O simpático site F1 na Veia fez um especial sobre o Dia Internacional da Mulher. O jornalista Alexandre Almeida Galvão me entrevistou e o resultado pode ser conferido aqui: http://www.f1naveia.com/2006/noticias/noticia.php?cod=004393 Valeu, Alexandre, ficou bem legal! |
Wednesday, March 08, 2006
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12 comments:
ufa! tremendo oásis, enquanto outros preferem "comemorar" o dia das mulheres publicando texto de um prelado ultraconservador da opus dei que diz, em palavras suscintas, que mulher e homem têm mais é que se resignar a seus velhos e seculares papéis...
falar nisso, mas mudando radicalmente de prumo, que chocante a história das mulheres da via campesina que "comemoraram" o dia das mulheres destruindo todo o canteiro da monocultura do eucalipto no rio grande do norte! fiquei meio chocado, por números que não consigo traduzir (como é que 2.000 mulheres conseguiriam destruir CINCO MILHÕES de mudas de eucalipto em meia hora???? isso dá 2.500 mudas por mulher, em 30 minutos!!!!!), muito mais ainda pelo assassínio dos pobres eucaliptinhos...
mas, putz, descontados os sustos e a agressividade do ato, é simbologia que não acaba mais, né? mulheres destruindo as mudas no dia das mulheres... mulheres se insurgindo contra o poderio das fábricas (alô, "terra fria"!!!), coisa que homens não têm tido coragem de fazer... mulheres pobres adultas sempre fora do comando tomando a dianteira política no sul do país...
sei não (e o brasil é sempre imprevisível no modo como expõe ou oculta os fatos), mas esse lance tá com cara de marco histórico, tá não?
(e, alessandra, peço perdão pela duplicidade, mas acho que vou autocopiar isto que acabei de escrever lá no meu blog também... e viva o autocopyleft, hihihih...)
p.s.: hahaahhaha, escrevi "rio grande do norte" quando queria dizer "rio grande do sul"...
pedro, é que você está com "O Rei do Norte" na cabeça, lá do post do seu blog. hehehe
então, se o autocopyleft está liberado, eu vou reproduzir aqui o que comentei sobre as destruidoras de mudas lá na janelinha vermelha:
é chocante, radical e atacável demais, eu acho. não vejo como ação muito esperta, mas não julgo.
é fácil ser comedido e temperado no ar condicionado, né? no limite, o razoável fica insuportável, radicalizamos, radicalizemos.
mas a lenhazinha na fogueira é o seguinte: não te pareceu demais "exposto" o ato em si? quer dizer, aquela foto na capa da folha parece quase posada. posada é exagero, mas encenada. se a intenção era essa mesma - aparecer e chocar (chama a imprensa e deixa fotografar e filmar) - então é simbolismo puro. o ato em si tem menos importância do que aquilo a que ele remete. ou seja, elas realmente "se aproveitaram" da mídia. a discussão que eu acho que cabe: esse é o melhor jeito de chamar a atenção para o problema? isso não traz mais rejeição às causas do que compreensão e adesão? por outro lado, alguma coisa se moveria se elas distribuíssem rosas em vez de destruir eucaliptinhos?
ééé!, o norte É o sul, total! e acabei de chamar as campesinas de amazonas, embaralhei tudo de novo...
então, pois é. diz que teve manifestações de mulheres sem terra em vários pontos do brasil, mas os jornais reservaram extensa cobertura só a quem? àquelas que mataram "5 milhões" (ou "1 milhão", dependendo do jornal) de eucaliptos... tem, com certeza, uma parceria muito esquisita entre fato e mídia rolando aí, né?...
ouso dizer que o bispo da opus dei que "celebrou" o dia da mulher na "folha", exigindo que as mulheres continuem em seus "devidos lugares", também é parceiro dessa maluquice toda...
será que quando você confundiu campesinas com amazonas você não viu um monte de "hipólitas" naquelas mulheres bravas? haverá um hércules para roubar o cinturão dessas mulheres? será que o bispo da opus dei acha que é o filho de z(d)eus?
hahaha, acho que sim... e outros "confundiram" elas com cangaceiras...
Vocês acham um bom exemplo do poder feminino 2.000 mulheres destruirem a propriedade de outrem a mando de um homem? Para mim foi o exemplo máximo de subordinação feminina, de não pensar e agir por si só.
daniel, eu não colocaria as coisas nesses termos. no blog do pedro alexandre sanches, nós discutimos longamente esse evento, talvez valesse a pena você dar uma passada lá, conferir e acrescentar a sua análise.
mas não querendo deixar sua colocação sem uma resposta, eu não vejo isso como "subordinação feminina". podemos até estar diante de um exemplo de subordinação a um líder, e o ato foi executado por mulheres para chamar a atenção, pela data. mas eu de fato penso muito mais sobre esse evento da via campesina, inclusive acho que temos muitas dúvidas sobre o que de fato aconteceu e o que foi encenação midiática.
mas só para adiantar uma questão: você sabia que a aracruz, a vítima da destruição, recentemente dizimou duas aldeias indígenas inteiras?
Disse subordinação, pois o Stedile convocou as mulheres a fazer isso. Por que ele não participou também? Para evitar o risco (mínimo, no Brasil) de acabar preso. Cometer um crime a mando de uma pessoa (no caso, um homem) para que esta fique livre e correr risco de ser preso, para mim, é submissão total.
Talvez até submissão a estrangeiros, pois o documento entregue ao ministro da via campesina estava em espanhol.
