Thursday, February 05, 2009

O menor piloto de todos os tempos


Começo pedindo desculpas pela longa ausência. Não sei de onde tiraram a idéia de que o ano só começa depois do Carnaval, pois o meu começou quente. Estou trabalhando como um cortador de cana em plena safra, de sol a sol, mas não reclamo. Costumo dizer que, por trabalhar por conta própria, sou como um táxi - só ganho se estiver ocupada.

Também devo confessar certo desânimo em entrar nessas discussões de pré-temporada na Fórmula 1. Considero isso: a) inútil - quase tudo o que se fala nessa época é pura especulação; b) repetitivo - são sempre os mesmos e óbvios prognósticos, ainda que muitas vezes nós, analistas, quebremos a cara com nossas previsões e raramente façamos mea culpa depois; c) chato - sobretudo chato, já que ficamos parecendo um bando de fofoqueiros.

Leio notícia sobre os testes de inverno e sobre certo desânimo apontado por Fernando Alonso com seu R29. O carro, que é mais feio que o Kubica e o Buemi juntos, pode mesmo ser uma cadeira elétrica, mas prefiro esperar o show começar para dar todo crédito ao espanhol. É que, com vinte e cinco anos de Fórmula 1 no currículo, vivi o bastante para desconfiar de tudo. As palavras de Alonso me cheiram a blefe, e já vi tantos blefes na Fórmula 1... Alonso mal tinha saído das fraldas e eu já cobria os blefes de Ayrton Senna. "Não vou correr pela McLaren neste ano", "Vou correr na Fórmula Indy", blá-blá-blá... O novo Renault pode mesmo ser uma cadeira elétrica - os choques causados pelo KERS reforçam tal inclinação - mas prefiro esperar.

Mas era sobre o KERS mesmo que eu queria falar. Tido como grande revolução tecnológica, o dispositivo que recupera a energia de frenagem para reacelerar o carro é algo já banalizado em alguns sistemas de transportes. Na Europa, várias linhas de trens utilizam soluções semelhantes. No Brasil, veja só, há até ônibus rodando por algumas cidades com uma chamada "célula de combustível", que executa um processo parecido, recuperando a energia gerada pelos freios para reacelerar o veículo. No mundo aqui fora, tais dispositivos servem para economizar combustível e, portanto, otimizar o custo do processo. Com o apelo ecológico bombando em todas as direções, é algo muito bem vindo. E a Fórmula 1 pegou carona, desenvolvendo seu próprio sistema.

As equipes ganharam mais esse quebra-cabeça para atazanar a vida de seus projetistas. Como o brinquedo pesa entre 25 e 40 kg, a relação de peso dos carros mudou. E como o piloto vai dentro do carro, sobrou para ele também. A moda entre a pilotada, agora, é brincar de faquir. Os rapazes, que já eram magros, estão ficando pele e osso. Durante o inverno europeu, Fernando Alonso perdeu 3,5 kg. Meteu-se até com ciclistas de seu país, subindo montanhas para fazer descer o ponteiro da balança. Nico Rosberg, que já era um pau de virar tripa, confessa que passou o Natal contando calorias (teria abdicado do peru?). Se os nanicos Felipe Massa, Nick Heidfeld e Heikki Kovalainen emagrecerem mais, correm o risco de serem levados pelo vento.

Nunca tive muita paciência para aquelas intermináveis discussões sobre "o maior piloto de todos os tempos". Schumacher, Senna, Fangio, Nuvolari, o lenhador austríaco, sei lá mais quem... Parece que a geração atual subverteu essa questão. Estão todos empenhados em ser o menor piloto de todos os tempos.

16 comments:

Ron Groo said...

E voltou com um post de assuntos no atacado:

Trabalhar é ótimo até quando é muito. Confesso, sou um workaholic, quando não estou ralando em meu emprego formal, estou escrevendo minhas bobagens.

Sobre as pré temporada, realmente é chato. Por isto nunca posto noticias. Primeiro que não sou jornalista logo não tenho crédito pra tanto. Depois porque tem gente melhor fazendo isto.

