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Minha cabeça faz associações esdrúxulas, que chegam a me constranger. Acho que todo mundo é assim, mas eu, pelo menos, falo das minhas sandices. Nas últimas semanas, depois do acidente da TAM, falou-se muito do tal “grooving” da pista de Congonhas, um processo pelo qual são feitas ranhuras no piso, para favorecer a frenagem das aeronaves. Pois cada vez que eu ouvia falar em “grooving”, lembrava da música “Let´s groove”, um grande sucesso do grupo norte-americano Earth, Wind & Fire.
Nascido em 1969, em Chicago, ainda com o nome de Salty Peppers, EWF teve uma quantidade absurda de integrantes ao longo de sua história – cerca de 50! Habitualmente, a banda agregava em torno de dez músicos. As formações foram inúmeras, mas o coração do EWF era seu criador e, por assim dizer, “dono”, Maurice White. Era em torno dele que a banda gravitava, tendo como base constante ele e seu irmão, o baixista Verdine White, além do cantor Philip Bailey.
Quando surgiu, o EWF foi apresentado como uma banda de rythm´n´blues e foi sob esta definição que gravou os primeiros álbuns, no começo dos anos 70. Mas a curiosidade de Maurice White era tanta que ele nunca se furtou a passear por inúmeros outros gêneros. Isso explica, em parte, a multidão de músicos que passou pelo grupo. Se, em determinado momento, buscava um som mais jazzístico, acolhia músicos dos “after hours” que se esmeravam em caprichados solos de sopros. No momento seguinte, seus ouvidos se voltavam para tendências mais “étnicas”, e ele logo se juntava a músicos estrangeiros, tendo contado com a participação inclusive de músicos brasileiros, como o percussionista Paulinho da Costa.
Percussão e brasileiros, na mesma frase, são termos que valem destaques especiais. Maurice White foi uma espécie de Carlinhos Brown da dance music. Não que tivesse a inventividade do percussionista baiano para criar instrumentos musicais a partir de objetos do dia-a-dia, nem sua verborragia algo complexa, mas o músico de Chicago incorporou a percussão com toques africanos de forma definitiva à música popular norte-americana dos anos 70. Isso se tornou tão forte na história do EWF que ele acabou criando uma produtora chamada Kalimba Records (sendo kalimba o nome de um instrumento de percussão originário da África, que era praticamente a impressão digital do EWF). O som do EWF era uma combinação poderosa de metais, percussão e, claro, o vocal ultra-característico do grupo.
A ligação da banda com o Brasil foi enorme. Uma turnê em 1980 pelo país rendeu o disco Live in Rio. Os caras estavam na crista da onda por aqui. Indiscutivelmente, o EWF foi catapultado ao estrelato pela onda disco. Quem hoje torce o narizinho empoado para o que se produziu naquela época pode até chamar os cabras de comerciais, mas quero ver fazer isso sem chacoalhar de leve o quadril ou pelo menos bater o pezinho enquanto ouve “September”, “Boogie Wonderland”, “Fantasy”, “Devotion”, “After the love is gone” ou a “Let´s Groove” que me veio à mente.
Todos esses megahits foram produzidos entre 1978 e 1981, a época de maior sucesso do EWF. Para mim, no entanto, seu melhor disco foi gravado em 1983, chama-se “Powerlight” e tocou quase até furar no toca-discos lá de casa. Teve dois grandes sucessos – “Fall in love with me” e “Side by Side”, que eram minhas favoritas ao lado de “Spread your love” e “Miracles”, a última faixa do disco, um gospel de arrepiar, com um coro infantil somado aos vozeirões adultos.
Na década de 1990, Maurice White anunciou que era portador do Mal de Parkinson e se retirou das turnês do EWF. A banda ainda existe, sob a liderança de Philip Bailey, com Verdine White e Ralph Jones. Maurice manteve a Kalimba Records e ainda hoje produz alguns álbuns de outros artistas da black music.
Thursday, August 09, 2007
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8 comments:
Achei que era só eu!!! Mas para variar sempre estamos sintonizadas!!! Toda vez que ouvia as notícias acabava por cantar mentalmente a música!!!
Let´s groove tonight!!!
Beijocas
É Alessandra ,não teve jeito mesmo,vc acabou relacionando uma musica com o acidente.
Será!?
Jonny'O
malu: (ou melhor, a mãe dela) tá vendo? nós somos normais. legal esta conexão mental ter se mantido depois de alguns anos e de muitas milhas a nos separar, né?
jonny´o: pois não é, menino?! ainda bem que esta pelo menos não é minha música preferida de ewf...
Adoro essa música.
Achava bem bacana também o videoclipe, com (d)efeitos especiais de ponta para a época...
alessandra, gosto muito de ler seu texto sensível e bem informado, também gosto muito do EWF.
a.jung
andré: obrigada! que prazer saber disso. também leio sempre suas colunas e gosto muito delas. viva o ira!
É a primeira vez que escrevo um 'comment' para dizer: eu também!
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