Thursday, October 29, 2009

Petrodólares


Primeiro, foi o Bahrein. Ainda assim, resisti. Mas com tantas referências a Abu Dahbi, desisto. A Fórmula 1 definitivamente me fez ressuscitar na memória um jogo de tabuleiro chamado "Petrópolis", que eu jogava com meus primos quando era criança.

Bahrein, Abu Dhabi, Omã... Durante muito tempo, esses nomes eram apenas quadradinhos na minha lembrança. Neles, se tivéssemos alguns petrodólares, podíamos colocar torres de petróleo. Quando tínhamos mais dinheiro ainda, trocávamos as torres por plataformas.

Petrópolis, para quem não conheceu ou não se lembra, nada mais era quem um "Banco Imobiliário" ambientado no ramo petrolífero. A dinâmica era exatamente a mesma. Eu gostava mais do "Petrópolis" que do "Banco Imobiliário" por uma questão estética bem fútil - as torres prateadas e as plataformas douradas do "Petrópolis" me pareciam bem mais bonitas que as casinhas verdes e os hotéis vermelhos do "Banco Imobiliário". Além disso, o tabuleiro do "Petrópolis" era preto, o que fazia um contraste interessante com esses outros elementos.

O jogo, se bem me lembro, era da minha prima Claudia. O quarteto constante em torno do tabuleiro éramos eu, ela, sua irmã Debora e outro primo nosso, o Paulo. "Petrópolis" rendeu histórias inesquecíveis para mim. Claudia pronunciando "Omã" em voz alta e minha tia, lá da cozinha, respondendo: "O que é, Claudia, fala!" Paulo saindo para ir ao banheiro e nós duas - eu e Claudia - nos lançando febrilmente contra o banco, cheinho de petrodólares. Ah, desculpe... O Paulo era muito malaco em qualquer jogo. Nós tínhamos forte suspeita de que ele tinha roubado uma das notas de 500 mil petrodólares, cor de vinho, e não tivemos pudor em repor nosso prejuízo, lançando mão de várias notinhas de 100 mil, as beges.

Abu Dhabi saiu do tabuleiro para o calendário da Fórmula 1. Pelo que li, especialmente nos relatos do Ico, o prateado das torres e o dourado das plataformas espalhou-se e multiplicou-se em opulência naquele emirado. Amanhã, os carros irão para a pista, sem maiores atrativos além de definir quem será o vice-campeão. A tradição do local em automobilismo é nenhuma. Como a do Bahrein, da Malásia, da China, da Turquia. Eles não têm pilotos bons, mas têm dólares. Petrodólares, no caso. Isso, há muito tempo, eu e meus primos sabemos que conta muito.

5 comments:

Ron Groo said...

Eis aí um jogo que eu nunca tinha sequer ouvido falar...

Olha, não é nem por conta da falta de um interesse maior no campeonato, que já está decidido, que não venho me empolgando com esta corrida.
Tanto que venho chamando de GP de Abumdabe.

Achei tudo muito monotono nos videos que vi de lá, com o primeiro sobrinho pilotando.
Mas vamos lá, vamos ver. as vezes às aparencias enganam.

foca said...

olha, esse não conhecia, joguei muito o bom e velho banco imobiliário. penso que esses autódromos planejados por escritórios de design em lugares exóticos e absurdos, lembram muito as primeiras versões do Test-Drive e Need for Speed, que tinham pistas totalmente fantasiosas mas tratava-se de um game. daqui a pouco vão fazer pistas com um looping como no filme do Speed Racer...
dá saudade daquele traçadão antigo de interlagos.

niltonhc said...

Huahuahua... "Omã" e sua tia respondendo... impagável...

Anonymous said...

Hahahaha, "Omã" foi muito boa...

Esses circuitos não durarão muito tempo. Falta tradição. A Malásia, por exemplo, está há 10 anos na categoria e continua não significando nada.

**Marceli said...

meu Deus, Alessandra..., quanta saudade senti agora, eu tinha esse jogo! era dos meus primos e passaram pra mim(que nasci nos anos 90),eu tinha esse jogo, muita nostalgia agora....! muito emocionante!