Sunday, October 11, 2009

United Colors of Red Bull


Tomei o energético Red Bull duas ou três vezes na vida. Na última, em vez de tomar direto da lata, resolvi despejar um pouco do líquido em um copo transparente e notei que tinha cor de xixi. Nunca mais me apeteceu. Além do mais, costumo buscar minha energia em noites bem dormidas, em vez de ficar acordada durante a noite. Por isso, o boicote à Red Bull proposto por um movimento recém-instalado na web não vai modificar em nada meus hábitos.

A bronca dessa turma começou quando a assessoria de imprensa da Red Bull, a equipe de Fórmula 1, divulgou um release entre engraçadinho e agressivo, criticando a cidade de São Paulo. O contexto é o seguinte: a Red Bull sempre faz uma espécie de avant-première de cada corrida da Fórmula 1 e o tom é habitualmente de escárnio. Em vez louvar as belezas do lugar que recebe o "circo", a equipe abusa de alfinetadas. Até o ano passado, a equipe distribuía nos autódromos, nos três dias de GP, uma edição do irreverente "Red Bulletin", esforço editorial que brindava seus leitores com notícias e fotos frescas, em uma diagramação moderna. O tom era esse mesmo - sarrista, debochado, mas quase sempre inteligente e com boas sacadas. Neste ano, com a redução dos orçamentos, acabaram com o Red Bulletin, mas o espírito nas demais peças de divulgação do time continua o mesmo.

Como alguns dos meus colegas já escreveram (aqui e aqui, por exemplo), acho o boicote injustificado. Ora, São Paulo não é mesmo caótica em seu trânsito, suja, árida na maioria das suas vias públicas e marcada por uma humilhante desiguladade social? Sou paulistana, gosto de morar aqui, mas não fecho os olhos para as mazelas da minha cidade. Não acho descabido que um estrangeiro pense duas ou dez vezes antes de vir para cá. Eu não gostaria de viajar para o Cairo ou para Mumbai, por exemplo. Se meu trabalho me obrigasse a ir até lá, eu provavelmente criticaria o que visse de desagradável nesses lugares, por isso acho que um estrangeiro que vem até aqui também tem direito de reclamar do nosso caos urbano.

Mas nem é essa a tônica principal deste post.

Hoje, enquanto participava da 8ª Corrida pela Paz do WTC*, prova da Corpore disputada na Marginal Pinheiros, com largada a partir da Ponte Estaiada, lembrei da irreverência da Red Bull e logo associei este espírito com o de outra marca cujo nome frequentou a Fórmula 1 durante muitos anos - a Benetton.



Entre os anos 1980 e 1990, a Benetton adorava chamar a atenção - e até chocar - com suas peças publicitárias. Assinadas pelo fotógrafo Oliviero Toscani, as propagandas da Benetton lançavam mão de imagens étnicas, comportamentais, religiosas para, sem palavras, colocar o povo (os povos, no caso, pois eram campanhas globais) para pensar. Hoje, algumas peças da Benetton parecem óbvias, mas nos anos 1980, antes da invasão do discurso politicamente correto na mídia, nas escolas etc., uma prosaica imagem de um casal interracial era algo meio perturbador para algumas mentes mais retrógradas.

Toscani virou símbolo de provocação. Chegou a passar dos limites do bom gosto quando lançou uma campanha com um doente terminal de AIDS em seu leito de morte (encontrei a imagem na web, mas desisti de postá-la aqui, pela dureza da cena e por tudo que ela representa).

Benetton e Red Bull, cada uma a seu modo, usaram certa dose de agressividade para chamar a atenção. Ambas, vejam só, também usaram a Fórmula 1 para promover suas marcas. Ao fim e ao cabo, é mais para isso que serve a Fórmula 1 contemporânea. Não vale a pena comprar briga por nada disso.

(*Meu desempenho na prova de 8 km: 40min24, Classificação Geral: 878/2961, Classificação Faixa: 10/121, Classificação Sexo: 64/701, Ritmo: 05:03 min/km. Já fiz essa prova em 38min alto. Mas, mesmo assim, gostei do meu desempenho. Desse 10º lugar na faixa, principalmente!).

7 comments:

Celinho Boy said...

Falando em críticas, ouvi dizer que o vargas llosa teria sido expulso do México por ter dito que o PRI tinha isntalado uma "ditadura perfeita", pois a constituição mexicana proíbe ou proíbia que estrangeiros opinassem sobre assunts internos daquele país. Isso pra mim não condiz com uma democracia. O problema desse tipo "de publicidade", Alessandra, é que pode se tornar um tiro no pé da própria empresa, da própria marca, ainda mais que energético pode sim ser perigoso e que vc pode sim ganhar asas, mas sim asas de anjo, pois a pessoa pode morrer.
E vc notou tbm que a Benneton sumiu da mídia depois das campanhas polêmicas. Já que falaste em campanhas, vc certamente se lembra da época que a indústria do cigarro era quem financiava as equipes de fórmula 1. Com o fim da publicidade dos cigarros, a FIA teve que procurar outras formas de ganhar dinheiro. Acho que foi aí que começou a entrar as montadoras e as empresas.
Bem, e foi justamente nesta equipe,a Benneton, que apareceu o futuro heptacampeão Schumacher.

