Não é que a Olimpíada de Pequim não tenha me empolgado até agora. Esporte na TV é algo que sempre me atrai e, apesar do fuso horário complicado, até que vi bastante coisa desses Jogos Olímpicos disputados na China. Antes de começar o evento, cheguei a me perguntar se eu torceria contra ou a favor da quebra do recorde de Mark Spitz, pelo fenômeno Michael Phelps.
Por um lado, eu não gostaria que a o único marco positivo da Olimpíada de Munique fosse superado. Afinal, Munique sobreviveu na memória coletiva pelo recorde de Spitz e pelo atentado contra os atletas israelenses. Agora, sobra o atentado. Por outro lado, confesso, gosto de ser testemunha de fatos históricos. Sempre acho que vi ao vivo pouca coisa realmente interessante, e acho que esta impressão persiste apenas, e sobretudo, porque não vi Pelé jogar. Então, se é Phelps que nos resta, torci pela quebra do recorde.
Mas interesse mesmo, de mudar planos para poder assistir algo ao vivo, eu demonstrei quando começaram as provas de atletismo. O final de semana reservou três eventos marcantes para mim. Começou com o acachapante desempenho do jamaicano Usain Bolt nos 100 metros rasos. No ato, aquilo me fez lembrar de Ben Johnson, na Olimpíada de Seul, 1988. Uma distância absurda para todos os outros. E o jamaicano ainda se deu o direito de olhar para o lado, balançar os braços e bater no peito! Isso tudo antes de cruzar a linha de chegada. Ora, não tivesse feito isso, tenho certeza, baixaria ainda mais o recorde mundial, que assinalou na histórica disputa. É surpreendente pensar que, até o início deste ano, Bolt era praticamente desconhecido da mídia, com todo o favoritismo depositado em dois nomes - do norte-americano Tyson Gay e do também jamaicano Asafa Powell.
Eu tinha acabado de voltar do meu treino na Cidade Universitária. Um treino de arrancar o couro, e acabei me atrasando um pouco para um compromisso às 11h30, mas não se perde a prova mais nobre dos Jogos Olímpicos, por isso fiquei esperando os 100 metros rasos. À noite, eu estava caindo pelas tabelas quando me deparei com o final da Maratona feminina da Olimpíada. Mais uma meia-zebra, com a vitória da romena Constantina Tomescu-Dita. As apostas, antes, recaíam sobre a queniana Catherine Ndereba, que acabou ficando com a medalha de prata. Constantina entrou soberana no estádio, para a volta final de 400 metros, que concluiu 20 segundos à frente de Ndereba. A disputa pela prata, no entanto, foi emocionante, com a queniana superando a chinesa Zhou Chunxiu nos metros finais. Gostei muito da vitória de Constantina, que é descrita como uma "mãe de 38 anos", ou seja, a mesma coisa que eu - só que com uma medalha de ouro no peito.
A nota triste da Maratona feminina foi, mais uma vez, o desempenho decepcionante da britânica Paula Radcliffe. Detentora do recorde mundial da maratona desde 2003, com 2h15min25, Paula liderou boa parte da corrida em Pequim, mas terminou apenas em 23º. De maneira inusitada, ela parou pouco depois do quilômetro 20 para fazer pipi! Terminou a prova vertendo mais água - nesse caso, lágrimas mesmo. Foi a segunda Olimpíada em que a britânica chega como favorita e acaba fazendo água. Literalmente.
Para terminar, uma prova arrasa-quarteirão da Jamaica nos 100 metros rasos para mulheres, disputada no domingo. Não bastasse o ouro de Usain Bolt na véspera, as jamaicanas ganharam ouro, prata e bronze. Shelley-Ann Fraser venceu e viu as compatriotas Sherone Simpson e Kerron Stewart dividirem o segundo lugar, em uma decisão atípica - como as duas empataram no tempo e nem a foto da chegada foi capaz de definir quem havia sido a segunda, concederam duas medalhas de prata, uma para cada.
