Sunday, April 20, 2008

Danica!


A manchete foi a mesma em praticamente todos os portais de automobilismo, nesta manhã de domingo: Danica Patrick faz história ao vencer pela primeira vez na Indy. Primeira vez de Danica, primeira vez de uma mulher na categoria. Foi na corrida de Motegi, no Japão. E eu não vi!

A prova foi adiada em um dia, por causa da chuva que desabou sobre o circuito. A emissora que detém os direitos de transmissão da Indy para o Brasil, a Bandeirantes, preferiu manter sua programação habitual e não mostrou a corrida na noite de sábado, transferindo a prova para seu canal fechado, o BandSports. Como não tenho este canal, dancei.

Pelos relatos que li, Danica foi beneficiada pela estratégia de pit stop traçada por sua equipe. Aproveitou uma das bandeiras amarelas para reabastecer e foi orientada pela equipe para economizar combustível. A vitória, que parecia seguir fácil para Scott Dixon, aproximou-se de Danica quando o líder, e vários outros pilotos à frente dela, precisaram parar para completar seus tanques. Sobraram, na frente, Hélio Castroneves e Danica. Ela deixou para acelerar forte na última volta e ultrapassou o brasileiro. Com o segundo lugar, Helinho lidera o campeonato e Danica está em terceiro na classificação geral.

Quando voltar para a América, Danica vai aparecer em tudo quanto é programa de TV. Vai sentar no sofá do David Letterman, vai à Oprah para ouvir relatos emocionados dos pais, dos colegas, da primeira professora, deve ser procurada pelas campanhas de Hillary e Obama para declarar apoio e, se bobear, termina no palco do American Idol.

A Fórmula Indy pode não ser a categoria mais apaixonante do mundo, mas os americanos são bons nesse negócio de promoção. Danica tem valor como piloto, ou não estaria em uma das principais equipes da categoria nem teria sido capaz da vitória de hoje. Mas é certo, também, que a aposta da Indy em uma mulher dá maior visibilidade à categoria.

Não vai ser estranho se Danica chamar a atenção de alguma equipe da Fórmula 1 no futuro próximo. Pela piloto que é e pela promoção que seu nome gera. Meu coração feminista torcerá apaixonadamente para que ela seja bem sucedida. O que não é fácil, pois os pilotos que já cruzaram o Atlântico em direção à Europa, egressos do automobilismo norte-americano, não têm tido sorte nos últimos tempos. Depois de Jacques Villeneuve, campeão de 1997 na F-1, vindo da Indy, ninguém mais cruzou essa ponte com sucesso. Que Danica o faça e abra as portas para a brasileira Bia Figueiredo, que hoje disputa nos Estados Unidos a Fórmula Indy Lights.

7 comments:

Anonymous said...

Também não vi a corrida, porém, desculpe, mas nunca acreditei em Danica como piloto à sério. Sempre achei, e ainda acho lendo seu relato que Danica é mais um golpe de marketing para tentar popularizar as corridas de carros entre as mulheres. Querendo ou não este esporte ainda é um nicho machista. Errado, concordo. Tem muita mulher por ai que dirige muito melhor que muito homem por ai - incluindo a mim que sou incapaz de acelerar, fazer curva e trocar marchas ao mesmo tempo em que olho para a estrada.
Mas como dizia... um certeiro golpe de marketing já que a menina é bonitérrima.
Uma curiosidade... Na transmissão do GP de Homested o narrador Luciano do Valle queria por toda forma chamar a atenção para a Danica durante a transmissão, chegando a chama-la de 'nossa Danica"... Pois bem... Narrava ele:
"-Vai ser dada a largada, bandeira verde está valendo, passa Castroneves, passa Kanaan, a nossa Danica largou em 5, passa na primeira volta em 7, que corrida de Danica..."
Não me lembro se eram estas posições, mas foi exatamente esta a situação... e mais adiante...
"-Danica que largou em 5 faz uma corrida sensacional, acelera muito... Passa agora em 19 que corrida..."
Quanto a Bia... Acompanho pouco a Stock, mas pelo que li, ela tá aprendendo bem...
Espero que vá em frente e que se de muito bem. Até pra fazer justiça as mulheres que dirigem...

Anonymous said...

Só uma coisa que esqueci de mencionar...
Sendo ela produto de marketing ou não, nada mancha sua vitória no Japão, limpam, digna e merecida...