Ah, meus parabéns pelo resultado. Serão bem melhores, pode ter certeza.

Seu gordinho jogou muito bem e ajudou a me deixar mais relaxado. Afinal, já não me estresso mais com time irregular: ganha dentro e perde fora.

Abraços, Alessandra!
PS - a corrida vem aí. E felizmente estarei em casa para acompanhar.

Ron Groo said...

Também estou fora deste boicote bobo, não porque ache que a cidade de São Paulo seja como eles disseram: uma droga.
Dificilmente vá se achar alguém que ame aquele caos, os engarrafamentoe (até porque não dirijo) do que eu.
Mas o tom irreverente, a galhofa, o escanio e o sarrismo tem que estar incluido em tudo, até como uma forma de ver o outro lado das coisas.
Visões chapadas e unidimensionais são um saco e é isto a que eu me propus com meu trabalho no blog: Ver o lado irônico de quase tudo.
Tanto que escrevi uma série de dicas para quem vem ver o gp com pouca grana no bolso.
E vou colocando no ar durante esta semana.

Quando à bebida energética... Bem é um guaraná ultra doce muito do sem graça, prefiro tirar minha energia de bananas, mamões e maças.
E claro de uma vodca ice que ninguém é de ferro.

Ps. Eu adorava as fotos das campanhas da Benetton, via nelas uma provocação muito saudável.

Papai aun said...

Alessandra,
a bufalo vermelho ão disse nada que não soubesse-mos,apenas aprendemos a conviver e não tomar providencias.
Voce já colocou guaraná no copo tambem?

politicamente_incorreto said...

Eu postei esse comentário abaixo no blog do FG, como o tema é o mesmo acho que não tem nada demais recortar e colar o mesmo aqui:


Bem acho que boicotar o produto da Red Bull é um direito de quem quiser faze-lo, quer seja por patriotismo ou por bom gosto, sei lá…. está mais ligado ao direito de ir e vir e o princípio democrático. Eu honestamente já boicoto o produto desde o dia em que o provei, se merda fosse líquida e engarrafada provavelmente teria esse gosto, mas gosto é igual ao orifício retrofolicular, cada um tem um diferente do outro.

Honestamente acho que o boicote seja uma forma de patriotismo sim, embora não seja esse o caso. Por outro lado esse estilo da Red Bull já cansou, é um modelo já desgastado. é igual aquele amigo que sempre quer fazer um trocadilho e uma piada sobre toda e qualquer situação, no começo é engraçado mas depois de um certo tempo enche o saco e o mala arruma logo o apelido de espalha rodinha, ele chega e todo mundo dá o fora. Uma piada ou uma sacada de vez em quando é legal mas tentar sempre rimar Mário com armário se torna enfadonho e maçante.

Não estou com isso tentando defender Sampa ou o Brasil de suas mazelas e defeitos, absolutamente!!! Mas esse exercício de ficar troçando e falando apenas dos defeitos de tudo e de todos é um exercício bem babaca, se torna uma necessidade que torna tudo repetitivo e apelativo, afinal falar mal e mostrar defeitos é uma coisa fácil de fazer e super manjada, poderia lembrar por exemplo que a Red Bull´é especializada em patrocinar esportes idiotas e sem sentido tipo olimpiadas do Guiness e aqueles recordes que não interessam a ninguém , salvo o pervertido do recordista e seu séquito particular, ou ainda de produzir uma merda enlatada de gosto e compostos duvidosos que não servem para merda nenhuma, é apenas uma mistura sem graça de um xarope ridículo em que o maior poder estimulante vêm da mídia e da propaganda massiva.

Mas ficar repetindo isso a exaustão me faz ir para a vala comum da própria Red Bull, então quem quiser estragar sua bebida ou seu whisky misturando essa bosta, que seja feliz!!!! é o direito que cada um tem de ir e vir, porém a necessidade da Red Bull de sempre querer pareçer descolada, moderninha e engraçadinha acaba irritando alguns, no meu caso me irrita sim, não por patriotismo mas por uma questão de gosto, e esse não se discute.

niltonhc said...

Parabéns, Alê! Décimo lugar na faixa é algo para se comemorar muito! Talvez com uma latinha de Red Bull? Hehehe...
Bjs.
Nilton

Fernando Mayer said...

Taí um troço sem graça esse tal Red Bull...aliás energético nenhum me chama a atenção pelo gosto. Talvez misturado a outra bebida sei lá um whisky ou vodka as coisas ficam um pouco melhores mas puro não fede nem cheira. Troco isso, sem dúivida, por uma boa e gelada cervejinha. Que beleza!
Mas bem lembrado pelo colega que essa Red Bull patrocina uns esportizinhos tão sem noção quanto a própria bebida
que é sem graça que doi.

Abç e parabéns pelo resultado.

Jonny'O said...

Poxa, vc não lembrou do Briatore nestes tempos de Benetton ,ele devia dar uma força para aquelas propagandas não?

Sobre a Red Bull acho uma grande bobagem todo este barulho ,até porque não é só aqui no GP Brasil .

Acho até que todo este barulho dá mais e mais destaque pra marca ,é que nem apelido ,melhor não dar bola .

Quanto a bebida ,ainda prefiro um vinho tinto verde ,bem gelado, sem bem que anda um pouco dificil de achar ultimamente ,deve estar meio fora de moda.