Tuesday, January 02, 2007

São Silvestre

Há sete anos, em uma festa familiar de Reveillon, um dos convivas exibia feliz sua medalha da Corrida de São Silvestre. Grávida de três meses e sem nenhum histórico atlético, externei meu objetivo de, um dia, correr essa prova. Meu irmão riu e desdenhou. Imagina, você correr a São Silvestre... Não me tomei de brios, nunca acreditei no desdém. Desde aquele 31 de dezembro de 1999, as palavras dele se mantiveram como um estímulo heterodoxo.

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A frase da camiseta

Poucos dias antes do Natal, meu filho me pregou um susto. Passou dois dias internado com algo que depois se confirmou como uma virose. Até fechado o diagnóstico, muito apreensão. Depois do susto, o alívio. Voltando para casa, na saída do hospital, decidi a frase da camiseta: “Gracias a la vida”. Uma inscrição que continha vários significados. Um óbvio: graças por sua recuperação e pela pouca gravidade da ocorrência. Era também uma forma de homenagear minha cantora preferida, Elis Regina, que gravou música com este título no disco “Falso brilhante”. Elis, cuja morte completa 25 anos em 19 de janeiro próximo. E o fato de ser uma canção forte, composta pela chilena Violeta Parra, um dos ícones da música latino-americana “engajada”, traduz minha perene esperança de ver nosso pobre continente unido e pujante. Meu hábito de correr sempre com o boné branco e azul do Racing Club, que era do meu pai, somado à frase em espanhol, levantou-me a hipótese de que me identificassem como argentina. Não foi para apagar essa impressão, que não me ofende em nada, que decidi a frase das costas da camiseta.



“Viva o povo brasileiro”, acompanhada de uma bandeira do Brasil estilizada, era a homenagem ao povo que, desde o começo, eu havia imaginado. Nasceu da inspiração sugerida pelos leitores e foi, ao longo do percurso, a frase que mais suscitou comentários dos espectadores, nas ruas. Recebi vivas e palmas por várias vezes e fiquei sinceramente orgulhosa da escolha. Na avenida Rio Branco, em especial, algo me chamou a atenção: entre os olhares à margem da pista, o “povo brasileiro” por mim homenageado tinha eventualmente as feições andinas típicas de bolivianos e peruanos. Gente que tem desembarcado em São Paulo, nos últimos tempos, em busca de trabalho quase sempre mal pago e sacrificado, fugindo de coisa pior em seus próprios países. E, de repente, as frases da frente e a das costas pareceram traduzir a mesma esperança de um povo latino-americano mais feliz.



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A corrida

Foi minha primeira São Silvestre e eu não sabia de fato o que esperar. Primeiro, achava que teria muita dificuldade na mítica subida da Brigadeiro. Depois, tranqüilizada por meu treinador em relação a esse item, voltei atenção para algo que ele considerava mais penoso – o percurso pelas ruas do Centro da cidade. Ruas estreitas, abafadas, com calor forte, um suplício. Atentei para o que os amigos veteranos Tales Torraga e Luiz Dias falaram, para poupar no início, guardar energias para o final. E nunca olhar para cima na Brigadeiro, para não desanimar. E também para a dose certa de hidratação: pegar um copinho de água em todos os postos, mas não beber em demasia. Molhar a boca, jogar água na nuca e nos pulsos, molhar o corpo se muito quente. Escolhi a bermuda que não tinha elástico frouxo nem que apertasse demais, certifiquei-me quanto aos cadarços bem atados, fui para a Paulista sem lenço e sem documento, para não me preocupar em segurar nada nem em deixar o que quer que fosse no guarda-volumes. 15h15, dada a largada.