Blog F1-V8 said...

hehaheahehaeh

Vou discordar do meu amigo Groo... Acho que Danica é uma boa pilota sim. Obviamente a atenção da mídia americana recai sobre ela, pois eles adoram promover pilotos, sejam lá quem eles forem. Lembrando que o Helio Castroneves disputou o Dancing with the stars e acabou se enrolando no sentido bíblico com sua partner... mais marketing que isso impossível!!!

Mas Danica tem história. Ela não surgiu do nada. Aos 16 foi para a Inglaterra disputar a F-Ford. Mas o mercado europeu é totalmente machista e por lá, apesar de ter feito boas corridas, não conseguiu apoio nenhum e retornou para os EUA.

Acho que Danica não vai para a F1 não... e também não deveria. Ela tem sucesso nos EUA, o melhor carro e ainda ganha MUITO. Só valeria a pena se conseguisse chegar já em uma equipe de ponta, que lhe desse boas condições na disputa. Não vale a pena arrastar-se pelo meio do grid só para dizer que está na F1.

Mas certamente o olho de Ecclestone cresceu, uma mulher vencedora na F1 faria um bem danado à categoria!!!

Blog F1-V8 said...
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Anonymous said...

Uma façanha,enfim chegou a vitoria de uma mulher em uma categoria top ,embora ainda em crise a IRL é sim uma categoria top.

E Danica venceu com todos os meritos ,e não foi sorte ,ela foi superior nesse GP ,afinal de contas economizar combustivel neste GP não era novidade para ninguém.

E quanto ao verdadeiro valor da piloto ,acho que nem é o momento de se discutir isso ,afinal em um oval o vencedor tem que ser bom é justamente nele ,em um circuito oval ,e aí me vem na memoria algumas palavras do proprio Fittipaldi quando começou sua aventura nos EUA ,pilotar em um circuito assim é tudo diferente ,em muitas curvas não se tira o pé do acelerador ,é com o freio que se diminui a velocidade pois o carro sempre sai de dianteira, enfim a tecnica é outra ,além é claro ,é preciso muita coragem ,não deve ser facil andar do lado de muros a 300 km/h .

E Danica é muito veloz em oval ,e enfim chegou seu momento ,um momento historico e isso ninguém tira .

Jonny'O

Alessandra Alves said...

ron: colega, acho que você vai ficar sozinho nessa, porque também vou me alinhar ao blog f1-v8 e ao jonny´o. por enquanto, não acho que a danica seja um gênio, mas não posso concordar que ela seja só produto do marketing. como bem lembrou o blog f1-v8, a norte-americana tem um longo histórico no automobilismo e ninguém fica tanto tempo em uma profissão de risco dessa se, em primeiro lugar, não gostar muito do que faz e, em segundo, não tiver qualidades mínimas.

daí o jonny´o vem pontuar outro aspecto que eu valorizo enormemente. a coragem desses pilotos, qualquer piloto. aliás, jonny´o, sua colocação sobre os ovais me fez lembrar a célebre passagem do filme "carros", tão cultuado pelos nossos guris, na qual o doc hudson ensina o mcqueen a fazer a curva para a esquerda!

Anonymous said...

Alessandra. Como vai!?
Assisti a corrida no sábado a noite, a Indy tem esse componente meio artificial de manter a emoção ouy a imprevisibilidade até o fim, as vezes cansa. Mas no sábado foi legal ver essa menina surpreedendo a todos. Já tinha passado da hora de ganhar.
Confesso que passei seu texto inteiro procurando pela Bia Fugueiredo. Me lembro dela na corrida de rua de Fórmula Renault aqui em Salvador-BA, e da simpatia dela nos boxes que eram bem populares. Sempre a considerei excelente piloto. Ela sempre manteve prestígio em todas as categorias que passou, obviamente essa vitória da Danica, chamará ainda mais atenção para as mulheres no automobilismo, a posição da Bia não poderia ser melhor, pois vem tendo destaque na IndyLight´s.
Ela pode aproveitar esta porta que se escancarou e ir longe mostrando que pode competir de igual para igual com os homens. Séi lá, mas tenho alguma impressão que a Bia pode ir mais longe que a Danica, algo me diz que também é melhor piloto que a americana. (argh!Como é ruim não escrever pilotA, o que acha de inaugurarmos o termo!?)