embutido suíno. Problema dele. Já adolescente, começou a ganhar asas nas rodas de uma bicicleta. Certa terça, já sentindo o refogado chiar na panela, resolveu livrar-se do desafeto gastronômico da semana. A única irmã, nove anos mais velha e já casada, morava uns bons quilômetros distante da casa materna, mas inventou de ir visitá-la. Um pouco para fugir do bife à rolê, muito mais para rever a mana. A diferença de idade não impedia o enorme afeto entre os dois, que fazem muita falta entre nós hoje.

Subiu na magrela e rumou para o Jardim da Glória, um simpático recanto entre a Aclimação e o Ipiranga. Sobe ladeira, desce morro, chegou à casa da irmã. Era terça-feira e, se você prestou atenção ao talento para influenciar pessoas da minha avó e ao título desta crônica, já sabe o que tinha de almoço na casa da minha tia, naquele dia.

Monday, September 11, 2006

11 de setembro - O que você estava fazendo?

Tive bronquite alérgica durante toda a infância. Mal de família. Alopatia, homeopatia, simpatia. De tudo, o mais eficaz era a tetraciclina, antibiótico danado que sossegava os brônquios no imediato, mas deixava seqüelas no futuro. Os dentes permanentes, ainda nem nascidos, vieram com uma coloração acinzentada que me mortificava. Não fossem minhas péssimas relações com a balança, durante muitos anos da vida, eu teria atravessado a adolescência com vergonha dos dentes. Anos depois, afinei a silhueta, daí mirei na boca. Meu médico me indicou o dentista, seu amigo do peito, e fui bater às portas do dr. Marcelo. Comecei o tratamento e ele me aconselhou: evite o café. Resolvi levar a orientação a termo bem naquele dia. O café da manhã foi sem café, mas dr. Marcelo falou, está falado. Nunca imaginei que seguiria tão à risca o que me diz um palmeirense, mas com ele foi e é assim.

Ajeitei a agenda de modo a ficar com a manhã livre e poder levar meu filho para fazer um exame. Um mês antes, uma infecção urinária nos assustou e a pediatra nos indicou uma bateria de procedimentos, para excluir suspeitas. Ultra-som das vias urinárias, lá vamos nós. Sempre adorei ultra-som, que conta a história na hora, sem depender de revelações posteriores. Depois, trabalhando muito com médicos, descobri que ultra-som é o que eles chamam de “operador dependente”, ou seja, a máquina só vai mostrar bem se o médico que o opera souber fazê-lo com competência. A médica japonesa que examinou meu filho devia ser das boas, porque poucas passadas do aparelho foram suficientes para ela dizer a frase que todos gostamos de ouvir de homens e mulheres de branco. “Está tudo normal.”

Enxaqueca é uma dor de cabeça lancinante. Parece haver uma mãozinha dentro de seus miolos querendo empurrar um dos olhos para fora. Há quem sinta enjôos e náuseas e quem veja estrelas. Nunca fui acometida por tais alucinações visuais – minha mente parece viajar por conta própria, sem o auxílio da dor. Na variedade de sintomas, todos parecem se unir em um desejo comum: um quarto escuro e silêncio. Quem já tomou remédio para enxaqueca deve saber que muitos deles são feitos à base de cafeína. A enxaqueca está muito associada a mudanças de hábitos: dormir menos ou mais do que se costuma, ingerir álcool ou alimentos gordurosos, ficar muito tempo ao sol, submeter-se a uma situação de estresse, beber muito café ou menos que de costume. Naquele dia, 11 de setembro, não bebi café algum.

Saí do centro de diagnósticos com a alma leve, certa de que meu filho não sofria de nenhuma anomalia nos rins ou na bexiga. Bem antes que a enxaqueca aniquilasse meu dia. Liguei o rádio na Bandeirantes AM e peguei uma entrevista começada. Um homem dava testemunho de um acidente ocorrido no World Trade Center. Achei que era o da Marginal Pinheiros, veja só. Ao longo da entrevista, entendi que era Nova York, que não era um acidente e que o entrevistado era jornalista e tinha sido meu colega veterano na universidade. Enquanto ele falava, outro tumulto. O segundo avião batendo na segunda torre. Ah, os jornalistas! O mundo inteiro sabia daquilo, mas eu tinha que contar para alguém. Liguei do celular para meu marido, que estava em reunião, já sabia mais ou menos do ocorrido, mas ainda não tinha noção da gravidade. Deixei meu filho em casa e fui trabalhar, como se fosse possível produzir alguma coisa naquele dia.

Na hora do almoço, fui correr meia horinha na esteira e gostei de ver todas as TVs da academia ligadas nos noticiários. O tradicional som tecno emudeceu para ouvirmos os repórteres. Lembro de um professor indignado com a atitude de uma aluna, que andava calmamente na esteira, escutando música em seus fones de ouvido. “Em que planeta essa menina vive?” Quando voltei para o escritório, estávamos sem luz. Pergunta daqui, reclama de lá, a concessionária de energia elétrica informa que a ligação havia sido desligada naquele dia, conforme solicitação. O peso na cabeça, que vinha se acentuando, começou a virar agudas pontadas. Solicitação de quem? Esbravejei ao telefone e solicitei urgente outro técnico no local. E ele veio e confirmou que tinha desligado a força do conjunto 33, conforme solicitação. Mas eu sou do 34!!! Eu falava e repetia, e a cabeça latejava. Antes de anoitecer, entreguei os pontos. Hoje não é dia, vou pra casa. Cheguei louca pelo quarto escuro, nem os noticiários da noite vi.