Habituada a correr provas menos tradicionais, mas já atraentes para atletas amadores, me espantei com uma característica inesperada da São Silvestre. Não me deparei com aquele bolo de gente que costuma atrapalhar o ritmo de corrida nos primeiros quilômetros. A prova feminina da São Silvestre é consideravelmente menos cheia de atletas que, por exemplo, as provas da Corpore. Outro detalhe me chamou a atenção ainda na Paulista, repleta de espectadores nas laterais da avenida. Palmas, tantas e tão entusiasmadas, que cheguei a procurar no meu entorno para ver se havia “alguém conhecido”. Demorei a perceber que as palmas eram para nós mesmas, as tais “atletas amadoras que fazem a festa na Paulista, neste último dia do ano, mostrando sua disposição e blá-blá-blá”, na fala do locutor televisivo. Deve ser a mesma sensação de quem desfila pela primeira vez em uma escola de samba. O que essa gente está aplaudindo? Você, lesada!

Tudo bem na Paulista, tudo melhor da Consolação, desce o morro. Com a orientação de segurar o ritmo no começo, não desembestei na ladeira. Na boa, na manha, completei os dois primeiro quilômetros em dez minutos. Beleza. Uma média alta na comparação com os treinos, mas uma boa perspectiva. Desde o início, não me fixei em fazer necessariamente um bom tempo. Queria mesmo era terminar bem, e correndo o tempo todo, os 15 km.

Na avenida Ipiranga, o céu já estava negro. Sempre que corro naquele pedaço, como na prova do Centro Histórico, me vem à mente a óbvia “Sampa”, porque logo a seguir se entra na São João. Fiquei com a música de Caetano na cabeça por um bom tempo. Até então, era “Gracias a la vida” tocando na mente. “Gracias a la vida que me ha dado tanto/ Me ha dado la risa y me ha dado el llanto/ Así yo distingo dicha de quebranto/ los dos materiales que forman mi canto,/ y el canto de ustedes que es el mismo canto/ y el canto de todos, que es mi propio canto”.

Na São João, o primeiro posto de água. Peguei um copinho. Molha o bico, molha o corpo, joga o copinho de lado. E sobe a alça de acesso do Minhocão. Boa subida, a mais íngreme da prova, mas curtíssima. Em cima do elevado, as manifestações da rua partiam somente dos prédios residenciais. Prédios que já foram bacanas e hoje, bem decadentes, abrigam famílias numerosas e, em grande parte, bem animadas. Estímulos o tempo todo, e uma bandeira do Corinthians em uma das janelas. Ao aceno dos moradores, gritei “Viva o Timão!” e arranquei aplausos ainda mais entusiasmados. No fim do Minhocão, sem prédios ao redor, um silêncio solitário, quase triste. E as nuvens de um negrume renitente. O dia ficou noite. Quando virei no Largo Padre Péricles, ela chegou. Grossa e quente, uma chuva-benção. Veio em boa hora, mas logo lembrei de um detalhe que sempre me preocupa em pista molhada: as manchas de óleo que fazem escorregar. Atenção na passada, vamos em direção à Barra Funda.

Metade da prova, e a chuva só apertava. No avenida Norma Pieruccini Gianotti, uma tempestade. Os pingos grossos e quentes deram lugar a sopapos aquáticos que chegavam a doer nos braços e no peito. O tênis começou a pesar como seu eu carregasse duas caneleiras de dois quilos. E o vento era contra. Mas, como sou do contra também, segui. Os óculos de sol, que mantive apesar da ausência de tanta luz, começaram a embaçar. Aí veio a “minha” subida da Brigadeiro.

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O imponderável

No viaduto que liga as avenidas Rudge e Rio Branco, segurando os óculos, notei que algo entrou no meu olho direito. Pisquei freneticamente para ver se saía. Não saiu. Cocei o olho, nada. Subi e desci o elevado com o olho direito fechado. Incomodava, raspava e ardia. Completamente encharcada, puxei a camiseta e esfreguei o tecido no olho. Melhorou. Ainda incomodava, mas pelo menos já conseguia mantê-lo aberto. Um retão me aguardava e lá fui pela Rio Branco inteira, passando pela Praça Princesa Isabel, aquela que tem o Duque de Caxias.

No final da longa reta, uma lanchonete com a televisão em altíssimo volume registrava a premiação das vencedoras. Ouvi o Hino Nacional Brasileiro e comentei com as outras atletas ao lado: “Uma brasileira ganhou!”. Braços para o alto, vivas ao Brasil. Elas já estavam no pódio e eu ainda tinha três quilômetros pela frente. E a Brigadeiro.

