
Vettel saiu de Xangai como chegou: à sombra da McLaren. O domínio da equipe inglesa nos treinos livres parecia brilhareco de sexta-feira, coisa para inglês ver, depois que Vettel e o companheiro Mark Webber deram o bote no final do treino classificatório. Na corrida, ambos decepcionaram. Já disse isso nas transmissões da rádio e reafirmo: ainda estou esperando a grande corrida de Sebastian Vettel. Suas vitórias, desde a primeira, lá em 2008, com a improvável Toro Rosso, foram domínios absolutos de um piloto que larga na frente e sustenta a posição até o final. Se as condições da pista mudam, se ele e a equipe precisam tomar decisões rapidamente, o angu desanda. Vettel, talvez jovem demais, ainda precisa melhorar sua performance em condições adversas. Vai ser campeão um dia - talvez neste ano mesmo - mas ainda mostra sinais de imaturidade. É o Neymar da Fórmula 1: ambos serão os melhores do mundo no que fazem brevemente, mas assim como o atacante santista, que a conselho do técnico Dorival Júnior ainda precisa melhorar fundamentos como o cabeceio, Vettel precisa melhorar em situações nas quais tem de reverter uma desvantagem.

Button, quem diria, saiu da equipe em que foi campeão no ano passado para assumir uma condição meio duvidosa na McLaren. Dividir o espaço com o compatriota Lewis Hamilton, que manda prender e manda soltar na equipe desde que chegou por lá, em 2007, parecia uma aposta arriscada. No entanto, quatro corridas e duas vitórias depois, o atual campeão mantém a autoridade e lidera a tabela atual. Nas duas vitórias em 2010 - Austrália e China - balanço perfeito entre condução segura e estratégia acertada. Em ambas, Button locupletou-se da sabedoria na hora de trocar pneus. Vence corridas sem dar grande espetáculo, até meio distante das imagens da TV, poupando o carro com sua pilotagem sustentável (ah, eu sabia que, um dia, ainda iria usar essa palavra tão adorada no ambiente corporativo bem aqui, para falar de Fórmula 1!). Enquanto isso, o companheiro Hamilton coleciona ultrapassagens, dá show e... devora pneus como um Garfield diante de uma travessa de lasanha. Hamilton, menos que Vettel, não é um piloto totalmente maduro, no ponto, como esse Button revelou-se ao, finalmente, ter um equipamento confiável nas mãos.

Schumacher, por sua vez, passou do ponto. Vá lá que não tivesse um desempenho notável nas primeiras provas. Mas já se passaram quatro. Tudo bem que a Mercedes não estivesse no nível de Red Bull, McLaren e Ferrari, como se vislumbrava no início do ano, mas uma comparação direta se faz necessária: Nico Rosberg, o companheiro de equipe, ostenta 50 pontos no campeonato e é vice-líder. Schumacher, com dez pontos, é o décimo. O fato de liderar o Torneio Masters de F1 (competição criada por este blog, reunindo os pilotos com mais de 35 anos do grid atual) não pode servir de consolo. Schumacher ressuscitou de outra Fórmula 1. Vale lembrar que ele deixou uma categoria que contava com ferramentas como o controle de tração, e pegou outra, bastante modificada. A disputa entre ele e Hamilton, na prova de ontem, foi empolgante, mas o fato de Schumacher virar presa fácil, a ponto de se formar uma lista de pilotos que o ultrapassaram na prova, mostra que ele pode até não ter perdido a forma definitivamente, mas ainda não a encontrou. Tá passado.