Foi assim meu 11 de setembro de 2001, e o seu?

Em tempo: meu tratamento de clareamento dental foi um sucesso retumbante. Prof. Dr. Marcelo Poloniato levou meu caso para congressos e chegou a receber aplauso em cena aberta quando mostrou minhas fotos de antes e depois! O escurecimento por tetraciclina era tido quase como um caso perdido na comunidade odontológica. E talvez os especialistas tenham descoberto que o café não prejudica o tratamento, porque é óbvio que, do dia 12 de setembro em diante, nunca mais fiquei sem café.

Sunday, September 10, 2006

The end

Revirei a caixa dos telex em busca de alguma novidade. "Tem notícia aí, Alves?", um dos editores perguntou. "Definiram o substituto do Gachot, um alemão. Peraí que vou olhar de novo o nome dele. Schumacher. Nunca ouvi falar." Ninguém tinha ouvido. "Escreve um módulo 100", pediu-me o chefe, indicando o tamanho da notícia. Módulo 100 era a mais curta delas, naquele projeto editorial da Folha.

Bertrand Gachot, titular da equipe Jordan, não correria o GP seguinte, na Bélgica, por um motivo esdrúxulo. Estava preso na Inglaterra, depois de uma briga de trânsito, na qual resolvera a contenda disparando gás paralisante no outro motorista. Assim começou a carreira de Michael Schumacher na Fórmula 1. Hoje, 10 de setembro, quinze anos depois, ele anunciou que ela termina no dia 22 de outubro, no GP do Brasil.

Vi tudo. E agora acabou. Semana passada, Agassi. Hoje, Schumacher.O futuro sorri a eles, também nos sorri. Os Stones lembrariam que o tempo está do nosso lado. Time is on my side, yes it is... Mas é difícil, difícil demais, levantar a âncora do passado.

Wednesday, September 06, 2006

A cerimônia do adeus

No ar, minha mais nova coluna no GPTotal, falando sobre a aposentadoria (ou não) de Michael Schumacher. Vê lá, vai!

Monday, September 04, 2006

Homem não chora

...


Desculpem a insistência no tema, mas estou mesmo sensibilizada com a aposentadoria de Andre Agassi. Os anos e a brutalidade do mundo vão se encarregando de endurecer nossos corações juvenis e chegamos à maturidade com tiques de ceticismo. Às vezes, nada parece sincero. Tudo pose, tudo fake, tudo feito para a TV. Mas, sei lá, Agassi me derrubou. Talvez por ter exatamente a mesma idade que eu, o norte-americano, ao dar adeus às quadras, me bateu de leve no ombro e cochichou: “é, mana, você está ficando velha.”

Agassi não encerrou sua carreira no auge da forma. Portanto, poucos apostariam que ele se despediria do tênis conquistando mais um título, como fez Pete Sampras. Logo, cada uma das três partidas que disputou no Aberto dos Estados Unidos tinha potencial para ser a última. A primeira, contra o romeno Andrei Pavel, não foi exatamente fácil. Agassi perdeu o primeiro set e venceu os três seguintes. A segunda, contra o cipriota Marcos Baghdatis, foi de arrancar o couro. Jogo com mais de três horas, decidido em cinco sets. Foi demais para o veterano.

Ontem, dia 3 de setembro, os cacos de Agassi entraram na quadra para enfrentar o alemão Benjamin Becker, que até agora só figura na história do tênis por ter vencido a última partida disputada pelo norte-americano. Esse Becker não tem nada a ver com o Boris, número 1 que dividiu glórias e títulos com Ivan Lendl nos anos 80. Só apareceu para ser o outro, a sombra, o J. Pinto Fernandes da história.

Drummond não escreveria sobre a derradeira partida de Agassi, um 3 a 1 qualquer, como tantos. Agassi perdeu, encaminhou-se para a rede, como pede a etiqueta tenística, cumprimentou o vencedor, foi para sua cadeira, sentou-se e começou a chorar. Talvez nessa hora, o poeta mineiro se animasse. A platéia estava lá para isso mesmo, por isso se levantou inteira e despejou-lhe palmas, gritos, vivas e mais lágrimas. Talvez nenhum espectador lá estivesse para ver a vitória, mas para presenciar a história. E a história só se faria com a derrota. Um bando de urubus, na verdade nua e crua.

Agassi, como era de se esperar, pegou o microfone e dirigiu à turba o discurso guardado na mente havia alguns meses. Palavras sem originalidade, juras de amor e gratidão. Poderia até soar fake, não fossem os soluços entrecortando a fala. E as lágrimas escorrendo, e aquela fisionomia de alegria triste que marca o ser humano nas horas cruciais. Aquelas horas estanques que determinam o nada será como antes. Casamento, formatura, despedida. Por mais aguardado o momento, por mais alvissareiro o futuro, é difícil levantar a âncora do passado. Alegria triste.

Ah, se os homens soubessem como amamos suas lágrimas...

O quanto ficam mais humanos, mais sensíveis, mais acessíveis, mais ternos, mais doces. Não, não queremos manteigas derretidas, bezerros desmamados, histéricos descontrolados. Não queremos e não seremos cataratas instantâneas a cada emoção ou contrariedade. Que nem homens nem mulheres tenham a prerrogativa do choro. Nem a do não-choro. Não sejamos modelos. Sem essa de mulher chora à toa. Nada de homem não chora. Homem não chora. Quem chora é gente.