Alonso blefando? Fazendo piada? Cê não acha que ele parece o Coringa? Aquele do Batmam...

Acho o kers algo desnecessário na F1, ao menos se a energia que ele armazenasse fosse para substituir a gasolina no tanque, mas é só pra dar um impulso a mais em alguns momentos. Não gosto da idéia do 'push to pass'.

Li que o Nico Rosberg deu xilique por conta deste negócio de emagracer. Acho que ele ta preocupado demais com a estética, eu sei que é maldade, mas outro dia escrevi que ele nunca vai lembrar o pai dele pilotando, e um amigo respondeu que as vezes poderá lembrar a mãe dirigindo rumo ao mercado... Ou ao cabelereiro.

Puxa... Eu achava que ninguém mais conhecia a história do lenhador austriaco que era o melhor piloto do mundo, sem nem mesmo nunca ter dirigido um carro.
Onde posso encotrar esta história pra imprimir?

L-A. Pandini said...

Groo, esta história saiu no "Automobile Year" de 1975 e foi reproduzida na edição brasileira do famoso anuário (infelizmente, ela só existiu durante três ou quatro anos). Seu autor é o jornalista francês Johnny Rives, com quem a Alessandra chegou a trocar algumas palavras a respeito.

Tenho esse livro em casa. Vou escanear as páginas e tentar colocar o texto no meu blog, para que todos leiam. Abraços. (LAP)

Anonymous said...

foi de sacanagem essa do Rosberg abdicando do peru né?? kkkk

Anonymous said...

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Anonymous said...

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Anonymous said...

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Anonymous said...

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Anonymous said...

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Anonymous said...

ih foi mal...não to querendo fazer spam não...é que tava demorando pra ir então eu cliquei várias vezes o botão. Desculpaê

Anonymous said...

Ale, sua ausência será sentida sempre. Boas vindas e vida longa a seu blog. Vamos trocar muitas figurinhas em 2009!
www.motorizado.wordpress.com

politicamente_incorreto said...

Alessandra, já atazano de vez em quando blog do seu marido e agora resolvi baixar o santo por aqui também, vem cá por que vocês não arrumam uma super licença para o seu pimpolho? é claro não esqueça de cortar a batata frita....
Em outro blog fiz o comentário meio humor negro que a Etiópia e a Eritréia vão virar referência e dominar a F1 nos próximos anos, foi maldoso da minha parte mas bola levantada na ponta da rede mereçe uma cortada.

Anonymous said...

Pois é, tanta F1 e a gente falando de peru...
Esquecendo kers, push to pass, peso-pena mas lembrando do rapaz:
De uma vez por todas, Alessandra... É ou não é gay? Ou biba, ou moça, como queira.
Tem carinha feminina, parece ser todo direitinho, cabelinho com luzes e é dado a chiliques mas... Qual a sua opinião? Voce já o viu de pertinho ao vivo e em cores (do arco-íris?) mais de uma vez em suas coberturas, e mulheres tem um faro infalível.
Conta aí, vai... Vamos fazer de conta que essa F1 asséptica é aquela dos anos 70, politicamente incorreta.
Nem me xinga, foi voce que começou com a história do peru - e nós, mal intencionados machões já achamos que era duplo sentido, ok...
Claudio Ceregatti

niltonhc said...

Hehehe... ao ler o título do post e ver a foto que o ilustra, minha impressão foi de que você escreveria que o Alonso é o menor piloto de todos os tempos... :-)

Jogo Aberto said...

Bom dia.
o seu blog é muito bom.
esta afim de fazer parceria, trocar de links?

Anonymous said...

I truly believe that we have reached the point where technology has become one with our lives, and I am 99% certain that we have passed the point of no return in our relationship with technology.

I don't mean this in a bad way, of course! Ethical concerns aside... I just hope that as the price of memory drops, the possibility of copying our brains onto a digital medium becomes a true reality. It's one of the things I really wish I could encounter in my lifetime.

(Posted using Qezv2 for R4i Nintendo DS.)