Sunday, February 14, 2010
Quareeeeeeeeeeeeenta
Quem acompanha as transmissões de Fórmula 1 pelas rádios Bandeirantes e BandNews FM conhece o bordão. Quando faltam 40 voltas para o fim da prova, ou quando se completa a volta de número 40, o locutor Odinei Edson instiga o comentarista Fábio Seixas a dizer o número 40, e ele o faz com uma entonação bastante peculiar. "Quareeeeeeeeeeeeeeenta!". A origem, segundo Fábio, é uma rádio da Espanha, na qual o locutar apresenta "las quareeeeeeeeeenta" músicas mais pedidas.
Pois, na sexta-feira passada, completei meus primeiros quarenta anos. Foi um aniversário interessante, especialmente pelas reações díspares que colhi ao longo do dia. "Quarenta? Nossa, foi minha pior crise existencial...", escutei logo cedo. "Ah, quarenta anos... Que idade ótima para a mulher!".
Também escutei muito o indefectível "agora que entrou nos enta, você não sai mais". Para esses, uma resposta padrão: claro que saio, mas só daqui 60 anos, quando chegar aos cem.
Nesses últimos quarenta anos, por várias vezes fiz aniversário no Carnaval ou perto do Carnaval. Eram especialmente divertidos os aniversários passados na "casa da serra", verdadeira casa da sogra mantida por vários anos pela minha família materna. Ficava na Serra da Cantareira, em uma rua de terra, e tinha sido construída pelo meu avô. Só que ele morreu antes de concluída a fase de acabamento e a casa ficou para sempre com um ar inacabado, virando depositário dos móveis, louças e objetos decorativos que já ninguém queria em suas próprias casas.
Passar o Carnaval na casa da Serra era um programa lógico para a família. Chegava-se rapidamente ao local, no município de Mairiporã, de acesso fácil para quem morava na zona Norte de São Paulo. Ou seja, a família inteira. O programa das crianças era ficar na piscina o dia inteiro. O sol de fevereiro castigava a pele branca da maioria de nós. Levávamos bronca das mães, por abusarmos do sol, sofríamos com ombros, narizes e bochechas vermelhas, e nos dia seguinte, fazíamos tudo de novo.
À noite, sempre rolavam pizzas de massa Terra Branca, assadas em quantidade suficiente para sobrar e virar iguaria no café da manhã do dia seguinte. Jogávamos jogos de tabuleiro - Banco Imobiliário, Petrópolis - e também buraco e tranca. Quase sempre tinha briga por causa do jogo, e sempre, indefectivelmente, tinha um grupo animado vendo os desfiles das escolas do Rio. Jamais faltaram frases sobre ver a Mangueira entrar, claro.
Antes da fase "casa da serra", cheguei a pular Carnaval em algumas matinês do Acre Clube. Minha mãe e minhas tias se esmeravam na fantasias das meninas. Numa das vezes, fomos de Carmen Miranda. Em outra, levamos o prêmio de originalidade, todas vestidinhas de empregadas domésticas. Eu não gostava da barulheira nem do pula-pula, mas curtia muito ficar juntando montanhas de confete para jogar para cima. Quase sempre, eu saía do salão com crise de bronquite, por conta de tanto pó. Talvez venha daí meu inexistente entusiasmo por qualquer coisa que se assemelhe a Carnaval.
O gosto de ver os desfiles pela TV, tão cultivado pela turma na casa da serra, foi se esvaindo da minha vida. Mas algo ficou daqueles tempos. Não exatamente do Carnaval, mas do dia seguinte. Posso não ver nenhum desfile, mas adoro assistir as apurações. Se estiver apertada a disputa, ou se houver briga, melhor ainda!
Gosto cada vez menos de Carnaval, mas continuo adorando fazer aniversário. Obrigada a todos que ligaram, mandaram e-mails, torpedos, twitts etc. Vamos para mais quareeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeenta!
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9 comments:
Sem contar que, agora, você tem um companheirão que é o Gabriel!! Parabéns, Alessandra! Que haja mais quarenta temporadas de F-1 pra você transmitir!
Parabéns pelo aniversário. Quem te vê não diz que são quarenta. Nem de brincadeira.
Meu filho mais novo faz aniversário em Fevereiro, e vez em quando cai no carnaval.
Dizia a ele, quando ele era mais criança que a festa era por conta do nascimento dele. Que foi tão festejado que fizeram desfiles para ele.
Meu mais velho se sentia um pouco desprestigiado ai então eu mostrava um canhoto de ingresso de um show do Deep Purple (que eu não pude ir , diga-se) que ocorreu no dia do nascimento dele.
Parabens!
Parabens!!!
Felicidades e Parabéns!!!
Parabéns Alessandra e muito lindo seu post. Esse passado de carnaval me traz muitas alegrias e eu também não gosto de carnaval. Mas adorava na época. Acho que era pela bagunça. E pensar que lá se vão 12 anos dos meus quareeeeeenta. Felicidades.
Meus parabéns, intempestivos, mas sinceros!
Ainda está de pé minha proposta de casamento rsss...
Grande abraço!
Parabens !
Morei na Serra da Cantareira, um paraiso dentro de São Paulo. Onde é a casa do seu avo ?
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