A expectativa, agora, fica por conta da Maratona para os homens, prova que tradicionalmente encerra todos os Jogos Olímpicos. O Brasil tem três representantes: Marilson Gomes dos Santos, José Teles de Souza e Franck Caldeira. Marilson, vencedor da Maratona de Nova York em 2006, é um dos favoritos. Seria de lavar a alma ver um brasileiro conquistar esse ouro, depois do non-sense da Maratona da Olimpíada de Atenas, quando Wanderlei Cordeiro de Lima perdeu o primeiro lugar depois de ser atacado por um pseudo-padre que se jogou à frente do brasileiro para protestar sabe lá Deus contra o quê.
Corre, Brasil!
Sunday, August 17, 2008
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6 comments:
Oi Alê, parabéns pelo novo recorde!
Vi muito pouco desta olimpíada,mas ouvi muito do judô pelo rádio, durante minhas caminhadas matutinas e torci bastante por Phelps. O cara é um peixe mesmo. Adoro acompanhar a natação. Cravei meu voto numa enquete do Uol apostando no bronze nos 100 m de Cesar Cielo. Para mim era certo. Mas certo mesmo era o ouro nos 50 m. Eu já sabia! Tinha tanta certeza que fiz um esforço olímpico para fica acordada. Muito legal!
Oi Alê, parabéns pelo novo recorde!
Vi muito pouco desta olimpíada,mas ouvi muito do judô pelo rádio, durante minhas caminhadas matutinas e torci bastante por Phelps. O cara é um peixe mesmo. Adoro acompanhar a natação. Cravei meu voto numa enquete do Uol apostando no bronze nos 100 m de Cesar Cielo. Para mim era certo. Mas certo mesmo era o ouro nos 50 m. Eu já sabia! Tinha tanta certeza que fiz um esforço olímpico para fica acordada. Muito legal!
Tenho acompanhado com muito interesse a Olimpiada e muitas coisas vão ficar para história, tipo as medalhas do Phelps, a campanha da China, as obras arquitetônicas espetaculares, a polêmica política e dos direitos humanos. Sem falar do recorde daquela gata russa, Imzibaeva(não é bem assim que se escreve), que bateu mais um recorde olímpico. Falando nisso, que sacanagem fizeram com a Fabiana Murer. Isso sem falar do tombo do Diego. Mas a gente não pode esquecer a bela campanha da seleção feminina de futebol, do ouro do Cielo e os bronzes do judô, natação e vela. E vem muito mais por aí, pode ter certeza.
Ah, quem sabe a romena não te sirva de inspiração. Corre, Alessandra.
Beijos e abraços
Definitivamente eu não gosto muito de Olimpíadas.
Pra dizer que não gosto, eu tenho simpátia pelos esportes realmente olimpicos, que em minha opinião são apenas a natação e o atlestismo, e o levantamento de peso. Aqueles que realmente tem de ser mais alto, mais rapido e mais fortes, como no lema.
Creio que estes e mais alguns em que se necessitava força eram as modalidades originais lá no fundão da história....
Mas foi com grande prazer ver Usain Bolt ganhar os 100 e os 200 batendo recorde.
E o fenomeno Phelps fazer o que ninguém mais fez e provavelmente ninguém mais fará...
Estes dois sim são campeões olimpicos de verdade.
De qualquer forma devo ser o único ser no mundo que não curte o evento.
Azedo eu não?
Acho que não, ron. A copa do mundo tem mais mais popularidade e tem gente que odeia. Abraços
Ola Alessandra...Atraves do Gp total conheci seu blogger..adorei
Bom apesar de ficar horas e horas esperando as nossas tao faladas medalhas...elas vieram realmente de quem nao estavam tanto na midia...logico que tem algumas obvias...tipo Volei de praia Masculino...Volei quadra masculino..Recentemente eu li uma reporagem condenando a maneira que a China fabricava seus atletas..mais vejo que sem algum tipo de esforco nao vai vim medalhas,falta uma preparacao mais adequada para os atletas..se agente nao se espertar nem adianta vim olimpiadas para o Brasil..infelismente nao e torcida que tras medalha...
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