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Há exatamente um ano, registrei os 19 anos da morte do poeta Carlos Drummond de Andrade neste post.
Vinte anos, hoje.
Minha relação com o fato está no texto de 2006. Para hoje, passo a palavra ao poeta, com dois poemas sobre o mesmo tema.
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.
Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Friday, August 17, 2007
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3 comments:
Drummond é um dos meus poetas preferidos. Outro dia vi um trecho de uma entrevista em que ele falava do seu amor pelas palavras. E foi um amor muito fecundo.
E unão li o texto do ano passado. Mas nem precisa. Além do bom gosto tem as palavras de Drumond, que ao lado de Quintana e João Cabral formam a santíssima trindade da poesia nacional.
Emocionou.
Groo
valéria mello: ele era triste, parecia ser triste, mas é sem dúvida um dos meus preferidos também.
ron groo: fico feliz que tenha emocionado. viva drummond!
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