Estranhamente, a diferença entre as profissionais e eu não me desestimulou. Pensei que estava no quinto final da prova e que ainda estava muito bem, sem dor, com coração e pulmão sobrando e então aumentei o ritmo. O trecho final, no Centro, não foi penoso como me sugeriu o técnico. Pudera, não tinha nada do abafamento esperado com tanta chuva, que ainda caía, impiedosa. Foi, na verdade, bem agradável passar em frente ao Teatro Municipal, percorrer o Viaduto do Chá e me deparar com o Hotel Othon, onde meus pais passaram sua noite de núpcias, lugar que sempre me enternece. Uma boa subidinha na Líbero Badaró, em direção ao Largo São Francisco, e uma descida providencial para encarar a tinhosa, a inominável, a danada. “Ai, meu Deus, chegamos na Brigadeiro...”. A colega ao lado, altona pra burro, soltou a frase com um fio de voz incompatível com seu talhe gigantesco. “Quem é a Brigadeiro perto de você, mulher, vambora!”, eu disse e fui.

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Megera domada

Tendo conferido a altimetria da prova, sabia que, naqueles dois quilômetros finais, subiríamos quase tudo o que tínhamos descido antes. Mas eu também tinha visto que o trecho inicial era plano. Com o gás à toda, dei um bom sprint nos primeiros quatrocentos metros, até notar a subida se acentuando. Daí pra frente, baixei a cabeça, cadenciei o passo e fui subindo. Dava duzentas passadas, cerca de duzentos e poucos metros, calculados nos treinos de esteira, e uma olhadinha para frente. A multidão era significativa no ladeirão, quase todos abrigados da chuva em bares e lanchonetes. Um sujeito gordalhão gritou: “Podem parar, vocês já perderam mesmo!”. Pra quê?! A mulherada se enfureceu. Algumas xingaram. Só respondi: “Já ganhamos, já ganhamos!” Palmas: êêêêê!!! O povo me adora!!!

Quando cruzei a Treze de Maio, a placa dos 14 km. Puta que pariu! (desculpe, escapou) Seriam trezentos metros no planalto na Paulista, o que significava que tínhamos só mais 700 metros de subida. Menos de duas voltas na pista de atletismo do clube. Menos de duas! Apertei o ritmo novamente e fui reconhecendo muito do meu “quintal”. Como meu escritório e academia ficam na região, correr ali era como estar em casa. Na véspera, fui à minha loja preferida de roupas, na esquina da Brigadeiro com a São Carlos do Pinhal e disse às meninas: “Amanhã, vou estar aqui de novo e, quando enxergar a fachada da loja, vou estar muito feliz”. Ao alcançar a tal esquina, eu já tinha “aplainado” a Brigadeiro. Ali, já não tinha subida. Mais uns quatrocentos metros e pronto.

Virar a esquina e avistar a Paulista, embaçada com tanta chuva, foi uma das visões mais reconfortantes que tive na vida. Era um chegar em casa depois de um dia exaustivo de trabalho. Era encontrar a cama pronta para o sono, era sopinha quente em noite de inverno, era chuveiro morno, abraço de alguém querido que estava distante, colo de mãe.

O relógio oficial marcava 1 hora e 24 minutos cravados. O meu cronômetro eu zerei com 1 hora, 22 minutos e 53 segundos. Bem acima da média de treinos, um pouco acima da média de 5 minutos por quilômetro, mas não me aborreci. A classificação final me deixou muito satisfeita. Terminei em 360º lugar na classificação geral, 61º na minha faixa etária. Nessas horas, é difícil escapar ao chavão karetê kid de que sua conquista vale o esforço, de que é preciso acreditar em si mesmo, de que a superação é uma mistura de disciplina e auto-confiança.

Feliz, muito feliz, realizei um objetivo antigo. O riso do meu irmão hoje tem forma. Virou uma medalha dourada com um atleta estilizado e grafismos vermelho e laranja. Tem nome também – 82ª São Silvestre.