Quanto à Aracruz, primeiro gostaria de saber a sua fonte no caso da dizimação indígena. Apesar que um crime não justifica outro.
daniel,
reproduzo abaixo artigo da agência carta maior, com informações sobre a ação da aracruz:
MOBILIZAÇÃO POPULAR
As lágrimas da Aracruz
Ação da Polícia Federal apoiada pela Aracruz Celulose S/A destruiu duas aldeias e expulsou 50 pessoas dos povos Tupiniquim e Guarani de sua terra tradicional, no município de Aracruz-ES. Não se viu na imprensa nenhuma mãe indígena com seus filhos chorando...
Cristiano Navarro
"Jamais esperava este tipo de violência", afirmou de um hotel de luxo em São Paulo, o presidente da empresa Aracruz Celulose, Carlos Aguiar, ao jornal Zero Hora da última sexta-feira (10).
No dia 20 de janeiro deste ano, a empresa Aracruz Celulose S/A mobilizou helicópteros, bombas, armas e 120 agentes da Polícia Federal do Comando de Operações Táticas (COT), vindos de Brasília, para destruir duas aldeias e expulsar 50 pessoas dos povos Tupiniquim e Guarani de sua terra tradicional, no município de Aracruz-ES.
Sem sequer receber uma ordem de despejo, os Tupiniquim e Guarani foram surpreendidos com o violento ataque. A ação, que resultou na prisão arbitrária de duas lideranças e deixou outras 12 pessoas feridas, teve todo o apoio logístico da empresa Aracruz Celulose S/A. Os 120 agentes da Polícia Federal receberam hospedagem e utilizaram o heliporto e os telefones da multinacional.
Durante a ação ilegal da Polícia Federal – condenada inclusive pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados –, tratores da multinacional destruíram totalmente duas aldeias Tupiniquim e Guarani. Todas as casas foram derrubadas e muitos índios não puderam retirar seus pertences de dentro delas.
No noticiário das grandes empresas de mídia, não se viu nenhuma mãe Tupiniquim ou Guarani com seus filhos chorando, nenhum ministro do governo condenando a ação ou mesmo o dono da empresa lamentando a violência.
Mas se por aqui as grandes empresas de mídia não repercutiram o crime cometido pelo aparelho repressor do Estado e pela Aracruz Celulose S/A, a família real da Suécia resolveu vender suas ações da multinacional devido às denúncias e fortes pressões contra a violação de direitos humanos cometidos e o desrespeito ao meio ambiente no Brasil.
Mesmo com as denúncias, a empresa ainda conta com vultusos recursos do BNDES, banco estatal. Recentemente foi noticiado que a Aracruz Celulose S/A será beneficiada com mais de R$ 297 milhões de recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). O empréstimo, segundo os movimentos sociais, deverá resultar na perda de pelo menos 88 mil postos de trabalho. Essa informação também não foi repassada à opinião pública nacional.
O povo vai à frente
Avançando sobre valores que representam pilares do capitalismo, como a tecnologia e a propriedade privada, claro que a ação das mulheres camponesas contra o laboratório da Empresa Aracruz Celulose S/A seria rechaçada por diversos setores. Mas é assim que avançam as lutas populares no Brasil. O povo organizado vai à frente tomando porrada de todos os lados e respondendo às urgências do dia-a-dia, enquanto busca aqui, ali e acolá os seus aliados.
Imagine se os movimentos sociais pautassem suas agendas e ações a partir das possíveis repercussões nas grandes empresas de mídia? Demarcação de terra indígena e reforma agrária, sem retomada e ocupação de terras, não existem.
é jornalista do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
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eu não li isso em nenhum grande órgão de imprensa, coisa que não me causa grande estranheza, porque vejo os grandes órgãos de imprensa bastante comprometidos com os interesses dos grupos econômicos mais poderosos (elites, oligarquias, os nomes são muitos).
acho estranho, no mínimo, que a chamada grande imprensa divulgue o quanto o governo federal doa para movimentos sociais como o mst e omita os valores muito maiores que esse mesmo governo destina às empresas, na forma de empréstimos públicos. quanto a essa desigualdade e ao comprometimento de instituições públicas - como a polícia federal, neste caso, não leio nada na mídia.
os jornais têm chiliques e abrem editoriais quando a PF invade a daslu, chamam de revanchismo, sectarismo de esquerda, totalitarismo etc., mas ninguém na grande imprensa se insurge contra uma ação da mesma PF contra uma aldeia indígena.
como você, creio eu, também sou contra a violência, gostaria que vivêssemos em um mundo de paz e harmonia (acredito que caminhamos para isso) mas só consigo enxergar o mundo com a lógica da ação-reação. uma violência é respondida com outra violência. hoje, expulsamos os mendigos da avenida paulista. amanhã, eles aparecem na nossa porta, ação-reação, causa e efeito...
Não vou comentar sobre o texto, pois não sei se é imparcial (pelo nome parece jornal do PCdoB ou algo do tipo). Apenas acredito que só há crescimento do país quando há defesa da propriedade. Se alguém tem uma propriedade (eu não tenho nada além de um carro velho, ainda financiado), é porque teve méritos para tê-lo, O que não pode é virar a "casa da mão joana" e sair invadindo toda propriedade, tomando-a para si.
Mas o principal do meu comentário ainda sustento: a invasão das mulheres foi a maior demonstração de submissão que as mulheres poderiam dar. Um desserviço à causa feminina (por mais que odeie esse tipo de termo - "causa" -, pois cria tensões onde não existe).
Recentemente, deparei com seu blog e tenho lido junto. Eu pensei que eu iria deixar meu primeiro comentário. Eu não sei o que dizer, exceto que eu gostava de ler. Nice blog.
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