Monday, August 17, 2009

Bote fé no velhinho

Pedro De La Rosa, Alexander Wurz, Jacques Villeneuve... Os nomes destes três ex-pilotos em atividade rondaram o noticiário nas últimas semanas, como prováveis ocupantes de assentos nas novas equipes da Fórmula 1. Por um momento, pensei que tinha voltado uns dez anos no tempo.



O espanhol De La Rosa, 38 anos, fez sua estreia em 1999.



Wurz, o austríaco de 35 anos, começou na categoria em 1997.



O campeão Villeneuve, canadense de 38 anos, debutou na Fórmula 1 em 1996.

A notícia da volta de Michael Schumacher era superlativa demais para se alinhar a esse espírito de baile da saudade, ainda que fosse o retorno de um piloto de 40 anos, que fez sua estreia em 1991.



Daí veio o forfait do alemão e foram buscar o italino Luca Badoer, mais um da safra de 1971 (38 anos, portanto), que fez sua estreia em 1993.

Como contemporânea dessa turma toda, não deixo de estar satisfeita com a valorização dos "velhinhos". E não deixo de pensar que estamos ouvindo falar de De La Rosa, Wurz, Villeneuve e Badoer em parte por suas habilidades ao volante. Entre eles, um campeão do mundo. Inquestionável. Mas também me parece óbvio que estes nomes ganharam relevância com a esdrúxula regra da proibição de testes.

Como promover jovens a titulares da Fórmula 1 sem lhes permitir ganhar quilometragem com os carros? Esta me parece a razão mais evidente para que os "velhinhos" estejam mais bem cotados que nomes como Niko Hulkenberg, Vitaly Petrov, Lucas di Grassi, Pastor Maldonado, Javier Villa, jovens estrelas da GP2 atual.

De La Rosa, Wurz, Villeneuve e Badoer são melhores que a atual geração da GP2? Não há como saber, pois os jovens não foram postos a prova e, se depender do regulamento atual da Fórmula 1, não o serão. Há três semanas, vimos o temor espalhado entre os próprios pilotos, diante da inexperiência do espanhol Jaime Alguersuari. Nesta semana, mais uma estreia provável, a do francês Romain Grosjean, verdinho como o outro. Entre os verdes e os velhinhos, as equipe podem apostar nos cabelos brancos contra a total inexperiência.



Na eleição presidencial de 1989, a primeira eleição direta para presidente do Brasil em 29 anos, o jingle do candidato Ulysses Guimarães entoava os seguintes versos: "Bote fé no velhinho, que o velhinho é demais/ Bote fé no velhinho, que ele sabe o que faz/ Vai mudar o Brasil, do Oiapoque ao Chuí/ E acabar com a molecagem que tem por aí". A principal plataforma do "Sr. Diretas", do deputado que promulgou a Constituição Cidadã de 1988 era, vejám só, a experiência contra a molecagem. Estaria a Fórmula 1 caminhando para se tornar uma categoria de velhinhos?

4 comments:

foca said...

putz, vendo essa lista te pergunto: e quem seria o janio quadros da F1?

Ron Groo said...

Pois é... O que não faz uma regra absurda destas de proibir testes.

Imagina se a moda pega e os times de Futebol não puderem mais treinar. Ou nadadores, ou o Usain Bolt!

A valorização de pilotos digamos... Na terceira idade seria interessante se os nomes não fossem tão fracos né?

Badoer, De la Rosa, Wurz infelizmente tem um curriculo neutro, algumas boas corridas e só. Estavam destinados ao esquecimento em mais alguns anos, ou como diz com propriedade o Eduardo Correa, são "moveis e utensílios" da F1.

Ah eu exclui da lista o Villeneuve, mas não por que acho que seu titulo mundial seja algo assim relevante, maravilhoso o suficiente para diferencia-lo.
Penso nele como um Damon Hill canadense que depois de sair do foco dos refletores se tornou uma nala dificil de ser carregada.
Sem contar a tentativa de ser artista, guitarrista e cantor...
Que não vou comentar por restpeito aos que são realmente profissionais do metier.
O cara chato!

Willian said...

Com a proibição dos testes, as equipes cada vez mais optam pela experiência...

Carlos Martí said...

Leio os comentários brasileiros sobre F1 e fico me perguntando porque tanta preocupação se o cara é chato, se não é bonzinho. Se isso for importante na pista, o Pedro de la Rosa deveria rece ber um troféu, pois é um cara "guay" somo se diz por aqui. Será que tamanho maniqueismo é produto de tanta exposição à TV Globo?
Abs