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A bravura dos grandes navegantes

No dia seguinte à empreitada, enquanto escrevo este relato, lembrando de cada detalhe, nem tudo me parece real. Na tarde deste dia 1º de janeiro de 2007, passeamos de carro pela cidade e fiz questão de percorrer alguns trechos do percurso. Andar na Rio Branco de ponta a ponta me fez incrédula. Corri mesmo tudo isso?

Correr a São Silvestre pela primeira vez reeditou em mim uma sensação que só tinha tido uma vez, após o parto do meu filho. A percepção de ter vivido algo grandioso e único, com uma necessidade premente de registrar o maior número possível de impressões, com medo de perdê-las nos desvãos da memória, retendo-as como se para vivenciá-las novamente. Ou, como lembro de ter escrito ao meu médico nos dias seguintes ao parto, como se tivesse vivido o último dia de aulas do último ano do curso: aquela certeza de que podem vir ocasiões igualmente importantes e marcantes, mas que nenhuma será como aquela. De forma bastante pretensiosa, acho que era assim que os desbravadores se sentiam, quando se lançavam ao mar e chegavam a algum lugar nunca visitado antes. De maneira ainda mais cabotina, chego a pensar que meu assombro ainda é maior, posto que nem sempre os navegantes tinham consciência de suas próprias façanhas.

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Gracias a usted!

Um registro final, na forma de agradecimento ao meu treinador, Zé Eduardo Pompeo, da Equipe Conexão. As planilhas enviadas quinzenalmente pelo Zé me prepararam para a prova, mas um detalhe foi fundamental nesta etapa. Certa vez, durante um treino, ele mandou que eu parasse a esteira e me mostrou como eu pisava errado. Notou que eu, bem mais leve que ele, fazia mais barulho ao “aterrissar”. Ensinou o jeito certo de dar a passada. De um dia para o outro, nunca mais tive bolhas nos pés. Minhas dores “de dia seguinte” também diminuíram drasticamente e meu tempo melhorou. Obrigada também ao professor Alexandre Cepeda, da Musculação da Runner. Junto com o Zé, ele venceu minha resistência inicial. Os dois traçaram um plano pelo qual eu dedicava dois dias da semana apenas à musculação, sem corrida. Eu não me conformava com a idéia de sair “seca” da sala, sem o suor típico dos treinos aeróbicos. Pois eles me dobraram e eu logo notei a melhora nos resultados. Por fim, mas não menos importante, um agradecimento a três pessoas: meu amigo Tales, que na semana anterior da prova me estimulou muito via MSN Messenger, e meus queridos “meninos” lá de casa, pelo apoio incondicional.

E para o pessoal do blog, nada? Claro que também agradeço por todas as manifestações de apoio, sugestões de frase e desejos de boa sorte. E espero incentivar pelo menos mais alguém a entrar para o time dos corredores de rua desta cidade e de qualquer parte do planeta. Corre, gente, corre!

29 comments:

Alessandra Alves said...

estou à espera dos sites especializados em fotos de corrida, para ver se algum deles tem foto minha em ação. se der sorte de encontrar, coloco aqui assim que puder.

joanarizerio@gmail.com said...

alessandra, que lindo! sabe que no dia 31, liguei a tv bem no minuto em que a prova começava e me lembrei de você. pensei "a alessandra está correndo agora". e torci pelo seu sucesso. imaginei tudo do jeito que você descreveu! e, agora, ao ler este testemunho, senti o marejar de olhos que frequentemente essas provas esportivas me causam - marejar é apelido, porque quase sempre eu choro mesmo! fico até com vergonha, escondo o choro, nunca vi ninguém ficar assim.
ginástica rítmica, judô, corrida, olimpíadas, tudo isso me deixa emocionada, talvez pela vontade de sentir também o que imagino ser das maiores emoções na vida de um ser humano, superar barreiras físicas.
adorei a frase da sua camisa. me lembrou um livro que estou lendo(estou no início), dicionário amoroso da américa latina, de mario vargas llosa, tudo a ver com o que você viu traduzido nas feições andinas, no percurso da prova. somos todos iguais e insistimos em pôr "essas cercas embandeiradas que separam quintais", como disse raul seixas. acho que você vai gostar muito deste livro, em que o autor conta que precisou ir para paris para se sentir um latino americano.
falei demais! beijos carinhosos e tudo de bom sempre, madrinha! rs

Anonymous said...
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Anonymous said...

Legal, Alessandra. Muito bom!
Corridas de fundo são na verdade, uma corrida contra nós mesmos, contra a vontade de parar, contra o medo de não conseguir.
Por isso é que todos os que chegam, são vitoriosos, como você mesma já disse.
Valeu, Alessandra!

André Gonçalves said...

me deu uma inveja...
uma inveja boa.
até o ano passado,aliás, até dezembro de 2005, eu corria 8, 10 quilometros por dia.
a preguiça e a vida me deixaram meio fora de forma.
mas seu teto deu uma vontade danada de voltar...
e colocar como meta para o reveillon dos 40 (que faço em 2008): completar a são silvestre.
beijo, feliz ano-novo.

André Gonçalves said...

teto=texto, obviamente... rs rs

Alessandra Alves said...

joana: ai, querida, então somos duas! eu também deixo cair lagriminhas em tudo quanto é esporte. aquela daiane dos santos é uma covardia para mim: é ver e desaguar. não explicitei no texto mas vou falar aqui - a emoção de correr a são silvestre me deu vontade de chorar por várias vezes. na largada, contive, com medo de perder a concentração, mas foi de arrepiar. especialmente quando vi a paulista cheia de gente aplaudindo, tantos lugares familiares, conjunto nacional, "meus"lugares. depois, quando passei pelo othon, também tive vontade de chorar. na chegada, a emoção foi grande, mas eu estava tão eufórica que não tive vontade de chorar. queria comemorar, abraçar alguém. obrigada pela torcida, querida!

vou passar uma semana fora, a partir de sábado que vem, e estava justamente pensando em que livro levar. o vargas llosa era uma das opções, assim como saramago (o ano da morte de ricardo reis). mas agora o peruano está com um corpo de vantagem, né?!)

paulo: é isso mesmo. ao mesmo tempo em que é um esporte de multidão, é uma prática absolutamente solitária. é você contra você e seus fantasmas. sinto, em grande medida, que corro para me provar, me desafiar, não apenas na pista, mas na vida, para me atestar capaz de superar, agüentar, suportar todo o resto. é como se, em momentos de dificuldade e desânimo, eu me lembrasse da chuva, da subida da brigadeiro e me dissesse: "levanta, mulher, você é capaz!".

andré: que bom! venha! run, andré, run! mas por que só em 2008? vambora, rapaz!

Anonymous said...

Oi Alê, parabéns! De você não esperava nada menos que isso, completar a prova inteirona...
E o texto é demais...

joanarizerio@gmail.com said...

o dicionário amoroso? mesmo?
se for uma das opções, não hesite. você vai adorar mesmo. boa leitura!

Anonymous said...

Excelente descrição da prova Alessandra; pude quase conhecer as entranhas de Sampa sem estar lá.

Não fique chateada com seu tempo em comparação aos profissionais - eles vivem disso, ora! - o importante é cumprir os objetivos pessoais tratados. Esses dias, estava eu pedalando numa média considerada (por mim) muito boa, nesse instante, passam por mim dois ciclistas que juro que tinha algum motorzinho de mobilete escondido em algum lugar das bikes: até nas longas subidas os pedaleiros mantinham uma ótima velocidade.... aí pensei no óbvio, não adianta, sempre terá alguém melhor e mais forte para provar a nós, que não somos a última bolacha do pacote. Tentei acompanhar eles alguns minutos pelo trajeto mas acabei voltando ao meu modesto (agora tinha percebido) ritmo.

Tudo bem, faz parte do esporte, esse ano já me planejei em percorrer o circuito de enduro de regularidade sem grandes pretensões, apenas para sentir o frisson e o gosto de vida que só o esporte proporciona.

Abraço!

Alessandra Alves said...

a prova: acessem aqui e vejam fotos minhas em ação (as do blog estão legais, mas estas provam que eu corri mesmo!)

http://www.webrun.com.br/fotos/index.php?destino=foto_busca_result&mdireito=nao&tipo=foto&nome_evento=S%E3o+Silvestre+2006%7C31%2F12%2F2006%7CS%E3o+Paulo%7CSP&id_produtos_eventos=138&campo_busca_por_nome=Nome&campo_busca_por_equipe=Equipe&tipo_busca=busca_por_numero&str_busca=16010

Alessandra Alves said...

cy: obrigada!

joana: é esse mesmo. vargas llosa agora com dois corpos de vantagem!

gustavo m.: você disse tudo. eles vivem disso, nós, não. mal e mal encaixamos nossos treinos maluca e quixotescamente entre nossos cotidianos atribulados. tem outro detalhe importante também. a lucélia, que ganhou, tem 25 anos. eu tenho quase 37! ela deve correr desde criança. eu comecei a correr com 31! somando isso tudo ao fator genético, tenho mais é que estar feliz pelo meu tempo de 1h22, né?

Anonymous said...

Quando eu vi que a corrida foi com chuva eu lembrei de você... E que pelo menos não tinha passado calor!

Sobre navegações e desafios eu gosto daquela do Fernando Pessoa, se questionando sobre o quanto do sal são lágrimas de Portugal:

[i]Se vale a pena? Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Deus ao mar o abismo e o perigo deu, mas é nele que se espelhou o céu![/i]

Anonymous said...

Eita! Parabéns Alessandra!

Anonymous said...

Parabéns Alessandra! Pela corrida e pelo belo texto que nos emociona. Um abraço

Pedro Alexandre Sanches said...

sensacional, alessandra, sensacional! especialmente pela integração entre os povos latino-americanos por intermédio de uma despretensiosa camiseta!...

Anonymous said...

Alesandra, com minhas saudações pela participação na SS, receba meus sinceros votos de saúde e paz a vc, seus dois meninos, a toda familia e aos leitores do blog neste 2007 que se inicia.
Na leitura do texto, legal pacas, firmei o calcanhar sobre o chão escorregadio e úmido, fechei e apertei os olhos em busca de um inexistente cisco e me embriaguei com as gotas d´água a refrescar o cansaço que, quase ao final, percebi que não tinha.
Que talento, garota!!!!

Anonymous said...

Mano,

Fantástico. Tenho mais lágrimas agora do que palavras.
Esta sensação de repassar pelo caminho depois de carro é muito legal mesmo. O trecho da São Silvestre eu só fiz de bicicleta. anos atrás. Mas o esporte é realmente o máximo.

Gostaria de ressaltar que determinação e disciplina são o cerne neste exemplo seu. Entre apostar em você ou no meu deboche em 1999, as apostas seriam no deboche.

Põe uma foto sua daquela época.

Anonymous said...

Primeiro, a forma. Aquele texto solto, fluente, rápido, preciso. Tudo que eu precisava na Redação.

Está cada vez melhor.

Depois, o conteúdo. De uma beleza inenarrável. Melhor: narrável (existe) apenas por AA.

Impressionante, esta moça.

L'Author

Alessandra Alves said...

gente, rapidinho!

desculpem pela ausência, mas são 51 semanas de trabalho contra uma única de descanso. estou nela!

obrigada a todos, depois comento um a um, como merecem.

volto na semana que vem com comentários fortemente impressionados por esse contraste entre a natureza bela e a sociedade desigual desta esplendorosa maceió. até lá!

Anonymous said...

Oi, Alessandra. Deixa mudar um pouco meu estilo repetitivo: se estiver por enquanto complicado, por carência de tempo, escrever um livro, que tal considerar a hipótese de publicar tuas crônicas? Sim, porque teu blog é uma saborosa coletânea de crônicas. Esta está imperdível. Fez a gente correr com voce. Até a raiva do gordalhão vai custar pra passar. Eu só não iria gritar "Viva o Timão", mas faz parte. No mais, deixa comentar que pensei a mesma coisa que tua afilhada Joana(que sintonia, hein, Joana?): a Alessandra está correndo! Como eu não poderia saber se estava mesmo, torcia por duas coisas: tomara que ela esteja e tomara que ela termine a prova. Ganhei nas minhas duas torcidas. Ah, pra começar 2007: Billie Holiday, "I´ll be seeing you".

Anonymous said...

Hmmm, eu gostei desse negócio sobre Maceió... Eu passei 2 dias na Mina de Brucutu, a maior usina de ferro do mundo.

A mineração deve ser a segunda profissão mais antiga do mundo. Humanamente falando deve ser a primeira, já que a história surje na pedra lascada... Ou seja, na mineração. É uma experiência interessante estar num lugar tão humano, mesmo não significando exatamente o que querem que signifique. Um ser canino não pode deixar de ser canino, um ser humano? pode? Em quais sentidos? Eu não sei a resposta.

Eu só sei que pelo menos na mineração não há miséria na natureza. Se petróleo acaba nesse século, até onde se sabe a mineração de ferro, somente em Carajás tem mais 500 anos! E há evidências que há muito mais!

Mas depois falo do "choque" social que a maior usina de minério de ferro no mundo causou na região.

Alessandra Alves said...

mais um link de foto (no viaduto do chá, vejam que legal!):

http://www.sportclick.com.br/x/8451.jpg

Alessandra Alves said...

edu: valeu muito a pena, sim. hoje, de volta ao trabalho em ritmo quase normal, passei pelo viaduto treze de maio, por cima da brigadeiro e dei minha costumeira olhadinha para a direita, em busca do espigão da paulista. foi legal ter visto o prédio azul e branco, quase n esquina da brigadeiro com a paulista, e saber que foi até fácil chegar lá.

valeria: obrigada!

ulysses: obrigada! obrigada!

pedro: pode ter certeza de que a inspiração para a camiseta também teve ecos das discussões de sua janelinha vermelha. se representei a opinião e as esperanças de muitos de nós ali, com essa humilde camiseta, fico orgulhosíssima!

mario lago: agora corei! obrigada, amigo!

gustavo: brou, você sabe o quanto sua frase foi motivante, ainda que o cerne da realização seja mesmo disciplina e auto-confiança. obrigada! duvide que vou fazer a maratona de ny, agora! quem sabe?

l´author: assim você me deixa tímida...

mauro: só entre nós, não espalhe. nas metas para 2007, está a de começar a escrever meu primeiro romance. cobre-me, por favor! sempre, amiúde, com autoridade!

edu: vixe, acho que vamos deitar e rolar nos comentários sobre maceió. até o meio da semana sai, aguarde!

Alessandra Alves said...

em tempo: joana, acabei optando por outro do vargas llosa, "travessuras da menina má", mas ainda não li. depois falamos.

Anonymous said...

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Olá, blz, desculpa invadir o seu espaço, achei o seu blog na net e queria lhe parabenizar pelo blog, informo que sou maratonista e gostaria de divulgar a minha página de corridas www.flogao.com.br/jmaratona e gostaria que vc fosse lá dar a sua opinião a sua presença lá é muito importante para mim.

Um abraço,

JORGE

Andréa said...

Wow, que lindo, que emocionante!! Parabens, Alessandra! Excelente exemplo e feliz ano novo! Beijao.

Anonymous said...

Cara Alessandra, como viciado em sites de F1 e carros, ver um relato como esse de uma corredora da São Silvestre, prova esta que assisti do meu sofá na praia, após ter andado uns 4 kms na beira mar, vai me fazendo pensar ainda mais que...preciso realmente voltar a andar e se possivel correr, pois creio, que tabem posso.
Abraços,
Anselmo,de São Bernardo do Campo

Anonymous said...

Que demora para fazer um comentário não?
Mas você sabe da guerra da sua mãe versus computador.
Algum dia eu aprendo a ser mais räpida.
Que fantástica a sua descrição da São Silvestre,o fluir das palavras, me fez sentir como se eu estivesse passando por todos aqueles lugares da nossa cidade.
Que orgulho eu sinto da minha menina!
Da minha pequena! (pequena?)É a maioooooooor!
Força,capacidade,inteligência,talento,coragem,sensibilidade e chega,porque mãe falando parece suspeito
E como vocês falam que mãe é tudo igual só muda o endereço.
Aí vai uma cobrança de mãe."Quando vai escrever o livro?
Beijinhos.
Mamy


Mamy.